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Agricultura moderna: conheça as tecnologias que fazem parte do campo

Seguindo caminhos que buscam otimizar a produção, a agricultura moderna vem trazendo tecnologias capazes de agregar sustentabilidade no campo

A agricultura moderna pode ser compreendida como o modelo de produção que incorpora grande acervo de tecnologia e conhecimento relacionados à produção agrícola. A conexão entre agricultores, pesquisadores e indústria é crucial para se trabalhar pelo desenvolvimento de ferramentas e estratégias que elevaram a produtividade num padrão sustentável.

Várias práticas ou tecnologias utilizadas no Brasil demonstram o quanto nossa agricultura pode ser produtiva sem prejudicar ou até mesmo trazer benefícios ambientais. As práticas conservacionistas do plano da Agricultura de Baixo Carbono (ABC) contribuem com a redução da emissão de gazes causadores do efeito estufa (GEE).

O crescimento do uso de produtos biológicos nas lavouras dentro do Manejo Integrado de Pragas (MIP) também vem agregando sustentabilidade à agricultura. Além disso, a biotecnologia e seus ganhos ambientais, práticas de irrigação que economizam água também seguem o caminho da preservação. E, particularmente no Brasil, contamos com legislações ambientais rigorosas que o produtor deve seguir para proteger nossa vegetação nativa.

 

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Quer entender mais sobre esse assunto? Continue lendo este texto e conheça como a agricultura moderna vem se transformando nos últimos anos.

Um caminho de transformação para a agricultura moderna

Desde que o homem passou a cultivar cereais para sua alimentação, a maneira de produzi-los foi evoluindo até chegar na agricultura moderna que conhecemos hoje.

Hoje os agricultores planejam sua produção com o apoio de sementes tratadas e melhoradas geneticamente. Além disso, empregam equipamentos para operações no campo e instrumentos que monitoram o desenvolvimento das plantas. Portanto, tudo muito diferente do que se empregava há séculos.

Com isso, os tipos de agriculturas podem ser contextualizados em duas fases principais:

Primeira: agricultura de sistema extensivo (agricultura tradicional ou de subsistência), era a principal forma de se cultivar plantas há milhares de anos. Desenvolvida e adotada por antigas civilizações e comunidades indígenas. Tinha como forma de se produzir alimentos a mão de obra direta. Logo, não havia intervenção de maquinários no processo de produção.

Segunda: é a que conhecemos como agricultura moderna (sistema agrícola intensivo) e que surgiu na primeira fase da Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX). Esse modo de produção baseia-se na utilização de energia elétrica, sendo mais profissionalizada e com maiores índices de desempenho em colheita de safras.

 

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O que é agricultura moderna?

Damos o nome de agricultura moderna para a prática realizada no campo conduzida de maneira tecnificada e estruturada. Para isso, o agricultor faz uso de diversas tecnologias, insumos e planejamentos, tendo como objetivo principal abastecer diversos mercados. Além disso, a agricultura moderna visa melhorar o desenvolvimento de plantas cultivadas, reduzindo o uso de recursos naturais.

Com isso, o processo de inovação na agricultura tem sido cada vez mais acelerado. Nele observamos a substituição da tração animal por máquinas a gasolina, acompanhamos os avanços em pesquisas de melhoramento genético de plantas. Também, contamos com o desenvolvimento de fertilizantes, defensivos e outras estratégias para o controle de pragas e doenças.

No entanto, ainda realiza-se a agricultura tradicional em pequenas propriedades. Ela geralmente se destina à subsistência das famílias que praticam o cultivo, sem comercialização em larga escala e baixo emprego de insumos.

 

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Agricultura moderna e uso de terras

A agricultura moderna foi crescendo e com ela o uso de terras. Porém, é importante mencionar que essa análise não considera as proporções de aumento de produção em relação à terra empregada.

Mesmo assim, é verdade que nos anos pós revolução industrial tivemos uma rápida expansão da atividade agrícola global. Todavia, tal expansão foi necessária para acompanhar o crescimento e desenvolvimento da população mundial.

Mas essa expansão da agricultura para novas áreas tem diminuído constantemente, principalmente nos últimos 50 anos. O mais interessante é que, apesar dessa redução, nossas terras agrícolas continuam a fornecer alimentos e outros produtos para a população humana que continua crescendo.

Nos últimos 40 anos, enquanto a produção de grãos aumentou aproximadamente 5 vezes. A de área de plantio para seu cultivo não chegou a dobrar no mesmo período.

Por um conjunto de avanços tecnológicos se possibilitou o aumento de produtividade da terra. Esses avanços compreendem desde novas sementes, insumos e maquinários, assim como diferentes estratégias para o manejo da terra.

Agricultura moderna e práticas sustentáveis de produção

Algumas técnicas e ferramentas são tão importantes para a agricultura que hoje não conseguimos distinguir o quanto são exclusivas da agricultura moderna. Cabendo citar:

 

 

Sementes de alto rendimento resultam da agricultura moderna

Uma das principais inovações na agricultura moderna se deu com os avanços na engenharia genética que melhoraram nossa compreensão sobre o desenvolvimento das plantas. Isso permitiu que os melhoristas vegetais (pesquisadores) desenvolvessem culturas de alto desempenho.

Com base nesse conhecimento, foram desenvolvidas cultivares com características desejáveis, como tamanho, rendimento e resistência a pragas e doenças. Com isso, plantas geneticamente melhoradas de milho, trigo e arroz foram adotadas em todo o mundo nas décadas de 1950 e 1960.

Até os anos 2000 desenvolveram mais de 8 mil variedades melhoradas para as 11 principais plantas cultivadas no mundo. A adoção dessas plantas aprimoradas elevou a produção em 21% em todos os países em desenvolvimento entre 1961 e 1980. Já no período de 1981 a 2000, o crescimento da produção foi de até 50%.

 

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Nos últimos anos a biotecnologia tem acelerado o melhoramento genético de plantas. As técnicas utilizadas na biotecnologia permitiram o desenvolvimento de culturas a partir da introdução de genes (exóticos ou endógenos). Esses genes estão relacionados não só com o aumento da produtividade, mas também com a tolerância a seca, resistência a pragas, doenças e aos herbicidas.

Além disso, com a precisão da biotecnologia moderna é possível desenvolver plantas para serem utilizadas em solos cuja presença de alguns nutrientes foi reduzida. Por exemplo, em muitas regiões produtoras de arroz, a falta de fósforo limita o desenvolvimento da planta. A introdução de um gene que melhore o desempenho da planta em utilizar esse nutriente possibilitará que a produção de arroz se mantenha nessas regiões.

Por isso, afirmamos que na agricultura moderna, as sementes (ou mudas) são de alto rendimento, pois possuem características que as tornam menos vulneráveis às adversidades.

Insumos químicos e biológicos para proteger as plantas na agricultura moderna

A agricultura moderna se sustenta pelas inovações tecnológicas, promovendo investimento constante na seleção das melhores toxinas, enzimas ou hormônios para o controle de pragas. As inovações também estão presentes no desenvolvimento de sistemas práticos de produção e distribuição, reduzindo o impacto desses produtos no meio ambiente. Com isso, as moléculas mais modernas:

Ainda, quando analisamos o desenvolvimento de um defensivo agrícola, verificamos que grande parte dos investimentos estão concentrados nos estudos toxicológicos e ambientais. Tal fato é decorrente da priorização em produtos que garantam maior segurança para a saúde humana, animal e meio ambiente.

 

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A estimativa de perdas na produção por pragas e doenças nas culturas agrícolas do mundo é de 10 a 40%, de acordo com estudos realizados nos últimos anos. Em razão disso, o desenvolvimento dos defensivos foi e continua sendo de grande importância para a proteção das plantas. Seja de origem química ou biológica, eles são capazes de prevenir perdas de produtividade decorrentes do ataque de pragas e doenças. Em relação ao passado, pode-se dizer que os pesticidas permitiram melhorias marcantes na produção de alimentos e nos padrões de vida das pessoas.

O controle biológico na agricultura moderna

Os defensivos químicos não são os únicos protetores de plantas. A cada ano, o controle biológico assume uma importância cada vez maior na agricultura moderna, principalmente por ser uma estratégia indispensável no MIP.

A bactéria Bacillus thuringiensis (Bt) utilizada por décadas para controlar insetos da classe Lepidoptera, tem sido aprimorada em formulações mais eficientes de biopesticidas.

Como consequência, a adoção de produtos biológicos tem crescido em ritmo acelerado no Brasil e no mundo. Cabe citar os principais benefícios dessa tecnologia:

Inclusive, a partir de 2013, a adoção de produtos biológicos já foi responsável por salvar a lavoura de diversas culturas, como milho, soja, algodão, arroz, batata entre outras, que foram atacadas por uma praga (Helicoverpa armigera) sem controle.

Na agricultura moderna, os defensivos, independente da origem do seu princípio ativo (químico ou biológico), devem ser usados em conjunto. Isso garante maior eficiência no controle e menor risco de seleção de pragas resistentes a um determinado produto. Dessa forma, é possível alcançar o controle adequado de doenças e pragas e diminuir a velocidade de perda de tecnologias eficientes.

 

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Sistemas de irrigação para a agricultura moderna

A água é fundamental para qualquer lavoura, afinal, nenhum tipo de cultura é capaz de crescer e desenvolver todo o seu potencial sem o aporte hídrico adequado. Por isso, o desenvolvimento de um sistema de irrigação adequado e eficiente é priorizado na agricultura moderna.

Um dos motivos do aumento de produtividade é que a irrigação permite que os agricultores estendam o período de produção para as estações mais secas. Assim, uma mesma área se torna produtiva por mais tempo. Essa estratégia favorece, inclusive, os pequenos produtores que, com um sistema de irrigação adequado, conseguem aproveitar melhor a terra, produzindo alimentos durante o ano todo.

A agricultura moderna prioriza o uso otimizado da água. Para isso tem se investido em pesquisa e desenvolvimento de sistemas de irrigação inteligentes. Esses sistemas são associados a sensores e softwares de análise de dados que podem tornar o consumo de água mais eficiente.

Monitoramento e uso adequado de insumos

A disponibilidade das tecnologias, incluindo as grandes melhorias na mecanização da agricultura moderna, não seria tão eficiente sem um bom planejamento.

Atualmente, os maquinários são fundamentais para garantir o sucesso da produção agrícola de alta precisão. São eles que realizam o preparo do solo, irrigação, semeadura de sementes, sistemas de colheita, adubação e, muitas vezes, o monitoramento e controle de pragas.

Para o melhor aproveitamento de todas essas inovações, tem se investido em um conjunto de tecnologias digitais de ponta (a exemplo de sensores e softwares). Essas tecnologias têm o objetivo integrar os equipamentos e maquinários que são utilizados no campo.

 

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Com a incorporação da “Internet das coisas” na agricultura, por exemplo, o produtor consegue obter informações exatas sobre fatores que afetam sua produção. Dentre eles, o consumo de água, monitoramento de pragas e doenças, uso de fertilizantes, insumos e defensivos químicos e biológicos. Os sensores de umidade, além de serem utilizados para controle do consumo de água, podem ainda indicar o momento correto para a pulverização de defensivos.

A conexão entre as diferentes tecnologias e equipamentos também favorece a adoção MIP, uma prática preventiva incentivada dentro da agricultura moderna. Além disso, ajuda na preservação de tecnologias, do meio ambiente e auxilia diversos agricultores a superarem os desafios do campo.

Assim, o agricultor pode tomar uma decisão sobre qual a melhor forma de utilização dos insumos, visando seu maior aproveitamento e diminuindo os impactos ambientais.

No Brasil, a agricultura moderna segue rígida legislação ambiental

Além das práticas e tecnologias desenvolvidas para a agricultura moderna, normas e legislações devem ser seguidas. Assim, a utilização da área para a agropecuária passa a ser mais consciente para preservar nosso solo, a biodiversidade e os recursos hídricos.

A Lei 12.651 de 25 de maio de 2012 foi instituída no Brasil para melhor proteger o meio ambiente e preservar a nossa vegetação nativa. Essa legislação também é conhecida como Código Florestal Brasileiro. Cada vez que uma área coberta por vegetação nativa do Brasil fica exposta a outro tipo de ocupação, é necessário seguir rigorosamente essa legislação.

 

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Desafios e Perspectivas

Mesmo com toda a inovação tecnológica, a agricultura moderna não está livre das ameaças relacionadas às mudanças climáticas. Estudos tem demonstrado que o impacto das alterações climáticas globais tem afetado culturas agrícolas, causando entre 3,5% e 13,5% de perda no rendimento. Das culturas estudadas incluem cevada, mandioca, milho, dendezeiro, colza, arroz, sorgo, soja, cana-de-açúcar e trigo.

Para que as mudanças climáticas não causem a estagnação da produção ou até mesmo sua diminuição, é importante investir em medidas que possam contornar os seus impactos. Nesse sentido, é necessário desenvolver tecnologias que permitam alta produtividade em terras já cultiváveis.

Frente às mudanças climáticas se espera que o melhoramento genético desenvolva “sementes inteligentes para o clima”. Ou seja, plantas com melhor eficiência fotossintética e fixação de nitrogênio. Além disso, dentre tantas estratégias, o emprego da biotecnologia no desenvolvimento de plantas adaptadas à agricultura vertical, pode ser promissor.

Nesse novo momento em que vivemos, a agricultura está mais próxima dos consumidores. Afinal, estamos cada vez mais interessados pela forma com que os alimentos são produzidos. Com isso, as soluções atreladas à sustentabilidade representam o caminho natural da agricultura moderna.

 

 

 

Principais fontes:

Ray DK, West PC, Clark M, Gerber JS, Prishchepov AV, Chatterjee S (2019) As alterações climáticas provavelmente já afetaram a produção global de alimentos. PLoS UM 14(5): e0217148. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0217148

Ramankutty, N. et al. Trends in Global Agricultural Land Use: Implications for Environmental Health and Food Security. Annual Review of Plant Biology, 2018.

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