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Sustentabilidade marcou as discussões sobre produção de alimentos em 2021

A pandemia do coronavírus impactou fortemente o mundo. Vivemos uma crise sanitária sem precedentes nos últimos dois anos e, para superá-la, contamos, especialmente, com a ciência. Foi a partir de descobertas científicas que aprendemos sobre o vírus, desenvolvemos as vacinas e seguimos inovando para combater as novas variantes da COVID-19. 

Ao mesmo tempo, o período foi marcado por uma intensificação dos temas relacionados à sustentabilidade. Em 2021, o Brasil ratificou o Protocolo de Nagoya, mostrando sua preocupação com o uso da biodiversidade e também assumiu compromissos no Pacto de Glasgow, principal documento relacionado à redução do aquecimento global da vigésima sexta Conferência das Partes (COP26). Ainda, em conformidade com o maior enfoque na sustentabilidade, a atenção às tecnologias aplicadas no campo cresceu juntamente com aprimoramentos regulatórios, aprovações e procedimentos voltados à produção agrícola sustentável. Vivemos um movimento global de transformação dos modelos de produção e direcionamos esforços para a inovação que atende às demandas de hoje sem perder o olhar para as gerações futuras. 

Assumimos compromissos em nome de um sistema alimentar sustentável 

O cenário de pandemia impactou diretamente a economia e como consequência, intensificou o quadro da fome. A disponibilidade e distribuição de alimentos evidenciou as desigualdades sociais.  Percebemos de forma muito mais clara o quanto estamos conectados. Sentimos na pele, como a crise em um setor impacta imediatamente outras regiões do mundo. 

Não foi por acaso que em 2021, as discussões sobre os sistemas alimentares foram intensificadas. Afinal, o conceito de sistema alimentar abrange todas as etapas até a chegada do alimento para cada população, incluindo o descarte de resíduos alimentícios. Um sistema alimentar sustentável precisa garantir segurança alimentar e nutricional para todos, sem comprometer os recursos econômicos, sociais e ambientais para as futuras gerações. Por isso, uma a pergunta recorrente em 2021 foi:  Como podemos alcançar um sistema alimentar sustentável?

A construção de sistemas alimentares sustentáveis envolve o fortalecimento dos elos da produção, aumentando as oportunidades econômicas e sociais nos setores agrícola e alimentar, por meio de empregos e produção em fazendas além de empresas de apoio à agricultura, processamento, transporte, comercialização, distribuição e varejo de alimentos, juntamente com outras áreas relacionadas.

A transformação nos sistemas alimentares pode começar nas comunidades locais e/ou regionais. Por exemplo, o projeto Ligue os Pontos, da cidade de São Paulo, construiu uma rede que conecta a cadeia de alimentos de uma forma circular. O governo proporciona assistência técnica para agricultores que produzem dentro dos princípios da agricultura regenerativa. Para a distribuição dos alimentos, foi criada uma logística que prioriza feirantes e restaurantes mais próximos. Além disso, as sobras de alimentos são levadas para locais de compostagem e o resultado da compostagem retorna aos agricultores, servindo de adubo em suas lavouras.

No contexto mundial, um outro exemplo merece destaque. Ao final de julho de 2021 na reunião da Pré-Cúpula de Sistemas Alimentares, 31 nações, incluindo Brasil, Estados Unidos, Argentina, Paraguai, México, Guatemala, Canadá e Chile, fizeram história no setor agrícola ao assinarem um documento com posição unificada em defesa dos sistemas agroalimentares locais, destacando compromissos e práticas sustentáveis da sua produção agropecuária. 

A agricultura moderna é parte da solução para alcançarmos sistemas alimentares sustentáveis 

A sustentabilidade na agricultura contempla práticas e produtos que atendam às demandas atuais sem comprometer os recursos das gerações futuras. Para isso, a agricultura moderna já se mostrou uma importante aliada.

A agricultura moderna tem sido responsável por conectar conhecimento tradicional a um grande acervo de tecnologias. Apenas para ilustrar, esse modelo incluiu a inovação do controle biológico em produtos biológicos, a biotecnologia elevando a produtividade e promovendo práticas conservacionistas do solo, além do “digital” que monitora a biodiversidade do campo para garantir que a aplicação de insumos seja realizada no momento e na dose certa, propiciando maior economia, conservação e rentabilidade.

Gráfico sobre a Agricultura Moderna

Por isso, o às novas tecnologias por pequenos, médios e grandes produtores tem se mostrado uma excelente estratégia para alcançarmos a segurança alimentar e a segurança dos alimentos

Quanto mais tecnologias inovadoras maior será a sustentabilidade agrícola

O setor de biodefensivos, teve em 2021, 77 novos produtos registrados para o controle de pragas e doenças. Em 2020, já se identificou o crescimento no número de registros desses produtos, quando tivemos o recorde de 95 biológicos com potencial de chegada ao mercado nacional. Esse número reflete o maior interesse por produtos cada vez mais sustentáveis no campo e a necessidade de integração de tecnologias para a superação dos desafios da agricultura. Reforçando esse contexto, em 2020, o Brasil publicou o decreto N° 10.375, criando Programa Nacional de Bioinsumos (PNB), com o objetivo de contribuir com o desenvolvimento e a regulamentação de produtos de origem biológica.

Gráfico dos produtos biológicos registrados

Já no setor de defensivos químicos, não houve aprovação de um número expressivo de novas tecnologias. Foram registrados 243 novos produtos em 2021. Mas, se observarmos no detalhe veremos que: 55 são Produtos Formulados (PF), ou seja, produtos que utilizam ingredientes ativos que já haviam sido registrados ou mistura desses ativos, apresentando nesse registro novas formulações; 178 são Produtos Formulados/ Produtos Técnicos Equivalentes (PF/PTE), que correspondem aos produtos “genéricos” ou chamados também de ‘pós-patente’, ou seja, produtos comerciais que possuem ingredientes ativos que já haviam sido registrados anteriormente no Brasil e perderam a patente. Somente 10 são Produtos Formulados Novos (PFN), que são produtos que possuem ingredientes ativos inéditos na formulação.

Gráfico dos produtos químicos registrados

Em 2021, a biotecnologia aprovou 29 OGMs no Brasil. Entre eles estão as vacinas contra Covid-19, diferentes plantas transgênicas (milho, cana-de-açúcar, soja, trigo e eucalipto), microrganismos para produção de biocombustível, um inseto e um animal. 

Gráfico Aprovações CTNBIO

Sem dúvida, as vacinas chamaram muito a atenção diante da pandemia. No entanto, no setor agrícola, a aprovação do primeiro evento de trigo transgênico tolerante à seca merece destaque. Trata-se do primeiro trigo geneticamente modificado analisado no Brasil e que possui uma característica totalmente conectada à sustentabilidade ambiental, importante para aumentar a resiliência de culturas diante das mudanças climáticas. 

Mitigando as mudanças climáticas 

Na agricultura sustentável é preciso promover o melhor uso da terra e buscar a redução da emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE). Em 2021, durante a COP26 – a maior conferência sobre mudanças climáticas – o Brasil assumiu importantes compromissos que reforçam esse posicionamento, entre eles:

O País também assinou o Pacto de Glasgow –acordo que completou pontos que ainda não estavam considerados no Acordo de Paris, prometendo com isso, acelerar a implementação de medidas para limitar o aquecimento global a 1,5°C.

Principais ações acordadas no Pacto de Glasgow - sustentabilidade

O posicionamento brasileiro diante da COP-26 foi especialmente sustentado pela agricultura de baixo carbono que viemos implementando com o Plano ABC. Uma agricultura que adota biotecnologia, defensivos, adubos, armadilhas, monitoramento digital, insumos para correção do solo, assim como manejo adequado para conservação do solo proporciona as melhores condições para que as plantas se desenvolvam e resultem em uma agricultura de baixo carbono. 

Solo saudável: principal ferramenta na descarbonização do meio ambiente

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Aprimoramento nas práticas da agricultura de baixo carbono – Plano ABC+ 

Os resultados com o Plano ABC encorajaram o lançamento do Plano ABC+ em 2021. Ele pretende expandir sua meta de atuação para mais 72 milhões de hectares em 9 anos. A ideia da nova versão do plano é cortar a emissão de carbono em 1,1 bilhão de toneladas até 2030. Isso representa um aumento de sete vezes no valor definido no plano original. 

O novo plano traz uma abordagem integrada do cenário agrícola, poupando o máximo possível de terra e cumprindo o Código Florestal, trabalhando pela manutenção da saúde do solo e conservação de água e da biodiversidade. Além da redução das emissões de carbono essa nova proposta visa melhorar a geração de renda e qualidade de vida dos produtores rurais por meio dos serviços ambientais gerados pelos ecossistemas durante a produção agropecuária.

Além das práticas propostas pelo plano anterior, o Plano ABC+ incorporou novas estratégias como a maior adoção de bioinsumos como os produtos de controle biológico, inoculantes e biofertilizantes, destacando ainda mais a importância das tecnologias do setor de proteção de cultivos na sua contribuição com uma agricultura mais sustentável.

Resultado alcançados do plano ABC Agricultura - sustentabilidade

Mudanças regulatórios que merecem ser lembradas 

A busca pela sustentabilidade demanda sistemas regulatórios eficientes e comprometidos com a ciência e transparência das informações. Ainda precisamos avançar nesse sentido mas, cada avanço nessa jornada deve ser reconhecido. 

Neste último ano, o setor de defensivos implementou um sistema globalmente padronizado para identificação e classificação desses produtos. É o chamado GHS (Globally Harmonized System of Classification and Labelling of Chemicals), desenvolvido pela Organização das Nações Unidas (ONU) – que está sendo adotado por mais de 50 países, incluindo o Brasil, de acordo com o Decreto nº 10.833, de 7 de outubro de 2021.

A implementação desse sistema representa uma ferramenta importante no avanço à proteção da saúde e do meio ambiente, uma vez que traz uma comunicação harmonizada e compreensível para usuários, fabricantes e trabalhadores rurais, facilitando o entendimento sobre os riscos e perigos dos produtos. 

Na biotecnologia, a  Lei de Biossegurança completou vinte seis anos em 2021. Entre diversas revisões e adequações necessárias para se acompanhar a evolução das técnicas e desenvolvimento eficiente de produtos inovadores, cabe mencionar a revisão da Resolução Normativa Nº 32, de 15 de Junho de 2021, que dispõe sobre as normas para liberação comercial e monitoramento de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) e seus derivados de origem vegetal e animal. Com essa alteração, a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) desobriga que um derivado de OGM, que já tenha sido por ela aprovado, seja submetido à análise e emissão parecer técnico. Com essa modernização, se reduziu testagens que eram repetidas e que representavam apenas uma menor eficiência na entrega de produtos com biossegurança já identificada. 

Em 2022, não temos mais como sair da trilha da sustentabilidade

É inegável que temos inúmeros desafios a serem superados, mas, com ciência e políticas públicas apropriadas, poderemos avançar na direção do desenvolvimento sustentável. Afinal, mesmo diante das adversidades impostas pela pandemia, tivemos progressos no setor agrícola.  

Que em 2022 possamos prosseguir nos modelos orientados pelos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis) e não esquecer que assumimos compromissos globais frente à complexa equação de abastecer o mundo, sem esgotar o planeta.  Que seja uma ótima oportunidade para abrirmos diálogos positivos e de ampliarmos as potencialidades agrícolas do Brasil com muita ciência e trabalho. 

 

Principais fontes:

Conab. Estimativa indica aumento na produção de grãos na safra 2021/22, com previsão em 288,61 milhões de toneladas. Disponível em: https://www.conab.gov.br/ultimas-noticias/4316-estimativa-indica-aumento-na-producao-de-graos-na-safra-2021-22-com-previsao-em-288-61-milhoes-de-toneladas. Acesso em 20/12/21

MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Coordenação-Geral de Agrotóxicos e Afins/DFIA/DAS. Disponível em: https://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons Acesso em 22/12/21

MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Programa Nacional de Bioensumos. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/inovacao/bioinsumos Acesso em 21/12/2021

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