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Conheça os protagonistas dos produtos biológicos disponíveis no Brasil

Os produtos biológicos de controle (PBC) fazem parte dos bioinsumos e são os principais responsáveis por alavancar o crescimento desse setor. O número de PBC disponíveis no mercado brasileiro mais do que dobrou nos últimos três anos e movimentou mais de R$ 675 milhões em 2019, um crescimento de 15% em relação a 2018.

O principal objetivo dos PBCs é eliminar a praga alvo sem agredir o meio ambiente, permitindo a manutenção de insetos benéficos na lavoura (inimigos naturais) e diminuindo a dependência de aplicações constantes de outros insumos. 

Semioquímicos, bioquímicos, agentes biológicos e microbiológicos de controle.

Agente biológico de controle e agente biológico

Os produtos biológicos de controle

A agricultura moderna é resultado do investimento de agricultores que buscaram na ciência, novas estratégias de manejo e que agregaram sustentabilidade à produção de alimentos. As novas tecnologias como os produtos biológicos de controle e os bioinsumos em geral, são importantes na otimização de recursos naturais.

Com esse propósito, instituições de pesquisa e empresas têm investido mais intensamente, no desenvolvimento de novas tecnologias para o emprego de produtos biológicos de controle na lavoura.

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A adoção dos PBC tem aumentado ano após ano como consequência da aceitação dos produtos junto aos agricultores.  Entre outros fatores, podemos destacar a grande abrangência, eficiência e qualidade dos PBC. 

De fato, o portfólio de produtos biológicos de controle disponíveis para os agricultores brasileiros realizarem o biocontrole em suas lavouras tem crescido. Atualmente existem mais de 300 produtos registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). Esses produtos apresentam como ingrediente ativo (ativos biológicos):

Produtos disponíveis por ativo biológicoUma característica bastante associada ao aumento de adoção desses produtos, é que a maioria dos PBCs não deixam resíduos, atendendo às exigências dos mercados consumidores em relação aos resíduos nos alimentos.

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Quais são os produtos biológicos de controle disponíveis?

Os produtos biológicos de controle podem ser classificados de acordo com sua formulação e efeitos que desempenham nas plantas:

Classificação dos produtos biológicos de controle aprovados

No Brasil já existem diferentes produtos registrados e categorizados como: 

Produtos biológicos registrados

Produtos com agentes biológicos

 

Os agentes biológicos (micro e macro) são organismos benéficos para a lavoura e fazem parte de um grande número de produtos fitossanitários. Para isso, os organismos são detalhadamente estudados e incorporados a formulações que permitem as recomendações de uso de acordo com cada cultura em função das pragas e doenças que as afetam.

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O modo de ação dos PBCs que apresentam agentes biológicos como ingredientes ativos podem ser agrupados em relação ao comportamento do organismo, representados por: predadores, parasitoides e entomopatogênicos.

Agentes biológicos registrados no Brasil

Produtos Biológicos de controle

Produtos de ação predatória

 

Esse tipo de produto é um biodefensivo em que o agente biológico apresenta um comportamento predatório em diferentes estágios de vida, necessitando consumir uma determinada quantidade de presas (alvo biológico) para se desenvolver até a fase adulta. 

Esses produtos podem ser considerados bioinseticidas, biofungicidas ou bioacaricidas a depender do alvo na lavoura.

O agente biológico Stratiolaelaps scimitus é uma espécie de ácaro predador, já utilizado para o controle de uma mosca que ataca principalmente a produção de azaleias e de champignon.

Já as espécies Phytoseiulus macropilis e Neoseiulus californicus são eficientes no controle do ácaro-rajado que afeta diversas culturas como: maçã, maracujá, morango e tomate. Esse agente biológico preda ovos, larvas, ninfas e até mesmo, o ácaro adulto, podendo apresentar um controle de até 80% dessa praga.

Produtos de ação parasitária

 

São biodefensivos que apresentam em sua composição os parasitoides, organismos que necessitam de um hospedeiro para completar seu ciclo de vida. São representados, principalmente, por insetos que podem parasitar diferentes fases de desenvolvimento de uma praga na lavoura.

A maioria dos parasitoides são da ordem Hemiptera (vespas, percevejos, cigarrinhas e outros) e podem atacar todos os estágios de vida dos insetos, ou seja, ovo, larva, pupa e adulto. As larvas dos parasitoides se alimentam da praga, e os adultos de vida livre, se alimentam principalmente de néctar o que não causa prejuízos na produção agrícola.

Entre os parasitoides, as vespas Cotesia flavipes e a Trichogramma galloi são as mais conhecidas. Presentes em mais de 30 bioinseticidas, são amplamente utilizadas nas culturas de cana-de-açúcar e soja. Parasitoides como o T. galloi, colocam seus ovos dentro de ovos do inseto praga. A larva da vespa se alimenta do conteúdo interno dos ovos da praga até sua fase de pupa. De  cada ovo parasitado emerge, pelo menos, uma nova vespa pronta para parasitar outros ovos.

Produtos de ação entomopatogênicas

 

Os biodefensivos de ação entomopatogênica são aqueles em que os agentes biológicos são capazes de infectar outros organismos, levando-os à morte. Os alvos biológicos infectados por esses produtos ficam “doentes” e morrem.

Os biodefensivos que possuem como ativo biológico a bactéria Bacillus thurigiensis ou Bt, como é mais conhecida, atuam no intestino médio de larvas recém eclodidas de insetos. Esse agente biológico libera proteínas que causam toxicidade no intestino da larva, levando-a à morte. 

Os bioinseticidas Bt são muito utilizados para eliminar diversas pragas das culturas de algodão, soja e milho, mas também podem ser utilizados em plantações de abobrinha, berinjela, tomate, uva, morango, abacaxi e muitas outras.

Além desses, cabe mencionar um outro agente encontrado em 37 biodefensivos disponíveis no mercado e que apresentam em sua composição o fungo entomopatogênico Beauveria bassiana. Esses bioinseticidas ou bioacaricidas são formulados para garantir que os esporos (estruturas de reprodução) desse agente biológico permaneçam íntegros no meio ambiente pelo maior tempo possível. 

Os esporos presentes no produto, ao entrarem em contato com um inseto ou ácaro, independentemente do seu estágio de vida (ovo, larva, pupa, ninfa ou adulto), irão germinar na superfície, colonizá-lo internamente e levá-lo a morte.

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Semioquímicos e bioquímicos também são biológicos

 

Os produtos biológicos de controle classificados como semioquímicos e bioquímicos são desenvolvidos a partir da manipulação de compostos químicos provenientes de organismos vivos e que podem ser utilizados como biodefensivos.

Dentro das substâncias extraídas e utilizadas para formulação de produtos para lavoura encontramos: hormônios, enzimas, feromônios e outros metabólitos naturais.

Esses produtos são utilizados como repelentes, indutores de esterilidade, modificadores de comportamento e reguladores de crescimento. Na sua maioria, atuam em insetos herbívoros, hematófagos ou outros grupos de insetos-praga que atacam produtos agrícolas em ambientes de armazenamento.

Produtos biológicos semioquímicos

 

Existem no mercado 25 produtos semioquímicos que apresentam eficiência contra 15 diferentes espécies de pragas. Esses feromônios são utilizados em armadilhas biológicas para modificar o comportamento de pragas.

Um exemplo é o uso de produto formulado a partir do feromônio da mariposa Cydia pomanela empregado com sucesso na cultura da maçã e do pêssego há vários anos. Esse produto cria trilhas na direção do vento e confunde as mariposas machos impendido que essas encontrem as fêmeas, reduzindo assim a população da praga.

Também há registro de produtos semioquímicos para monitoramento do bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis), da broca-do-coqueiro (Rhynchophorus palmarum) e da mariposa Helicoverpa armigera. São armadilhas adesivas distribuídas pela lavoura e que liberarem o feromônio de atração capturando a praga alvo. 

Produtos biológicos bioquímicos

 

Já os bioquímicos mais comuns são aqueles desenvolvidos a partir de extratos vegetais, óleos essenciais e hormônios. 

Os extratos são misturas concentradas de partes das plantas com a adição de solventes específicos.

A azadiractina é um princípio ativo derivado de diferentes partes (casca, folhas, frutos, galhos e sementes) de uma planta conhecida como “nim” (Azadirachta Indica). Esses produtos agem sobre o alvo interrompendo a capacidade de reprodução, excreção, digestão e locomoção.

Além disso, os biodefensivos formulados a partir de Azadiractina possuem ação sistêmica e as mudas tratadas com alguns desses produtos podem se tornar resistentes às pragas alvo.

No Brasil, existem cinco bioinseticidas/biofungicidas que apresentam esse composto como principal componente e que podem ser utilizados nas culturas do feijão, melão e tomate.

Outro extrato de planta utilizado para desenvolvimento de biodefensivo é o da Melaleuca alternifólia popularmente conhecida como árvore-do-chá. O resultado são produtos de contato e mesostêmico (que persistem na superfície foliar) com ação biofungicida e bioacaricidas que pode ser utilizado em culturas como a do abacate, alface, arroz, batata, café e muitas outras. 

Conhecer os produtos biológicos de controle é essencial

A divulgação e difusão da modernização dos produtos biológicos de controle é de fundamental importância para que os produtores rurais tenham consciência e acesso às novas tecnologias. Esses produtos foram modernizados e apresentam praticamente a mesma eficiência que os defensivos químicos no controle de pragas e doenças. 

No entanto, o uso desses bioinsumos não deve ser empregado como alternativa de substituição direta dos agrotóxicos, mas como ferramenta estratégica no manejo fitossanitário no contexto atual da agricultura.

Uma dessas estratégias é a prática do Manejo Integrado de Pragas (MIP) que, tem sido adotada pelos produtores e que exige a utilização de produtos biológicos para o seu funcionamento adequado. 

Além disso, ao contrário dos defensivos químicos, os produtos biológicos de controle também podem ser utilizados na agricultura orgânica, desde que se enquadrem em especificações do MAPA.

Os biodefensivos que tiverem em sua composição apenas produtos permitidos na legislação de orgânicos, recebem, após devido registro, a denominação de “produtos fitossanitários com uso aprovado para agricultura orgânica”. Atualmente, mais de 130 produtos estão aprovados para a produção de orgânicos.

É importante conhecer e utilizar os produtos de forma consciente, só assim os agricultores irão obter redução de custos e maior produção na agricultura sustentável.

 

Principais fontes:

Agrofit. Disponível em: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons. Acesso em: 19/06/2020. 

Halfeld-Vieira, B. A., et al. Defensivos agrícolas naturais, uso e perspectivas. 1 ed. Brasília, 2016. 

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