Os bioinsumos, também conhecidos como produtos biológicos, são insumos agrícolas desenvolvidos a partir do uso de um ingrediente ativo de origem vegetal, animal ou microbiológica (bactérias, fungos e vírus) ou estruturalmente similares e funcionalmente idênticas aos de origem natural, que visam prevenir, reduzir ou erradicar a infestação de pragas e doenças nas plantações ou que a estimulem processos fisiológicos da planta que ou da rizosfera. Essa classe de produtos são de baixa toxidade e vem promovendo uma nova revolução no campo reconhecida como “agricultura verde” e além de proteger as lavouras, auxilia no equilíbrio do ecossistema dentro da produção agrícola.
Os bioinsumos são tecnologias renováveis, não poluentes e favorecem a regeneração da biodiversidade no meio ambiente, principalmente do solo. Isso acontece porque muitos desses produtos introduzem microrganismos que, além de fornecerem nutrientes para as plantas, também protegem as raízes, oferecendo uma barreira contra causadores de doenças e que resultariam em danos à cultura e prejuízos aos produtores.
Dessa forma, os bioinsumos impactam positivamente a produção de alimentos, sem causar danos à saúde humana, de animais e ao meio ambiente. Eles atuam em sinergia com os defensivos químicos, auxiliando na redução do custo aos produtores, além de contribuir para a sustentabilidade da agricultura.
O trabalho da CropLife Brasil é fomentar o desenvolvimento desse setor, que busca inspiração na natureza, em seus processos eficientes, em suas relações complexas e em seu equilíbrio delicado para atingir uma maior produtividade, mesmo em condições desfavoráveis. Os bioinsumos são formulados com o que há de mais inovador na biologia e engenharia genética para entregar máxima eficiência no combate às pragas e doenças nas lavouras. Além disso, atuam em sinergia com os demais insumos agrícolas.
Os bioinsumos são, atualmente, uma das maiores apostas da agricultura moderna e estão em forte expansão no Brasil, com crescimento de 15% na safra 2023/2024, em comparação à safra anterior, atingindo as vendas de R$ 5 bilhões.
No mercado global, a estimativa é que a taxa anual de crescimento até 2032 seja entre 13% e 14%, o que corresponde a US$ 45 bilhões, valor três vezes maior que o atual.
O segmento mais representativo entre os bioinsumos são os produtos de controle biológico, estimados em 57% do valor acima. A previsão é que eles devem continuar como representantes da maior fatia desse mercado.
A projeção de crescimento é apoiada pela expectativa de EUA e Europa aumentarem a taxa de adoção de bioinsumos na produção de grandes culturas, a exemplo do Brasil, que tem uma das maiores taxas do mundo.
A área tratada no Brasil com proteção de cultivos (químicos ou biológicos) cresceu 15% em relação à safra 2021/2022. Nesta mesma área, a adoção de bioinsumos agrícolas cresceu acima dos 35%, uma participação total na safra 2022/2023 de 12%.
Um fator de destaque é o crescimento da taxa média de adoção de bioinsumos por área, da safra 2022/2023 para a safra 2023/2024, que subiu de 22% para 23% incluindo todos os segmentos: controle, inoculantes, bioestimulantes e solubilizadores.
Entre os principais cultivos, do total de uso de bioinsumos no Brasil 55% são destinados para soja, 27% para milho, 12% para cana-de-açúcar e 6% para algodão, café, citrus e hortifruti (HF).
Amplamente utilizados em sinergia com as ferramentas de controle químicos como componentes do Manejo Integrado de Pragas (MIP), os bioinsumos são fundamentais no combate a algumas pragas, mas a prática preventiva também tem sido incentivada dentro da produção agrícola, pois ajuda na preservação de tecnologias e auxilia diversos agricultores a superarem os desafios de se produzir em um país tropical, como o Brasil.
Quatro grandes fatores contribuem e devem sustentar o crescimento do mercado de bioinsumos no Brasil para os próximos anos:
- A contínua profissionalização e a expansão da indústria;
- O manejo integrado de defensivos químicos e produtos biológicos com efeito positivo para o controle de pragas e doenças cada vez mais resistentes na agricultura tropical;
- O aumento da adoção entre os produtores;
- Novas formulações e tecnologias em produtos biológicos, contendo cada mais múltiplos microrganismos e uma ampla gama de alvos.
A partir da década 80, o debate público sobre segurança alimentar - especialmente na Europa – passou de uma lógica que antes considerava apenas a produção de alimentos em quantidade suficiente para alimentar a população, para considerar também questões mais amplas, em um cenário de crescentes preocupações ecológicas e com o enquadramento da agricultura como uma atividade de riscos e oportunidades na busca pela neutralidade climática, conservação da biodiversidade e garantia da qualidade ambiental.
Para garantir a segurança alimentar neste novo contexto, os agricultores dependem dos insumos agrícolas para superar os desafios de produtividade mas também para enfrentar os desafios das mudanças climáticas, escassez de água, degradação do solo, aumento da demanda devido ao crescimento populacional, pressões sobre os recursos naturais e perda de biodiversidade. Nesse contexto, o investimento em tecnologias mais sustentáveis de fonte renovável e com baixo impacto ambiental , como os bioinsumos, se tornam fundamentais na busca por soluções efetivas para o controle de pragas e doenças, proteção e nutrição das plantas.
Não apenas no Brasil, mas mundo afora, há um interesse genuíno em se ampliar a adoção de produtos biológicos na agricultura, que operem de forma a complementar o uso de outros insumos, como os pesticidas químicos. Este uso ampliado foi reforçado por recentes políticas da União Europeia e passa pelo desenvolvimento de incentivos variados, sendo os incentivos normativos e regulatórios parte fundamental para políticas de promoção bem-sucedidas.
O entendimento de que a utilização de microrganismos é, via de regra, mais segura ao meio ambiente e à proteção da biodiversidade do que a utilização de produtos químicos foi reforçado segundo a Comissão Europeia no momento de divulgação das normas referentes ao Green Deal e Farm to Fork, afirmando que ‘‘estas novas regras facilitam a aprovação de microorganismos para uso como substâncias ativas de produtos de proteção de plantas e a autorização de produtos contendo tais substâncias. O propósito é que os agricultores pela União Europeia tenham melhor acesso a alternativas biológicas em relação aos pesticidas químicos e possam proteger suas lavouras de uma forma mais sustentável.
Ao aumentar a diversidade de microrganismos, insetos e outros organismos vivos, os produtos biológicos também promovem recuperação de solos degradados, maior sequestro de carbono, maior retenção de água e outros nutrientes no ambiente e que são importantes para plantas e animais. Ou seja, o uso de produtos biológicos na lavoura é uma prática condizente com os objetivos perseguidos pelo Brasil em sua estratégia climática.