Sementes de qualidade: o primeiro passo para uma colheita bem-sucedida
Saiba a importância de se utilizar sementes de qualidade e por que isso interfere no rendimento da produção agrícola.
É a partir da semente que a planta inicia seu ciclo na cultura e é na fase inicial que irá garantir todo o seu potencial de enfrentar as condições adversas e de atingir alta produtividade. Por essa razão, quando se deseja uma lavoura robusta, com alta capacidade produtiva, nada mais importante do que se utilizar sementes de qualidade.
A semente carrega em si o embrião que por ela é protegido e dela recebe todos os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento inicial durante a germinação. A principal função da semente é a perpetuação da espécie, o que a leva ser capaz de se dispersar para novos ambientes e dar origem a novas plantas.
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As melhores sementes são aquelas que resultam de anos de pesquisa em melhoramento genético para o desenvolvimento de cultivares com características que agregam valor à produção. Mas, muitas vezes, as sementes disponíveis para os agricultores são de baixa qualidade, prejudicando o rendimento e o desempenho da lavoura.
Com isso, é necessário estabelecer um sistema eficiente de garantia da qualidade para todas as sementes comercializadas aos agricultores.
Para que sementes tenham qualidade, devem ser seguidos rigorosos processos de produção
A produção de sementes é uma atividade regulamentada e muito criteriosa. Para produzir sementes de qualidade é preciso atender a Lei n° 10.711, de 05 de agosto de 2003 que dispõe sobre o Sistema Nacional de Sementes e Mudas e possui seu regulamento estabelecido pelo Decreto n° 10.586, de 18 de dezembro de 2020.
Além disso, é preciso seguir a Instrução Normativa n° 9, de 2 de junho de 2005, que estabelece as normas gerais para produção, comercialização e utilização de sementes.
Sementes produzidas em conformidade com a regulamentação e submetidas ao Registro Nacional de Sementes e Mudas (RENASEM) são chamadas de sementes certificadas. As áreas destinadas à produção são isoladas para garantir que não ocorra contaminação por outras espécies e evitar condições adversar que possam afetar diretamente sua qualidade, como plantas daninhas, pragas e doenças.
Além disso, todas as etapas de produção são submetidas a inspeções, desde a avaliação prévia da área até o beneficiamento e comercialização.
Algumas práticas são necessárias para a produção de sementes, como roguing, ou seja, remoção de plantas indesejáveis para preservar a pureza genética, varietal e sanitária. A colheita deve ser realizada quando as sementes possuírem o potencial máximo de germinação e vigor (próximo ao ponto de maturação das sementes).
Após a colheita, uma amostra do lote de sementes passa por testes em laboratórios credenciados pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), nos quais tem que atingir padrões mínimos previstos na legislação.
A quantidade amostrada, assim como sua representatividade e a maneira de serem coletadas está descrita nas regras para análises de sementes.
Depois de aprovados em laboratório, os lotes são levados para unidades de beneficiamento (UBS) para mais uma etapa antes da comercialização.
São retiradas as impurezas e materiais indesejáveis, como grãos quebrados e sementes de outras espécies. Em seguida, ocorre a classificação por tamanho, peso, idade, entre outros atributos.
Sementes que não estiverem dentro dos padrões de classificação não podem ser vendidas para o agricultor.
Sementes certificadas possuem uma garantia de alta qualidade e apresentam desempenho superior ao de sementes que não passam pelo processo de certificação. Optar por sementes certificadas é uma forma de garantir a qualidade do material que está sendo levado ao campo.
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Fatores que afetam a qualidade das sementes
Há uma série de fatores que interferem na qualidade das sementes, como fatores físicos, genéticos, fisiológicos e sanitários. Portanto, quando se trata de produção de sementes alguns cuidados devem ser tomados durante o cultivo, de modo que como produto final elas possam apresentar os seguintes atributos:
- Pureza física: nesse atributo, considera-se que as sementes produzidas devem se apresentar livre de outros tipos de sementes e livre de material inerte como torrões, pedras, restos de plantas, insetos, danos mecânicos etc. Danos mecânicos podem comprometer a qualidade da semente, uma vez que ferimentos podem se tornar porta de entrada para patógenos, além de comprometer a estrutura da semente;
- Pureza genética: sementes com essa característica se apresentam livres de mistura com outras variedades (pureza varietal). Essa homogeneidade garante maior representatividade do material escolhido, de modo que as plantas apresentem maior uniformidade no campo, sem sofrer influência de outras cultivares com características diferentes;
- Qualidade fisiológica: dentro dessa característica destacam-se a germinação e o vigor. A alta porcentagem de germinação expressa a capacidade da semente formar plântulas normais nas condições adequadas. Já o alto vigor reflete na capacidade das sementes gerarem plântulas com bom desempenho e estabelecimento no campo, mesmo em condições desfavoráveis;
- Qualidade sanitária: com esse atributo, as sementes se apresentam livres de patógenos, como fungos, vírus, nematoides e bactérias, assim como propágulos de plantas daninhas. Patógenos associados às sementes constituírem-se na maneira mais eficiente de disseminação a longas distâncias, podendo viabilizar a ocorrência de doenças que podem causar perdas severas na lavoura. Já a presença de propágulos de plantas daninhas junto às sementes gera competição de espécies no campo, reduzindo a produtividade da cultura.
Sementes certificadas: garantia de inovação no campo
Para saber se a semente é de qualidade, alguns aspectos devem ser observados
Ao adquirir sementes, o produtor deve sempre observar se elas atendem o padrão nacional de sementes estabelecido pelo MAPA. Para isso devem vir acompanhadas de nota fiscal, certificado ou termo de conformidade. Esses documentos apresentam os resultados oficiais de análises de sementes e asseguram que a produção do lote comercializado tem procedência legal.
As sementes devem estar embaladas em sacaria nova de papelão multifolhado, inviolada ou em big-bags novos e lacrados nas duas extremidades. Devem possuir etiqueta, com razão social e CNPJ ou nome e CPF, endereço e indicação no n.º de inscrição no RENASEM. Informações como porcentagem de germinação, pureza e validade também dever ser observadas na etiqueta presente na embalagem.
Caso as sementes não apresentem tais características, é possível que elas estejam sendo comercializadas ilegalmente, sem atendimento às normas e padrões de qualidade. A suspeita de qualquer irregularidade na produção, comercialização, transporte, armazenamento ou utilização de sementes, deve ser denunciada.
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Manutenção da qualidade das sementes também depende de quem as adquire
Quando adquiridas com bastante antecedência à data de plantio, as sementes devem ser armazenadas em local adequado, com controle de umidade e temperatura para manter a sanidade e o vigor. A semente é um organismo vivo e requer cuidados específicos para sua melhor conservação.
O produtor que adquire uma semente comercial, de uma empresa devidamente cadastrada no RENASEM, tem o direito de reservar parte da sua produção para ser plantada na safra seguinte. É um direito previsto em lei, porém é preciso seguir os critérios presentes na legislação, que prevê punições severas para quem não cumpre com as obrigações nela especificadas.
As sementes reservadas também requerem manejo adequado durante sua produção e condições corretas de armazenamento para manutenção da sua qualidade. Qualquer irregularidade no processo poderá colocar a lavoura em risco.
Contudo, antes de implementar uma lavoura, um bom planejamento é importante. E tudo começa com a escolha ideal dos insumos que serão utilizados, a começar pelo principal deles que é a semente.
Principais fontes:
ABRASEM (Associação Brasileira de Sementes e Mudas). Pirataria de sementes de A a Z. 2019. Disponível em: http://www.abrasem.com.br/wp-content/uploads/2020/02/Pirataria-de-sementes-de-A-a-Z-1.pdf Acesso em 02 fev. 2022.
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Produção de Sementes. Disponível em: https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/arroz/arvore/CONT000foh66zuv02wyiv8065610dhn0auj1.html. Acesso em: 02 fev. 2022.
FAO. Producing quality seeds means quality yields. Disponível em: http://www.fao.org/in-action/producing-quality-seeds-means-quality-yields/en/. Acesso em: 02 fev. 2022.
FAO. Quality declared seed system. 2006. Disponível em https://www.fao.org/3/a0503e/a0503e00.htm . Acesso em: 02 fev. 2022.
Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. – Brasília : Mapa/ACS, 2009. 399 p.