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Edição genética e a ética na pesquisa

Ferramentas voltadas à edição genética são uma realidade e compõem muitas linhas de pesquisa que beneficiam pessoas, animais, plantas e microrganismos. Por exemplo, por conta da edição genética, a medicina ganha terapias gênicas, o meio ambiente, energias renováveis e a produção de alimentos plantas mais produtivas, tolerantes à seca e outros estresses.

Nova era da biotecnologia: edição genética 

A edição genética foi alcançada porque hoje, no século 21, os pesquisadores possuem um maior conhecimento da base genética, das doenças e das características agronômicas. Ferramentas de sequenciamento genético estão mais acessíveis, a bioinformática mais eficiente em montar e analisar genomas e a biologia molecular mais instrumentada para decifrar as interações metabólicas em milhares de organismos vivos. 

Com isso, a edição gênica tem sido incorporada na biotecnologia moderna e integra as Técnicas Inovadoras de Melhoramento de Precisão (TIMPs).

Edição gênica sempre esteve presente na agricultura

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Chamamos de edição do genoma aquelas alterações genéticas introduzidas por nucleases específicas (um tipo de tesoura molecular). São tesouras capazes de adicionar, alterar ou excluir bases específicas em um local designado.

Explicação sobre o código genético para edição genética

A precisão de técnicas que utilizam esse tipo de tesouras – como é o caso do CRISPR/Cas9 – é tão elevada que tem dificultado a distinção entre o que pode ter sido modificado por edição gênica do que pode ter surgido naturalmente ou desenvolvido por melhoramento genético convencional. 

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Até onde podemos ir com a edição genética?

O potencial da edição de genomas é enorme e permite alterar, praticamente, qualquer característica genética de um ser vivo. Além do melhoramento genético de plantas, a edição genética também pode ser aplicada no tratamento de doenças genéticas em pessoas e animais.

Representação do que deve ser projetado pelos cientistas para realizar a edição genética em um DNA

Em 2013 pesquisadores editaram o genoma de porcos, ainda quando zigoto. Como resultado obtiveram porcos com mutações pontuais em um gene relacionado a uma doença viral. Em 2014, outra equipe de pesquisadores obteve sucesso na correção de uma doença genética em células do fígado de ratos adultos.

Microrganismos como fungos, bactérias e vírus já passaram por técnicas de edição gênica e hoje já são utilizados em indústrias farmacêuticas, de alimentos e biocombustíveis. A aplicação da edição genética em plantas como trigo, arroz, soja, milho, citros e muitas outras já é uma realidade e sinaliza a produção de variedades mais resilientes aos desafios da agricultura. 

Na área de saúde, tem se estudado a edição de genoma de células humanas para o tratamento de doenças, entre elas o HIV, provocando questionamentos éticos. 

Gráfico aplicações de novas tesouras moleculares

Conciliar avanços científicos com questões éticas  

Ainda que os méritos científicos sejam evidentes, o potencial impacto da edição de genomas em humanos e nas gerações subsequentes (quando a edição é realizada em células germinativas), ainda é desconhecido. 

Portanto, é necessário promover o debate ético e estabelecer limites às atividades de pesquisa com manipulação genética. Nem sempre, a velocidade com que as tecnologias avançam acompanha os sistemas regulatórios. É preciso envolver cientistas e profissionais da área jurídica com especialidade na área de ética para que a ciência possa avançar sem oferecer riscos à sociedade. 

Ciência, ética e legislação devem caminhar juntas

No Brasil a manipulação de zigotos ou células-tronco embrionárias é regulamentada pela Lei nº 11.105, de 2005 (Lei de Biossegurança). Ficando permitida a utilização desse tipo de células para fins de pesquisa ou terapia, desde que, obtidos por fertilização in vitro e mesmo que não utilizados no respectivo procedimento, ainda devem atender às seguintes exigências:

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Plantas, animais e microrganismos

A edição de genomas em plantas, animais e microrganismos tem tipo espaço crescente por serem derivadas de técnicas precisas e por gerarem um produto onde não há presença de moléculas de DNA exógeno ou proteína recombinante. Nesse caso, o produto desenvolvido por edição genética pode não ser considerado um Organismo Geneticamente Modificado (OGM) por emprego de técnicas de engenharia genética. De acordo com a interpretação regulatória da maioria dos países.

Gráfico sobre a aplicação da edição gênica

No Brasil, a edição de genomas foi incluída na Resolução Normativa nº 16 (RN16). Onde é estabelecido que empresas e instituições que estiverem desenvolvendo um produto ou processo por meio de edição gênica submetam uma carta-consulta para que a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) avalie se o produto deve seguir a regulamentação de OGM ou se poderá ser registrado como um produto de melhoramento convencional ou mutagênese.

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Estados Unidos, Canadá, Israel, Argentina, Chile e outros países estão aplicando legislação semelhante à do Brasil. Isso porque, o consenso geral entre os cientistas é que o produto final é que deve ser regulado e não o processo pelo qual foi desenvolvido.

Com isso, a edição genética já está auxiliando no desenvolvimento de uma agricultura mais sustentável e desempenhando seu papel no enfrentamento de desafios como o aquecimento global. 

 

Principais fontes

Lillico, S. G. et al. Live pigs produced from genome edited zygotes. Scientific reports, 2013.

Nuffield Council on Bioethics. Genome editing: an ethical review. 2016.

YIN, H. et al. Genome editing with Cas9 in adult mice corrects a disease mutation and phenotype. Nature biotechnology, 2014. 

Shiemann, J. et al. Editorial: Plant Genome Editing – Policies and Governance. Frontiers in Plant Science, 2020.

 

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