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Água: fonte essencial para a vida

A água está no centro do desenvolvimento econômico e social do mundo. É vital para manter a saúde, gerar energia, empregos, manejar o meio ambiente e cultivar alimentos.

Para a agricultura, ela é um recurso crítico e desempenha um papel importante na segurança alimentar. Afinal, alimentar 9 bilhões de pessoas até 2050 exigirá um aumento de 60% na produção agrícola e uma expectativa de elevação de 15% na captação de água.

No entanto, o tema da preservação da água já vem sendo tratado de forma prática pelos produtores na agropecuária. 

O consumo de água 

A água é um recurso crucial para a vida na Terra porque é insubstituível em seu papel de sustentar o funcionamento do meio ambiente e das sociedades e você utiliza muito mais água do que imagina.

Dados da Water Footprint Network – uma organização fundada por líderes globais, sociedade civil, organizações multilaterais e universidades – estima que são consumidos diariamente por uma pessoa, 3.496 litros de água. E a maior fração desse volume está contida nos alimentos que consumimos.

Gráfico pegada hídrica

Conservar água para produzir mais 

A água é essencial ao desenvolvimento das plantas e esteve presente desde os primórdios da agricultura, onde a chuva era a principal fonte. Logo nossos antepassados passaram a se estabelecer em regiões próximas a fontes de água e assim foram surgindo as primeiras grandes sociedades.

No Egito, o Nilo inundava por alguns meses a cada ano e as águas eram desviadas para os campos para permitir que os fazendeiros cultivassem alimentos. Em 3100 a.C., um grande projeto de irrigação foi construído, envolvendo represas e canais de até 20 quilômetros de extensão.

De lá para cá, muita coisa mudou e a prática da irrigação foi se difundindo pelos continentes. Acabou se tornando, em muitos locais o único meio para a produção de alimentos.

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As vantagens da irrigação fazem com que até hoje muito seja investido em tecnologias e infraestruturas hídricas capazes de atender à demanda da lavoura sem que haja desperdício desse recurso.

Além disso, graças ao trabalho de cientistas hoje conseguimos prever quanto de água precisamos para produzir nossa comida e criar estratégias para utilizar o mínimo possível na produção de alimentos. Sabemos ainda que alguns alimentos como frutas e hortaliças, demandam menos água que outros.

Descubra mais sobre o uso da água na produção de frutas, legumes e verduras em: Hortifruti, saber e saúde

Tomar consciência desses fatos pode ajudar, nós consumidores, a fazermos melhores escolhas para nossa dieta alimentar e reduzir nosso consumo de água diário.

Água na agricultura não representa perda do recurso 

De fato, a agricultura é o setor que mais utiliza água. No entanto, diferentemente do uso que fazemos da água em nossas casas, no campo, as plantas devolvem para o meio ambiente uma água limpa e que retornará ao solo e rios por meio das chuvas. Isso acontece preferencialmente de três formas: 

Além disso, a maior parte da água utilizada pelos produtores rurais, independentemente do sistema de produção adotado, é proveniente das chuvas. Seja de forma direta, quando a chuva cai do céu e molha as plantas, ou pela estocagem da água das chuvas em reservatórios.

Para que agricultores e consumidores não sintam os efeitos das mudanças climáticas – que podem gerar variações de chuvas durante todo ou parte do ano – também foram desenvolvidas tecnologias para o armazenamento de água de chuva com o objetivo de aumentar a disponibilidade de recurso hídrico em períodos de escassez. Um exemplo disso são as cisternas, onde podem ser estocados grandes volumes de água. 

Preservar para irrigar

Nos últimos 30 anos, a modernização da agricultura fez da captação e utilização de recursos hídricos elementos chave para a expansão sustentável dos cultivos e da produtividade. Não por acaso, foi tema central de discussões e parcerias entre governos, universidades e indústrias que promoveram melhorias eficientes de legislação e tecnologias para o uso da água.

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Todo esse pacote de leis e tecnologias incentivou o manejo racional da água, visando atender às demandas do campo e conservar o recurso hídrico. Essa quantidade deve ser suficiente para o vegetal, evitando o acúmulo desnecessário de água no solo, diminuindo o escoamento. Esse manejo aumenta a precisão e reduz aplicações desnecessárias, economizando água e eletricidade.

Quando bem planejada e dimensionada, a irrigação pode melhorar a produção em até 40%, dependendo da cultura que está sendo cultivada. Além disso, quando a água é colocada de maneira localizada nas plantas, menor volume é necessário na produção.

Gráfico: importância da irrigação na produção de alimentos

Para ser medida, a eficiência do uso da água precisa levar em conta o que foi produzido pela lavoura e a quantidade de água consumida durante o ciclo. Quanto mais produção, com menos água, maior é a eficiência. E é isso que a pesquisa e os agricultores vêm buscando de forma cada vez mais intensa.

Água e irrigação no Brasil

Apesar do Brasil estar entre os 10 países que mais possuem áreas agrícolas irrigadas, esse montante ainda é baixo. Segundo os dados da Agência Nacional das Águas (ANA) e do Censo Agropecuário, realizado pelo IBGE (2017), o Brasil tem cerca de 6,8 milhões de hectares irrigados, mas com potencial para irrigar mais que 55 milhões de hectares.

No Brasil, o uso comercial de irrigação começou no século XIX, com o plantio de arroz em áreas inundadas do Rio Grande do Sul, que até hoje é o maior produtor do cereal do país. 70% do arroz que vai para nossa alimentação é gaúcho.

Nas regiões afetadas pela constante falta de chuva, como o semiárido brasileiro, a irrigação é essencial para garantir a produção de alimentos. Por isso, a partir da década de 1960, o governo federal passou a incentivar e investir na implantação de grandes perímetros irrigados, especialmente, no semiárido nordestino.

Hoje, o nordeste brasileiro é uma importante região produtora e exportadora de frutas. E isso só foi possível graças a adoção de tecnologias modernas de irrigação. Ainda, o benefício vai muito além da produção de alimentos, pois gera emprego e desenvolvimento das cidades.

O Brasil tem água de qualidade

Desde 2016, a Agência Nacional de Águas (ANA) – trabalha com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) e o Centro de Observação e Ciência dos Recursos Terrestres (EROS) para entender melhor a irrigação agrícola em suas terras.  

Junto disso, o monitoramento da qualidade da água inicia lá nos mananciais. Desde os cursos d’água, o Programa Nacional de Avaliação da Qualidade das Águas – PNQA – coordenado pela ANA monitora e avalia as alterações nas características físicas, químicas e biológicas da água, decorrentes de atividades humanas e de fenômenos naturais.

Desde 2013, o Brasil tem um sistema para avaliar a qualidade da água, a RNQA – Rede Nacional de Monitoramento de Qualidade de Água. Funciona assim: 

Estados e municípios coletam amostras em mananciais e poços profundos destinados ao consumo humano. Os órgãos estaduais de abastecimento de água analisam essas amostras para detectar a presença de contaminantes (orgânicos e químicos). Quem determina quais são estes contaminantes é o governo federal, através da ANVISA (Ministério da Saúde) e da ANA – Agência Nacional de Águas.

Nas regiões onde a agricultura é intensa e tecnificada, há ainda uma preocupação com a possibilidade de contaminação da água por defensivos químicos. A legislação vigente no Brasil determina que, pelo menos, duas vezes por ano a água destinada ao consumo seja analisada para detectar se há resíduos de agrotóxicos acima dos limites estabelecidos por lei. 

Se algo for encontrado, órgãos de fiscalização como vigilância sanitária e defesa agropecuária devem aplicar as devidas sanções. Vale ressaltar, que estes casos são raros e pontuais.

As mudanças climáticas estão alterando o cenário da água

Uma agricultura sustentável deve ser implementada para coletar, armazenar e liberar água no meio ambiente de forma eficiente. Porém, as mudanças climáticas levarão a eventos climáticos extremos mais frequentes e intensos, como secas e inundações, com impactos devastadores nos sistemas de produção de alimentos. A gestão correta da água é essencial para a construção da resiliência da sociedade contra esses riscos crescentes.

E nesse contexto, as alterações do clima geram principalmente estresses abióticos, como a salinidade do solo, a temperatura alta e a seca (estresse hídrico), que são agressivos ao crescimento e desenvolvimento das plantas, levando a grandes prejuízos no rendimento da cultura em todo o mundo.

À medida que os recursos hídricos diminuem e a desertificação se intensifica em resposta às mudanças climáticas, as perdas produtivas tendem a piorar. O aumento esperado na área e extensão da salinização de terras aráveis exigirá novas tecnologias para garantir a sobrevivência das culturas. 

Por isso, além de tecnologia de irrigação e o monitoramento da qualidade da água, o melhoramento genético de plantas entra nesse pacote tecnológico para ajudar no melhor aproveitamento da água pelas plantas e reduzir o consumo durante todo o ciclo das culturas.

Melhoramento de plantas é gerador de soluções

Os déficits de umidade são um dos maiores desafios para a produção de plantas. A severa seca em muitas partes do mundo nos últimos anos reduziu drasticamente a produção agrícola e prejudicou as economias regionais.

Diante disso, as pesquisas com melhoramento genético e biotecnologia já vinham desenvolvendo plantas que se adaptam melhor às condições de estresse, sem perder em desenvolvimento e produtividade. 

Saiba mais sobre o desenvolvimento de plantas tolerantes à seca

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A viabilidade de desenvolvimento de plantas tolerantes à seca só é possível pela associação de conhecimento nas áreas de genética, genômica, biotecnologia, germoplasma e biologia sintética

À medida que avançamos nessas pesquisas, vamos introduzindo novas possibilidades. Inclusive, já estamos falando de “plantas inteligentes”. Seriam vegetais contendo biossensores sintéticos, capazes de controlar a formação de células, tecidos e órgãos a depender de fatores externos. 

 

Principais fontes: 

ANA – Agência Nacional de Águas, SDG 6 in Brazil: ANA’s Vision of the Indicators. 2019. 

FAO. Water. Disponível em: http://www.fao.org/water/en/. Acesso em: 24/03/2021. 

Kelly, J. Public Agricultural Research and Development in an Era of Transformation: The Challenge of Agri-Food System Innovation. CGIAR Independent Science and Partnership Council (ISPC) Secretariat and Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO), 2019. 

WWF. Thirsty Crops. Our food and clothes: eating up nature and wearing out the environment. Disponível em: https://wwfeu.awsassets.panda.org/downloads/wwfbookletthirstycrops.pdf. Acesso em: 24/03/2021. 

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