Alimentos transgênicos são opções seguras e benéficas para o planeta

Alimentos transgênicos são aqueles produtos que tiveram seu DNA modificado pela inserção de um ou mais genes oriundos de outro organismo.  

Uma planta de berinjela transgênica produz um alimento transgênico, que é a berinjela. Muitos alimentos industrializados produzidos a partir de grãos ou óleo de soja, podem utilizar matéria-prima transgênica e são considerados alimentos derivados de transgênicos. Além disso, diversos alimentos empregam organismos transgênicos durante o seu processamento, a exemplo de vitaminas e queijos produzidos por microrganismos transgênicos.

Adoção de produtos transgênicos na agricultura

A elevada presença de produtos ou derivados de produtos transgênicos na nossa alimentação é decorrente da ampla adoção de microrganismos GM na indústria e de culturas transgênicas no campo. 

Há cerca de 25 anos o mundo passou a cultivar plantas transgênicas em virtude do seu potencial produtivo. De fato, a transgenia é a tecnologia agrícola de mais rápida adoção da história. De acordo com o Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações de Agrobiotecnologia (International Service for the Acquisition of Agri-Biotech Applications – ISAAA) em 1996 eram 1,7 milhão de hectares cultivados com transgênicos que atingiram 191,7 milhões de hectares em 2018, ou seja, um aumento de 113 vezes no período analisado.  

O cultivo de variedades transgênicas aumentou a produtividade agrícola mundial nas últimas duas décadas e os benefícios socioeconômicos e ambientais foram documentados por organizações independentes em todo o mundo. Tal fato evidencia por que os alimentos transgênicos já são comercializados em pelo menos 70 países. 

Na área agrícola, diversas plantas são transgênicas cultivadas em diferentes regiões do globo e que podem ser utilizadas na produção de alimentos.  Conforme imagem abaixo:  

Imagens de alimentos transgênicos usados no mundo

No entanto, a soja e o milho representam 81% de toda área cultivada com variedades transgênicas. No Brasil, apenas as variedades de soja, milho, algodão e cana-de-açúcar são cultivadas para produção de alimentos.

Caso tenha estranhado com a presença do algodão na lista, não se assuste, pois a semente dessa planta também pode ser utilizada na produção de óleo para a indústria alimentícia. 

As plantas não são os únicos alimentos transgênicos

Até a década de 70, a quimosina (enzima que faz com que o leite se solidifique e vire queijo) era extraída do estômago de bezerros alimentados apenas com leite. Graças à transgenia, foi possível, na década seguinte, isolar o gene que produz essa enzima e inseri-lo numa levedura.

A partir de então, a obtenção de quimosina a partir de bezerros passou a ser rara. Inclusive, a enzima obtida por microrganismos transgênicos é mais eficiente para a coagulação do leite.

Além de microrganismos e plantas, foi aprovado em 2015, nos Estados Unidos, o salmão transgênico. Trata-se do primeiro animal transgênico liberado para o consumo humano. Esse salmão chega ao tamanho comercial em 18 meses, em vez de 30, como acontece com o salmão convencional. Isso pode ajudar a abastecer o mercado consumidor, cuja demanda é cada vez maior. 

Quer conhecer outros alimentos que podem conter ingredientes transgênicos e possam estar na sua dispensa? 

Imagens de Alimentos Produzidos com ingredientes transgênicos

É importante ressaltar que esses produtos, em sua maioria, não são integralmente transgênicos, mas sim que apresentam em sua composição alguma porcentagem mínima de algum Organismo Geneticamente Modificado (OGM) considerado transgênico. 

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Alimentos transgênicos não fazem mal a saúde

É um grande engano pensar que alimentos transgênicos possam fazer mal à saúde humana, animal ou até mesmo ao meio ambiente. 

Esse tipo de afirmação sobre os produtos derivados de OGMs não possuem embasamento científico, ou seja, são “fake news” e essas sim podem fazer mal a sociedade, pois atrasam o desenvolvimento de tecnologias importantes e que podem salvar vidas, como é o caso do Arroz dourado.

Sabemos que os produtos transgênicos são aqueles que tiveram seu DNA modificado pela introdução de um gene ou mais genes de outro ser vivo. Um gene, nada mais é do que uma pequena sequência de DNA. 

O DNA está presente em todas as células de todos os organismos, incluindo todas as plantas e animais utilizados como alimentos. Estima-se que são consumidos entre 0,1 e 1 grama de DNA em nossa dieta todos os dias através de alimentos provenientes de vegetais e fontes animais.

Portanto, a adição de uma sequência de DNA – que inclusive já se faz presente na natureza – não deve ser uma preocupação de segurança alimentar. 

Inclusive, décadas de pesquisa indicam que o DNA na dieta não tem toxicidade, pois é extensamente quebrado durante a digestão e a probabilidade de ácidos nucléicos exógenos serem incorporados ao DNA de consumidores é considerada nula.

A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) já afirmou que os alimentos transgênicos comercializados não apresentam riscos à saúde humana.

A regulamentação dos alimentos transgênicos

Os alimentos transgênicos são muito bem estudados e antes de serem liberados comercialmente, são submetidos a rigorosas análises relacionadas ao impacto da introdução de  genes na planta ou nos microrganismos,  presença de proteínas alergênicas, composição nutricional, impactos ambientais, na saúde animal e humana. Os resultados desses testes passam pela avaliação de uma comissão de especialistas em biossegurança. 

No Brasil, essa análise e a posterior liberação dos produtos são feitas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Sendo aprovados apenas aqueles transgênicos que apresentam equivalência substancial idêntica ao do produto convencional. Isso significa que o produto final é “tão seguro quanto” o produto não transgênico.

O conceito geral de equivalência substancial, usado no Brasil, para avaliar os alimentos transgênicos foi desenvolvido pelas autoridades científicas internacionais, incluindo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) junto ao Códex Alimentarius

Esse produto é transgênico?

Os produtos que contêm transgênicos, do ponto de vista da aparência, são iguais aos não modificados. No Brasil, entretanto, o Decreto 4.680 de 2003 determina que os alimentos contendo ingrediente transgênico em sua composição devem ser rotulados. Em 2016, a rotulagem ganhou informação adicional, quando o Tribunal Regional Federal, estabeleceu que os alimentos que contêm transgênicos ou são produzidos a partir deles devem ser rotulados independentemente do percentual na sua composição. 

A regulamentação em vigor estabelece que a rotulagem deve conter: 

  • símbolo de transgênico na embalagem. A representação é um triângulo amarelo, com a letra T dentro;
  • frase “produto produzido a partir de soja transgênica” ou “contém soja transgênica”;
  • nome da espécie doadora do gene junto à identificação dos ingredientes ou sigla OGM (Organismo Geneticamente Modificado).

É importante ressaltar que a rotulagem não tem relação com a biossegurança dos transgênicos, mas sim com o direito à informação do consumidor. Além disso, é válido lembrar que as alterações genéticas realizadas em organismos transgênicos são pontuais e o gene inserido é formado pelo mesmo DNA encontrado em qualquer ser vivo. 

Dessa forma, quando consumidos por animais ou por seres humanos, são digeridos da mesma maneira que um alimento não transgênico. 

Alimentos transgênicos são seguros

Estima-se que grande parte dos alimentos processados e bebidas contenham pelo menos um ingrediente derivado de soja e milho. Além disso, há muitos anos bactérias, leveduras e fungos transgênicos atuam diretamente nos processos de fermentação, preservação e formação de sabor e aromas de comidas e bebidas.

Diversos estudos já mostraram que as ferramentas empregadas na produção de transgênicos não causam riscos à saúde, sendo que nenhum efeito adverso foi observado após mais de 25 anos de adoção e consumo. 

Dessa forma, é necessário fazer com que as informações sobre alimentos transgênicos cheguem de forma clara para a população. Com isso, será possível promover essas tecnologias em países com altos índices de carência nutricional, evitando os atrasos como o do arroz dourado. Um alimento que poderia estar disponível impedindo casos de perda de visão em crianças subnutridas na Ásia. 

Principais fontes:

Delaney, B.; Goodman, R. E.; Ladics, G. S. Food and Feed Safety of Genetically Engineered Food Crops. Toxicological Science, 2018.

ISAAA. Global Status of Commercialized Biotech/GM Crops in 2018: Biotech Crops Continue to Help Meet the Challenges of Increased Population and Climate Change. ISAAA Brief No. 54, 2019.

 

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