No segundo dia do Senagri, CropLife Brasil debate sobre bioinsumos e capacitação

No segundo dia do Seminário Nacional de Defesa Agropecuária (SENAGRI), a CropLife Brasil marcou presença em dois painéis estratégicos para o futuro da agricultura no país. A entidade participou do debate sobre “Educação Sanitária”, que reforçou a importância da capacitação e da informação para uma produção mais segura, sustentável e alinhada à preservação ambiental, e também moderou o painel sobre as perspectivas da nova Lei de Bioinsumos, destacando os avanços, desafios e oportunidades regulatórias para o setor.
Com moderação de Lucionila Pimentel, diretora da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), o primeiro painel trouxe uma visão integrada entre os setores público, privado, institutos de pesquisa e da academia para fortalecer as boas práticas nas lavouras. Durante a abertura, Lucionila destacou a conquista nacional do Programa Estadual de Erradicação da Mosca-da-Carambola, executado há 18 anos pela Adepará no território paraense, que foi reconhecido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) pela adoção de boas práticas em ações de defesa agropecuária. O termo oficial foi publicado no Diário Oficial da União e contou com o apoio da CropLife Brasil, que intermediou o pedido junto ao Ministério e tem atuado ao lado da agência em diversas frentes de qualificação e orientação técnica.
Claudia Quaglierini, gerente de Sustentabilidade, Biodiversidade e Boas Práticas na CropLife Brasil, foi uma das painelistas e trouxe detalhes da campanha de Boas Práticas Agrícolas, lançada no início deste ano, com o objetivo de conscientizar produtores, trabalhadores rurais, consumidores e outros atores da cadeia produtiva sobre a importância do uso responsável das tecnologias no campo. Trata-se de uma iniciativa permanente que busca fortalecer a relação entre a produção sustentável de alimentos e os desafios globais de sustentabilidade que impactam o agronegócio.
No debate, a gerente destacou a interdependência entre agricultores e apicultores e informou que cerca de 75% das culturas agrícolas no mundo dependem da polinização, realizada por abelhas, moscas, borboletas, morcegos, entre outros agentes naturais. “A flor precisa da abelha, e a abelha da flor. Sem elas, não há alimentação. O agricultor precisa do apicultor — e não há como seguir caminhos separados”, afirmou Claudia.
Ela também compartilhou o trabalho de capacitação, por meio do Conecta CropLife, que disponibiliza gratuitamente o curso Aplicador Legal, sobre o uso seguro e correto de insumos, desenvolvido com conteúdos práticos, videoaulas e linguagem acessível para todos os públicos.
Betina Blochtein, coordenadora do Observatório Brasileiro de Abelhas, trouxe a contribuição da ciência e da academia ao apresentar o funcionamento da iniciativa que monitora perdas de colmeias. Ela relatou o impacto das recentes enchentes do Rio Grande do Sul, que causaram a perda de mais de 21 mil colmeias em 88 municípios. “Pensamos não só na recuperação, mas também em medidas para prevenir futuros eventos extremos, como queimadas. Nosso objetivo é expandir o observatório nacionalmente e fortalecer a convivência entre agricultura e apicultura”, afirmou.
Encerrando o ciclo de apresentações do painel, Isadora do Nascimento, representante da empresa da Gowan Brasil, abordou a responsabilidade do setor privado na promoção da educação sanitária, principalmente entre pequenos produtores com baixa escolaridade. A empresa tem investido em capacitações presenciais, distribuição de EPIs e materiais educativos, como histórias em quadrinhos voltadas à conscientização. “Muitos produtores não usam EPIs por falta de informação ou acesso. Adaptar a linguagem e estar presente no campo faz toda a diferença”, explicou.
Bioinsumos
Já no segundo debate, a gerente regulatória da CLB, Nadia Hage, conduziu as discussões sobre as perspectivas da nova Lei de Bioinsumos que reuniu representantes da indústria, especialistas e autoridades públicas para analisar o cenário atual e os caminhos futuros para o uso seguro e eficiente dos produtos biológicos. A importância de uma fiscalização eficaz, os desafios de harmonização regulatória, além das boas práticas de fabricação e controle de qualidade, foram temas centrais da conversa.

“Esse painel mostrou como o diálogo entre setor público, indústria e especialistas é essencial para que a nova lei de bioinsumos avance com equilíbrio, segurança e eficiência”, comentou Nadia.