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Proteção das florestas é essencial para nosso desenvolvimento

Sistemas de certificação asseguram boas práticas agrícolas no Brasil e a proteção das florestas

O manejo sustentável já faz parte da estratégia de preservação das florestas brasileiras. O Dia de Proteção às Florestas, 17 de julho,  foi criado para lembrarmos da importância de sua conservação, aumentando sua proteção nos diferentes biomas.

A floresta preservada auxilia na mitigação das mudanças climáticas, regula os cursos d’água, mantém os regimes de chuvas e preserva a biodiversidade.

Talvez você não saiba, mas no dia a dia nos deparamos com muitos produtos originados de florestas nativas e das plantações florestais. Dentre essas florestas, podemos dividir a sua finalidade, como as produtoras de madeira – que originam papéis; embalagens; rolhas; mesas; camas, portas etc. – e, florestas para fins extrativistas, onde temos como exemplos o açaí; erva-mate; castanha do Brasil, babaçu, entre outros.

Proteção de florestas: Foto aérea de mata que envolve uma aldeia Suruí

Foto aérea de mata que envolve uma aldeia Suruí.

Para garantir a sustentabilidade desses produtos, temos, no Brasil, o Plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas, que serve como incentivo para florestas plantadas e preservação da vegetação nativa. A meta é acrescentar 2 milhões de hectares aos 9,98 milhões de florestas plantadas já existentes até 2030, o que significa crescer 20% da área atual.

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Além disso, para garantir que o produto florestal seja originado de manejo sustentável, há vários sistemas de certificação no país. Um dos mais importantes é o Forest Stewardship Council (FSC), ou Conselho de Manejo Florestal em português.

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O FSC é uma ONG internacional sem fins lucrativos que, desde 1994, promove o manejo florestal responsável por meio de um rigoroso sistema de certificação. Atualmente, está presente em mais de 80 países.

Para conhecer mais sobre esse trabalho, a CropLife Brasil conversou com a diretora-executiva do FSC Brasil, Daniela Teixeira Vilela. Daniela é engenheira florestal formada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP), com especialização em Sistemas de Gestão da Qualidade pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e atuação em empresas e instituições.

O que é e como obter o selo FSC?

O selo FSC é uma ferramenta econômica de desenvolvimento sustentável e controle da produção florestal cujo objetivo é orientar o consumidor em suas decisões de compra. Em suma, por meio da sua logomarca, ele oferece uma ligação confiável entre a produção e o consumo responsável de produtos florestais, permitindo que consumidores e empresas tomem decisões em prol das pessoas e do ambiente.

Qualquer organização que faça parte da cadeia produtiva de produtos florestais é elegível para certificação. E para obtê-la é necessário passar pelo processo de certificação.

Esse processo envolve, num primeiro momento, a adoção de uma série de procedimentos e regras de conduta por parte do empreendimento que busca ser certificado e, depois, uma auditoria realizada por certificadora credenciada. O FSC é o sistema, ele não certifica. Então, quem tem esse interesse precisa entrar em contato com uma certificadora credenciada.

Proteção de florestas: Foto de castanhas ao fundo e saca de castanhas com o selo FSC em primeiro plano. Produto certificado produzido pela aldeia Lapetanha, em Rondônia.

Saca de castanhas com selo FSC de certificação.

Como funcionam as principais categorias de certificação?

As principais categorias de certificação são o Manejo Florestal (FM), a Cadeia de Custódia (CoC) e a Madeira Controlada (CW).

O FM verifica se as empresas manejam a floresta de maneira responsável, de acordo com os princípios e critérios da certificação FSC.

A CoC se acompanha a rastreabilidade da matéria-prima que sai da floresta por todas as etapas do processo produtivo, ou seja, os produtos que levam o selo FSC foram de fato produzidos a partir de matérias-primas florestais certificadas ou controladas.

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E a CW verifica se os produtos florestais provenientes de florestas não certificadas evitam fontes controversas, permitindo sua associação com produtos florestais certificados FSC, que são etiquetados com o selo FSC Misto.

Qual a importância de se ter uma certificação para a proteção das florestas? O que diferencia uma madeira certificada de uma legal?

Toda madeira certificada é legal, mas nem toda madeira legal é certificada, porque a certificação tem mais exigências. A madeira legal é extraída mediante um plano de manejo aprovado pelo órgão ambiental. No transporte até o comprador, o produto precisa ter a documentação emitida pelo sistema de controle do governo.

Proteção de florestas: Foto da área do Amazonbai, primeiro (e ainda único) açaizal certificado do mundo, localizado no arquipélago de Bailique, no Amapá.

Foto da área do Amazonbai, primeiro (e ainda único) açaizal certificado do mundo, localizado no arquipélago de Bailique, no Amapá.

A madeira certificada FSC também é legal, mas, além disso, assegura benefícios sociais, ambientais e econômicos, contemplando direitos sociais dos trabalhadores e comunidades, respeito aos povos indígenas, a conservação do solo e da biodiversidade, controle no uso de agrotóxicos, enfim, uma série de princípios e critérios que precisam ser cumpridos.

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Já a madeira ilegal é aquela que carrega um histórico de agressão, exploração, desmatamento, falta de preocupação com o meio ambiente, desrespeito aos trabalhadores e aos povos indígenas e comunidades. Ela costuma ser mais barata, porque não considera todos esses “custos” que, no futuro, ou hoje mesmo, todos nós pagamos.

Parar de consumir madeira não é a solução e não contribui para frear o desmatamento. Mas saber qual é a sua origem, sim, faz diferença.

Pode apontar as vantagens da madeira certificada para o produtor e para o consumidor?

Talvez o principal motivo para o produtor seja a própria continuidade do negócio. Como o manejo florestal responsável respeita o equilíbrio da floresta, você consegue manter aquele mesmo pedaço de terra produzindo por muito mais tempo. Existe um planejamento para a realização do manejo considerando as espécies existentes, madeireiras e não madeireiras, o que permite o melhor uso desses recursos.

Além disso, se o produtor conserva, ele pode obter recursos financeiros de outras fontes, como novos produtos, serviços ecossistêmicos, turismo, subsídios, linhas de crédito mais baratas e patrocínios.

Há ainda outras vantagens, como a valorização e reconhecimento do produto, pelos próprios produtores e por clientes, a diminuição dos acidentes de trabalho, o aumento da produtividade, a melhoria de processos internos e a maior consciência ambiental e social.

Na outra ponta, a certificação FSC funciona como um meio de reconhecer empresas que atuam em respeito ao princípio da sustentabilidade por meio de uma produção florestal responsável. Esse reconhecimento é apresentado ao mercado por meio do selo, e investidores, stakeholders e os próprios consumidores podem identificar as empresas que contribuem para a proteção dos recursos naturais, escolhendo de forma consciente um investimento mais sustentável e valoroso.

Como está o Brasil no sistema FSC?

Hoje o Brasil é o quinto país em área certificada. Temos mais de 8 milhões de hectares certificados, entre florestas nativas e plantações florestais. E quase 1500 certificados de cadeia de custódia, que incluem gráficas, editoras, marcenarias, fábricas, dentre outros.

Proteção de florestas: Foto da área de plantio da Ervateira Putinguense.

Propriedade gaúcha produtora de erva-mate com certificação FSC.

Como o país pode aprimorar a certificação?

Nos últimos dez anos (2011-2021), aqui no Brasil, temos visto um aumento de pequenos produtores. Nesse período, a área total certificada aumentou 24%, enquanto o número de certificados avançou 84%, o que indica um incremento de áreas menores. Houve também uma diversificação para além da madeira, com a certificação de erva-mate, castanha, açaí e óleos essenciais.

E este é um desafio para nós e para o setor como um todo: incluir os pequenos, que são parte muito significativa do setor florestal, e aumentar essa diversificação não apenas tirando pressão de algumas espécies de madeira mais visadas, mas também olhando a floresta de forma mais ampla em todo o seu potencial.

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