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Preservação das tecnologias Bt: um compromisso com a sustentabilidade agrícola

A biotecnologia de resistência a insetos, também conhecida como tecnologia Bt (Bacillus thuringensis) é uma medida de manejo muito eficiente e vantajosa para se enfrentar um dos maiores desafios da agricultura: o ataque de insetos às plantações. 

Logo, é indiscutível a contribuição das culturas Bt na redução de danos causados por vários insetos-praga nas lavouras. Essas culturas apresentam resistência a lagartas e larvas de besouros nas culturas do algodão, milho, soja e cana-de-açúcar.

Por isso, a CropLife Brasil, lança, nesta terça-feira, 30 de novembro, uma campanha de conscientização sobre a preservação das tecnologias Bt. 

Com o mote “Diga SIM para o refúgio”, a iniciativa pretende alertar sobre a importância das áreas de refúgio para não se perder os benefícios das lavouras Bt no Brasil .

A introdução das plantas resistentes a insetos no Brasil ocorreu em 2005, com a aprovação de uma variedade de algodão Bt, possibilitada pela Lei de Biossegurança (Lei 11.105). Em 2007 foi aprovado o milho Bt, em 2010, a soja e, em 2017, a cana-de-açúcar. 

Atualmente a tecnologia Bt é amplamente adotada, principalmente pela sua praticidade no Manejo Integrado de Pragas (MIP). No entanto, a utilização dessa tecnologia exige uma medida específica para continuar efetiva ao longo do tempo, são as áreas de refúgio

O que significa tecnologia Bt e como ela funciona?

 

Tecnologia Bt é o termo utilizado para as plantas transgênicas, ou seja, melhoradas por meio de técnicas da biologia molecular que conferem resistência dessas plantas a determinados insetos-praga.

O termo Bt é composto pelas iniciais do nome científico da bactéria Bacillus thuringiensis. É um microrganismo, encontrado naturalmente no solo que produz proteínas tóxicas para alguns insetos, mas não tem efeito sobre outros organismos. 

Os cientistas identificaram no genoma da bactéria o gene responsável pela expressão da proteína inseticida. O gene foi introduzido em plantas de interesse agronômico, como a soja, o milho, o algodão e a cana-de-açúcar para que essas plantas também fossem capazes de expressar a proteína com ação inseticida e resistir ao ataque de insetos. Por essa razão, cada uma das culturas que receberam esse gene também é chamada de Bt.

A tecnologia Bt é eficiente no controle de pragas e ainda ajuda a preservar o meio ambiente

 

Produtores aderiram rapidamente às culturas Bt devido aos seus benefícios. Com a considerável redução das perdas com ataques de insetos, o uso dessas plantas diminui drasticamente o número de pulverizações com inseticidas. Dessa forma, o uso dessa tecnologia proporciona vantagens em termos de produtividade, aumentando a margem de lucro do produtor. Somado a esses fatores, os estudos mostram as vantagens em ganhos ambientais. 

Em 15 de julho de 2020, a PG Economics, consultoria inglesa especializada em agricultura, publicou seu relatório anual sobre o impacto econômico e ambiental global da produção de transgênicos. O novo estudo analisou 23 anos de uso dos transgênicos e apontou que esses alimentos contribuem para a preservação do meio ambiente e são mais rentáveis do que os convencionais. Em 2018, por exemplo, para cada dólar extra investido em sementes transgênicas, o agricultor ganhou, em média, US $3,75 a mais, na comparação com os cultivos convencionais. Entre os benefícios do cultivo de transgênicos apontados pelo estudo, cabe destacar que: 

– 23 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) deixaram de ser emitidas em 2018. O volume poupado equivale ao produzido por 15,5 milhões de carros; 

– 776 mil toneladas de ingredientes ativos de defensivos químicos não foram usadas no campo, incluindo inseticidas e herbicidas, uma redução global de 8,6% para o período entre 1996 e 2018. Isso é igual a mais de 1,6 vezes o uso total de defensivos agrícolas da China a cada ano. 

– Ao longo de 23 anos de utilização, a biotecnologia rendeu uma produção adicional de 278 milhões de toneladas de soja, 498 milhões de toneladas de milho, 32,6 milhões de toneladas de algodão e 14 milhões de toneladas de canola; 

– A maior produtividade e a diminuição no uso de defensivos estão relacionadas à menor emissão de CO2. Sem a necessidade de máquinas para aplicação de defensivos agrícolas, reduziu-se também o consumo de combustível.

A perda da eficácia da tecnologia Bt é uma ameaça à produção agrícola

 

O uso da tecnologia em áreas extensas e por várias safras exerce uma pressão de seleção sobre os raros indivíduos naturalmente resistentes. Isso faz com que esses insetos sobrevivam e se tornem a maioria da população após algumas gerações, levando à perda de eficácia da tecnologia. 

Assim como para qualquer outra estratégia de controle de pragas, a tecnologia Bt demanda um programa de Manejo de Resistência de Insetos adequado. Deste modo, é extremamente importante a adoção de boas práticas agronômicas em culturas Bt, a fim de preservar a população de pragas suscetíveis às proteínas inseticidas. 

Plantações de culturas Bt, como milho, soja, algodão e cana-de-açúcar, precisam manter uma área da lavoura somente com plantas convencionais não transgênicas. Essa área é conhecida como refúgio, pois ela irá preservar uma população de insetos não resistentes capazes de manter um equilíbrio ecológico, evitando a ocorrência de resistência e consequente ineficácia da tecnologia.

A implantação da área de refúgio deve ser considerada como um investimento pelo produtor e não uma despesa, como muitos argumentam. A perda da tecnologia pode implicar em maior custo de produção pela necessidade de manejo de pragas pelos métodos convencionais, perda de comodidade e da rentabilidade das lavouras.

Banner da campanha de tecnologia BT - Diga Sim para o Refúgio

Acesse aqui e diga SIM para o Refúgio!

Como fazer o refúgio

Para que o refúgio seja efetivo, deve ser estruturado e instalado seguindo alguns cuidados:

 

Principais fontes:

https://www.irac-br.org/gbio

Mendoza-Almanza, G., et al.  The Cytocidal Spectrum of Bacillus thuringiensis Toxins: From Insects to Human Cancer Cells. Toxins, 2020.

Peng, Q., Yu, Q., e Song, F. Expression of cry genes in Bacillus thuringiensis biotechnology. Applied Microbiology and Biotechnology, 2019.

PG Economics, Environmental impacts of genetically modified (GM) crop use 1996–2018: impacts on pesticide use and carbon emissions, 2020.

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