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Perda e desperdício de alimentos

Descubra a atual situação e soluções para redução na perda e desperdício global de alimentos.

Você sabia que todo ano um terço dos alimentos produzidos são perdidos ou desperdiçados? Essa situação acontece em paralelo ao crescimento da população mundial e aumento de pessoas em insegurança alimentar – 9,9% da população global passou fome em 2020.

Como se já não fosse o bastante, o alimento desperdiçado é uma importante fonte de emissões de carbono (CO2) e, por isso, também é considerado um problema ambiental.

A temática “perda e desperdícios de alimentos (PDA)” faz parte dos principais desafios globais identificados pela Organização das Nações Unidas (ONU), integrando o Objetivo Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 12 “produção e consumo responsável”.

É um problema grave e de difícil solução

Mesmo com a disponibilidade de tecnologias modernas e políticas públicas para redução da PDA, estima-se que 1,3 bilhões de toneladas de alimentos tenham sido perdidos ou desperdiçados a cada ano, por pelo menos uma década – o que representa 1/3 de todo alimento produzido.

Por isso, desde 2019, o dia 29 de setembro foi adotado como Dia Internacional da Conscientização sobre a Perda e o Desperdício de Alimentos um apelo à ação para entidades públicas, privadas e consumidores de todo o sistema alimentar, para trabalhar juntos na redução da perda e do desperdício de alimentos.

Infográfico mostrando onde ocorre a perda e o desperdício de alimentos, da produção ao consumo

A perda e o desperdício acontecem de várias formas

A perda e o desperdício começam no campo. Grãos, frutas, vegetais e outros alimentos que foram deteriorados pelo ataque de pragas, temperatura ou doenças; que foram deixados na lavoura por conta de uma colheita malsucedida; que estragaram durante o armazenamento, transporte e distribuição – principalmente por falta de refrigeração adequada –descartados por não apresentarem padrão adequado para o varejo, industrialização ou consumo (alimentos “feios”).

Sem deixar de citar que equipamentos de processamento e as embalagens utilizadas nos alimentos industrializados também influenciam consideravelmente no que é perdido ou desperdiçado.

Com tantos fatores a serem considerados é fácil imaginar que as causas da PDA variam em todo o mundo. Dependem de condições climáticas, tecnológicas e culturais de cada país.

Normalmente, países de baixa renda apresentam uma maior concentração de perda de alimentos, enquanto países de renda média e alta possuem um desperdício de alimentos maior do que a perda.

Infográfico com mapa mundi mostrando o desperdício de alimentos separadamente em todas as principais regiões do planeta

 

Gráficos mostrando a perda e desperdício de vegetais, frutas, milho e arroz do campo ao varejo em todo o mundo

Disponibilidade de renda e tecnologia afetam níveis de perdas e desperdícios de alimentos

A disponibilidade e a adoção de tecnologias para proteção de plantas, colheita, conservação e transporte refrigerado dos alimentos é maior em países ricos, reduzindo a perda.

No entanto, nesses países a população também possui maior poder aquisitivo e muitas vezes compra mais do que consome e, assim, desperdiça mais – a maior porcentagem de PDA está concentrada em países ricos, como Estados Unidos, China, Inglaterra entre outros do bloco europeu.

Países em desenvolvimento – com menor acesso a tecnologias e alimentos – tem a PDA concentrada nos estágios iniciais da produção de alimentos (perda). Esses países ainda apresentam um desperdício menor do que o visto nos países ricos.

 

Infográfico mostrando a perda e o desperdício de alimentos durante a cadeia de produção de alimentos, mostrando que a PDA acontece principalmente no transporte e varejo

 

Para combater a PDA global é preciso ampla adoção de tecnologias e conscientização da população sobre o desperdício

Para que o ODS12 seja alcançado é preciso uma transformação do sistema alimentar. Mais agricultores precisam ter acesso a tecnologias para monitoramento da lavoura, colheita, armazenamento e transporte dos alimentos – agricultura digital e incorporação da internet das coisas tem um peso importante aqui.

Precisa haver uma expansão da indústria de alimentos, com melhoria de equipamentos e embalagens para a redução de perdas durante processamento e comercialização.

Nesse sentido, novas tecnologias estão sendo desenvolvidas para monitorar a deterioração dos alimentos, bem como avaliar a maturação das frutas para que o momento de sua venda possa ser avaliado com maior precisão.

Sensores eletrônicos ultrassensíveis estão se mostrando eficientes no monitoramento dos alimentos durante o transporte e armazenamento – são utilizados para coletar informações sobre o frescor dos alimentos e o crescimento de microrganismos.

Tecnologias para monitoramento da qualidade dos alimentos são importantes em todas as etapas do sistema alimentar. Com a função de emitir alerta quando o nível de contaminação química ou biológica ultrapassa o permitido, evitam que alimentos seguros sejam perdidos ou desperdiçados.

Esse tipo de tecnologia também está sendo utilizado para criar rótulos e embalagens de alimentos que mudam de cor, revelando informações sobre o alimento.

Na prática, esses sensores permitem que agricultores, comerciantes e consumidores possam verificar a presença de contaminantes químicos e biológicos antes de colocarem os produtos à venda ou na mesa.

Também estão sendo desenvolvidos aditivos e conservantes biológicos que prolongam a vida útil de muitos alimentos básicos e permitem que os fabricantes de alimentos aumentem os volumes de produção e reduzam o desperdício sem comprometer a qualidade de seus produtos.

Imagem mostrando as principais soluções para reduzir a perda e desperdício de alimentos

 

Proteção das plantas também reduz a perda e desperdício de alimentos

Para quem está na cidade é difícil visualizar a perda de alimentos que acontece durante a produção agrícola, transporte e armazenamento. Tudo que afeta negativamente a produtividade das plantas e longevidade dos alimentos influencia no aumento da PDA.

Afinal, quando os alimentos saem do campo, estão vivos, precisando ser protegidos e conservados. Saiba mais no vídeo abaixo:

Quando tecnologias destinadas à nutrição e proteção de plantas não chegam aos agricultores, maiores serão as perdas causadas pelo ataque, doenças e condições climáticas. O maior acesso a defensivos químicos e biológicos, fertilizantes e cultivares melhoradas geneticamente reduz as perdas no campo.

Nesse sentido a biotecnologia tem sido empregada para desenvolver plantas resistentes a insetos (plantas Bt), frutas e vegetais com maior durabilidade.

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Para que a PDA seja menor durante o transporte é necessário que exista refrigeração constante dos produtos – chamadas de cadeia de frio. Cadeias de frio quebradas são responsáveis por grande parte do desperdício de alimentos no mundo – a principal causa no Brasil.

Nos Estados Unidos, apenas 10% dos alimentos transportados acontecem em caminhões sem refrigeração, na China esse número chega a 85%. A refrigeração também é um desafio encontrado nos estágios finais do sistema alimentar, falta de energia e de geladeiras em famílias vulneráveis também impactam consideravelmente no desperdício de alimentos.

Por também serem responsáveis pela manutenção da aparência, frescor e segurança dos alimentos e em resposta à crescente demanda do consumidor por insumos menos artificiais, os bioinsumos também se destacam como tecnologias para preservação.

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A bioproteção é uma inovação que utiliza microrganismos de fermentação melhorada para inibição de contaminantes indesejados, ajudando a retardar a deterioração e aumentando a segurança alimentar de forma natural.

Outra tendência na proteção dos alimentos são as novas embalagens contendo atmosfera modificada onde especialmente o CO2 é usado como agente microbiano e o N2 como antioxidante.

Recalcular rota para reduzir a perda e o desperdício de alimentos

O problema de perda e desperdício é bastante complexo. Para que a redução aconteça de forma efetiva é necessário planejamento e coordenação cuidadosos entre governos, produtores de alimentos, vendedores e consumidores. Em países que estão em desenvolvimento é preciso investir mais em infraestrutura e transporte, inclusive em tecnologias de armazenamento e refrigeração.

Nos países desenvolvidos, a educação dos consumidores, direcionada à mudança de comportamento na compra e descarte de alimentos, é essencial.

É preciso lembrar que os alimentos que nunca são consumidos também representam um desperdício de recursos, como terra, água, energia, solo, sementes e outros insumos utilizados em sua produção. Em outras palavras, o ODS12, que enfatiza a produção e o consumo responsável, só será alcançado com a redução das perdas e desperdícios de alimentos.

 

Principais fontes:

ONU. The Sustainable Development Goals Report 2022. 2022.

FAO. Global food losses and food waste – Extent, causes and prevention, 2011.

FAO. Thinking about the future of food safety – A foresight report. 2022.

Ishangulyyev, R., Kim, S. & Lee, S. H. Understanding Food Loss and Waste—Why Are We Losing and Wasting Food? Foods, 2019.

Our world in data. Global food explorer – explore the world’s food system crop-by-crop from production to plate. Disponível em: https://ourworldindata.org/explorers/global-food. Acesso em: 24/09/2022.

Programa das Nações Unidas para o Ambiente (2021). Food Waste Index Report 2021 (Relatório do Índice de Desperdício Alimentar 2021). Nairobi.

UNEP DTU Partnership and United Nations Environment Programme. Reducing Consumer Food Waste Using Green and Digital Technologies. Copenhagen and Nairobi, 2021.

UNEP. Think eat save. Disponível em: https://www.unep.org/thinkeatsave/get-informed/worldwide-food-waste. Acesso em: 20/09/2022.

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