Pacto de Glasgow: compromisso global com o desenvolvimento sustentável
Pacto de Glasgow, acordo climático que atinge a nossa forma de produzir.
Em novembro de 2021, foi realizada a COP26, a maior conferência sobre mudanças climáticas. Após 13 dias de reuniões e negociações, entre os representantes de pelo menos 200 países, foi firmado o Pacto de Glasgow, um acordo que formaliza pontos em aberto do Acordo de Paris e promete acelerar a implementação de medidas para limitar o aquecimento global a 1,5 °C.
COP26: o clima do mundo está mudando, e a nossa agricultura é parte da solução
O que é o Pacto de Glasgow?
O Pacto de Glasgow é um documento produzido como resultado de todas as negociações que aconteceram durante a vigésima sexta Conferência das Partes (COP26). Esse novo acordo climático seguiu os passos do Acordo de Paris de 2015 e deve implicar no aumento de práticas reais que limitem o aquecimento a 1,5 °C.
Para isso, o Pacto de Glasgow foca em aumentar o comprometimento dos países em metas mais ousadas para adaptação, mitigação, financiamento e colaboração. O grande objetivo é reduzir as emissões globais de carbono em 45% até 2030 em relação ao nível de 2010 e a obtenção de emissões zero em meados do século, bem como reduções significativas de outros gases de efeito estufa.
As mudanças climáticas não podem parar a agricultura
Além disso, o Pacto de Glasgow é o primeiro a buscar a eliminação do uso de combustíveis fósseis, começando pela energia proveniente de usinas de carvão. Sem deixar de mencionar que na ocasião, também foram aprovadas as regras sobre os mercados de carbono, que estavam em discussão desde 2015.
Conheça as quatro grandes áreas de combate ao aquecimento global
- Mitigação: ações que visem à redução de emissões de gases do efeito estufa;
- Adaptação: medidas para ajudar regiões que já sofrem com o impacto das mudanças climáticas;
- Finanças: investimentos de países desenvolvidos em países em desenvolvimento que sofrem os efeitos destruidores causados pelas mudanças climáticas;
- Colaboração: planejamento em conjunto para alcançar resultados mais impactantes.
Com isso, o Pacto Climático de Glasgow enfatiza a importância dos direitos humanos e da colaboração entre os setores e todas as partes da sociedade para realizar ações climáticas eficazes e promover uma transição energética justa.
Em outras palavras, o Pacto de Glasgow aborda a necessidade de adoção de ações para transformarmos o nosso modo de vida em algo sustentável. Por exemplo, maior acesso a uma matriz energética renovável, derivada da energia solar, alimentos produzidos com emissão de carbono neutro e automóveis com emissão zero.
Há muitas oportunidades para o Brasil
Neste contexto, o Brasil é um dos países que tem tudo para se destacar nos próximos anos. A definição sobre o mercado de carbono pode fazer com que o país finalmente se torne um grande exportador de créditos de carbono não apenas pelo potencial da Amazônia, mas também por meio de projetos de energia renovável e de uma agricultura de baixo carbono.
Enquanto mais de 80% da energia utilizada no mundo vem de fontes não renováveis, no Brasil esse percentual cai para 48,4%. Sendo a principal fonte a biomassa de cana-de-açúcar. Resultado de Políticas como o RenovaBio que promovem a produção e adoção de energias renováveis. No entanto é preciso avançar, ousar e cumprir as metas de mitigação e adaptação.
RenovaBio: o maior programa de descarbonização do mundo
Nesse sentido, a agricultura de baixo carbono tem muito a oferecer. O Plano ABC +, também uma política pública, pretende expandir a adoção de tecnologias capazes de mitigar a emissão de carbono em áreas de produção agropecuária e de recuperar (adaptar) áreas degradas garantindo novas áreas para produção sem que haja desmatamento. A expectativa é de que cerca de 1,1 bilhão de toneladas de carbono deixem de ser emitidos, até 2030.
Conheça o Plano ABC+
No entanto, para que os nossos créditos de carbono tenham valor é necessário que a indústria e produtores adotem o Código Florestal e se comprometam a zerar o desmatamento ilegal no país.
E, para mostrar que isso é possível, um estudo realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica, o Imaflora e o SEEG/Observatório do Clima revela que, com as tecnologias e conhecimentos que já temos, poderemos alcançar a neutralidade em emissões de carbono até 2050 no Bioma Mata Atlântica. Para isso é preciso promover a adoção de agricultura de baixo carbono (ou seja, seguir com as práticas propostas pelo plano ABC +), eliminar o desmatamento, fazer a substituição dos combustíveis fósseis por renováveis, promover a restauração florestal e melhorar o tratamento de resíduos (esgoto e lixo). Esse é o caminho para uma verdadeira economia verde.
Principais fontes:
Plano Setorial para Adaptação à Mudança do Clima e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária com Vistas ao Desenvolvimento Sustentável (2020-2030). Visão estratégica para um novo ciclo. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sustentabilidade/plano-abc/arquivo-publicacoes-plano-abc/abc-portugues.pdf. Acesso em 25/04/2022.
SOS Mata Atlântica. Contribuição da Mata Atlântica para a NDC brasileira: análise histórica das emissões de GEE e potencial de mitigação até 2050. Outubro, 2021.
United Nations. COP26: THE GLASGOW CLIMATE PACT. Disponível em: https://ukcop26.org/wp-content/uploads/2021/11/COP26-Presidency-Outcomes-The-Climate-Pact.pdf. Acesso em 29/04/2022.