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Japão e Brasil guardam uma longa história de intercâmbio na agricultura

Você já deve ter ouvido falar que o Brasil é o país que abriga a maior comunidade japonesa fora do Japão. Mas, é provável que nunca tenha pensado no quanto essa característica tem a ver com os nossos hábitos alimentares. Pois saiba, a variedade de alimentos que temos hoje em nosso dia a dia tem forte influência de imigrantes japoneses que vieram para o Brasil no início do século passado.

Os imigrantes, que chegaram para trabalhar nas plantações de café, tiveram importante participação na horticultura, fruticultura, no cultivo de arroz e ainda compartilharam conhecimentos sobre o manejo agrícola. Participaram ativamente no melhoramento da soja, permitindo sua expansão no cerrado, hoje, maior região produtora do país.

Portanto, a presença da comunidade japonesa foi decisiva para que o Brasil se destacasse, atualmente, como um dos maiores produtores de alimentos do mundo.

Como forma de celebrar a parceria entre o Japão e o Brasil, produzimos uma versão do Atlas do Agronegócio Brasileiro: Uma Jornada Sustentável em japonês. Esperamos que o material ajude a levar boas histórias e dados sobre o desenvolvimento agrícola brasileiro para quem marcou a nossa história.

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Das lavouras de café ao consumo de hortaliças e cooperativismo

Quando os japoneses aqui chegaram no início do século XX, o país passava por uma crise econômica de café, açúcar e cacau e estava se organizando para aumentar sua eficiência de produção e atendimento às demandas mundiais. A contribuição desses imigrantes foi decisiva para posicionar o Brasil como maior produtor e exportador de café.

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Mas a participação dos imigrantes japoneses não ficou restrita às lavouras de café. Sem eles, a nossa alimentação seria mais limitada pois, introduziram o cultivo de diversos produtos agrícolas que não conhecíamos no Brasil. Alimentos como cebolinha, couve, pepino japonês, berinjela, acelga, caqui, ameixa, uva, pera e maçã foram difundidos no país pela população japonesa.

Esses imigrantes revolucionaram a forma como se produzia no Brasil, criando um modelo de produção em torno das grandes cidades. Tudo isso facilitou o abastecimento dos centros de consumo, permitindo a melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro. A formação do Cinturão Verde em municípios do estado de São Paulo, ainda na primeira metade do século passado, posicionou a região como principal fornecedora de hortaliças para a capital paulista.

Também nessa época, os japoneses iniciaram no Brasil um novo conceito de associativismo, permitindo aos pequenos produtores atingirem escala e organização de suas produções. Foram fundamentais para a expansão das cooperativas no país, uma contribuição valiosa para fortalecer o agronegócio internamente e produzir alimentos de forma diversificada e voltada para a mesa dos consumidores brasileiros.

Novas formas de manejo do sistema agrícola e expansão da soja no Cerrado

Foram os imigrantes japoneses que trouxeram algumas técnicas muito utilizadas na agricultura sustentável, como o emprego de microrganismos para tratamento do solo (adubação) e combate a pragas das lavouras. Foram também os principais contribuintes para a implantação de uma agricultura intensiva, permitindo otimizar determinado espaço para obter mais produtos, ou seja, melhoria da produtividade. No Japão, essa técnica era utilizada por conta de sua pequena extensão territorial.

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A contribuição japonesa também marcou um passado mais recente. Na década de 1970, uma demanda muito grande do Japão por grãos, principalmente os proteicos, como a soja, deu origem a um acordo entre os governos japonês e brasileiro para desenvolver a produção de grãos no Centro-Oeste do Brasil. Assim iniciou um programa que ficou conhecido como Proceder (Programa de Desenvolvimento do Cerrado).

Naquela época a região do Cerrado brasileiro era pouco explorada e considerada de solo ruim para a agricultura. No entanto, com a ativa participação dos japoneses e seus descendentes o Proceder organizou várias cooperativas na região.  Em paralelo, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por meio de pesquisas sobre a cultura da soja, viabilizaram o Cerrado como área propícia para o cultivo da soja.

Hoje, a soja, que tinha seu cultivo limitado à região Sul do Brasil, é plantada em todo o país, tornando-se nosso principal produto de exportação.

Atlas Japonês

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Japão: um grande parceiro de mercado

O Japão está entre os principais destinos das exportações brasileiras e é considerado o maior importador líquido de produtos alimentícios do mundo. De acordo com as estatísticas de comércio exterior do Brasil (COMEX STAT), em 2021 foram exportados 5,5 bilhões de dólares para o país. Já as exportações de produtos japoneses para o Brasil somaram 5,2 bilhões de dólares, o que representa uma corrente de comércio entre o Brasil e o Japão de mais de 10 bilhões de dólares. Entre os produtos brasileiros de maior consumo pelo país está o milho, a carne de frango, o café e a soja.

O Brasil e o Japão possuem intercâmbio comercial considerado forte, mas desde 1895, os tratados e acordos celebrados entre os países são inúmeros. O Japão necessita importar produtos alimentícios e matéria-prima para atingir seus critérios de segurança alimentar. Em contrapartida, o Brasil tem grande extensão territorial com potencial de expandir ainda mais sua produção agrícola. A expectativa é que a demanda japonesa por alimentos aumente, em função da elevada concentração da população nas áreas urbanas e do declínio da produção agrícola, resultado, principalmente, da baixa capacidade de atração de jovens para este setor da economia.

Principais fontes:

Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC/ Comex Stat). Disponível em: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/geral Acesso em 25 jan. 2022.

Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil). Disponível em: https://investexportbrasil.dpr.gov.br/arquivos/Publicacoes/ComoExportar/CEXJapao.pdf Acesso em 24 jan. 2022.

Lourenção, G.V. Dos mares do Japão às terras brasileiras. Tomo. n. 26 jan/jun. 2015.

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