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Café, nosso ouro verde

Dia 14 de abril é o dia mundial do café, uma boa razão para relembrarmos que a cultura do café foi fundamental para o desenvolvimento econômico do país, ergueu cidades, gerou fortunas e conquistou o mercado internacional.

Tem jeito melhor de começar o dia do que com uma boa xícara de café?  A bebida, uma das mais populares do planeta, além de saborosa faz bem à saúde. Os grãos são ricos em antioxidantes, vitaminas, minerais, sem falar da cafeína, um estimulante natural.

As histórias relacionadas à origem do café são tão deliciosas quanto a bebida.

A planta é nativa da Etiópia, na África, e reza a lenda local que foi “descoberta” por um pastor de cabras chamado Kaldi. Ele teria percebido que os animais ficavam “animados” e cheios de energia quando comiam as folhas e frutos de um arbusto que crescia nas florestas da região. Intrigado, Kaldi levou amostras da planta para um monge que, inicialmente, não aprovou o efeito que ela causava nas cabras. “É um trabalho do diabo”, teria decretado o religioso que, para dar fim à conversa, atirou as amostras no fogo. Porém, o cheiro dos grãos torrando seduziu os monges que passavam por perto. E eles passaram a preparar e consumir infusões feitas com os frutinhos vermelho-amarelados.

Lendas à parte, os registros mostram que os primeiros cultivos de café foram feitos no Iêmen, na Arábia. Mas foi aqui no Brasil que a planta encontrou as condições ideais para se tornar uma das principais comodities agrícolas do mundo.

Três séculos de história

As primeiras mudas de café chegaram ao Pará em 1727. Apesar de crescerem bem, o ambiente amazônico não era ideal para a cultura. Como o consumo de café disparava na Europa e nos Estados Unidos, exigindo aumento de produção, a planta foi levada para o Rio de Janeiro de onde se espalhou por São Paulo e  Minas Gerais. Assim começou um importante ciclo econômico da história do Brasil. No rastro de sua trajetória, a cafeicultura fez nascer cidades e grandes fortunas. Em algumas décadas, o país se transformou no maior produtor mundial de café, posição que ocupa até hoje.

Durante quase 3 séculos, os cafeicultores brasileiros se preocuparam mais com quantidade do que com qualidade. Por conta disso, países com produção muito menor, mas com investimento em qualidade e em marketing, ganharam fama pelo tipo de café que colocavam no mercado.

Nos últimos 20 anos, no entanto, esse cenário vem mudando radicalmente no Brasil. Com o uso de tecnologia, e muita dedicação, a qualidade entrou de vez na pauta dos produtores nacionais.

Cafés especiais

O chamado “café especial” surgiu na década de 1980, com a fundação da SCAA – Specialty Coffee Association of America (Associação Americana de Café Especiais), formada por pessoas ligadas à indústria do café dos Estados Unidos que, na época, estavam preocupadas com a perda de consumidores.

A associação criou uma metodologia para avaliar cafés, baseada no conceito de que a bebida tem que ter grande qualidade, ser rara e muito específica. Dessa forma, os provadores que seguem o método SCAA dão notas para diversos parâmetros como sabor, corpo, aroma, retrogosto, entre muitos outros. Cafés que ultrapassem 80 pontos, numa escala de 0 a 100, são considerados especiais.

Não há dados oficiais, mas estima-se que apenas entre 5 e 8% dos cafés brasileiros sejam especiais. Pode parecer pouco, “mas considerando a produção média nacional, em torno de 55 milhões de sacas anuais, estamos falando de mais de 2 milhões de sacas de café especial no Brasil. Isso é mais do que colhem 6 países produtores de café da América Central juntos”, diz Ensei Neto, engenheiro químico, e um dos principais especialistas em qualidade sensorial de bebidas do país.

Ensei Neto, dia mundial do café

Mudança de mentalidade

Para Ensei Neto, o Brasil sempre produziu bons cafés, mas faltava investimento em divulgação no mercado internacional. Porém, a quantidade hoje é bem maior do que no passado.

Isso se deve ao desenvolvimento e adoção de tecnologias, como novas variedades, plantio orientado pelo movimento solar, cuidados na colheita e secagem dos grãos, mas, especialmente, à mudança de mentalidade do produtor.

“Medidas simples, como a colocação de colmeias de abelhas no cafezal, para melhorar a polinização das flores, têm trazido excelentes resultados. Além de aumentar a produtividade, como as abelhas trabalham ao mesmo tempo, proporcionam uma maturação mais uniforme dos frutos. E quanto mais uniformidade, mais qualidade, porque teremos menos grãos verdes na hora da colheita. E isso é fundamental para a qualidade,” explica Neto.

Para o especialista, no entanto, a grande vantagem do Brasil sobre os outros países é a diversidade de clima, solo e topografia.

“Para se ter ideia, temos cafezais em latitudes que variam de 5 a 24 graus, desde o Paraná até o Ceará. São solos, altitudes, regime de chuvas e temperaturas diferentes. Produzimos café sombreado na Amazônia, em regiões secas como o cerrado mineiro, em áreas montanhosas com clima temperado. E isso confere uma enorme diversidade de tipos de café e, portanto, de bebida. É uma riqueza fantástica que nenhum outro país tem”, conclui Ensei Neto.

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