Conheça o sorgo, um cereal presente no seu dia a dia

Com versatilidade e menores custos de produção, o sorgo vem ganhando espaço na produção agrícola mundial

Você já deve ter ouvido falar sobre o sorgo. Mas, talvez não saiba ao certo para que ele é cultivado e que benefícios podemos obter a partir do seu cultivo. Por ser bastante versátil e vantajosa, a cultura do sorgo vem ganhando cada vez mais espaço na agricultura brasileira e em vários outros países do mundo.

O sorgo se destaca no setor agropecuário por ser produtivo, energético, de fácil digestão, adaptação a diversos ambientes, e utilizado para múltiplos fins como silagem, pastejo, rações animais e até mesmo para consumo humano. Outra vantagem dessa cultura é a menor incidência de micotoxinas nos grãos quando comparado ao milho. Essa característica lhe confere grande vantagem como ingrediente de rações para animais domésticos, aves e suínos, que são muito sensíveis à presença dessas substâncias. Além disso, dado o seu alto valor nutricional, também contribui para a segurança alimentar, como alimento básico para milhões de pessoas, especialmente na África e na Ásia.

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Principais tipos de sorgo, características da cultura e consumo pelos países

Os principais tipos de sorgo cultivados são o granífero (para produção de grãos), utilizado para alimentação animal, humana e etanol; o sorgo forrageiro para produção de silagem e alimentação animal; o sorgo sacarino para produção de etanol; sorgo de corte e pastejo, para uso direto como forragem; o sorgo vassoura, para produção de vassoura artesanal; e o sorgo biomassa, que pode ser utilizado como fonte de energia térmica em usinas, ou para palhada no sistema de plantio direto.

Uma cultura com características promissoras para a agricultura mundial

1. Lavouras com elevada estabilidade e rusticidade

O sorgo se adapta às diferentes regiões do Brasil, tanto no Sul como no semiárido do Nordeste e na região Central, com plantios de inverno a verão.

2. Plantas naturalmente tolerantes à seca e estresse hídrico

O sorgo é uma planta altamente resistente a condições de falta de água devido às suas raízes fibrosas que viabilizam menor perda de água para o ambiente. Quando comparado a outros cereis, como o milho e o trigo por exemplo, o sorgo necessita de menor quantidade de água para desenvolver suas funções biológicas. Enquanto o milho e o trigo necessitam de 370 e 500kg de água, respectivamente, para produzir 1kg de matéria seca, o sorgo necessita de apenas 330kg de água. Além disso a cultura apresenta tolerância ao alumínio no solo, o que está diretamente ligada à maior tolerância à seca.

3. Um cereal muito versátil

No Brasil, a cultura do sorgo é utilizada principalmente como ração animal, mas está se tornando popular para uso como forrageira e em produtos alimentícios, por causa da demanda por grãos especiais, para fabricação de produtos sem glúten. Nos Estados Unidos vem substituindo o trigo, o centeio e a cevada em massas, pães e outras receitas, por ser livre de glúten e seguro para celíacos. Sem deixar de citar que o sorgo pode ser usado na produção de etanol, o que já é uma realidade nos Estados Unidos, enquanto na China, vem sendo utilizado na produção de bebidas alcoólicas.

4. Baixo custo de produção

O baixo uso de defensivos em função da elevada resistência e tolerância a pragas dessa cultura, reduz o seu custo de produção quando comparado a outras, como o milho. O custo do sorgo representa menos de 60% do custo de produção do milho, o que favorece seu plantio dentro de cenários de maior risco para o milho.

Com isso, a indústria de produção animal já fez as contas e tem demonstrado grande interesse no sorgo como substituto de outros grãos, sem perdas nutricionais. Inclusive, por se tratar de uma cultura de menor investimento e maior estabilidade vem sendo priorizada na alimentação básica de países em desenvolvimento, como Índia e países africanos.

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Como o melhoramento genético tem contribuído para impulsionar a cultura

De origem africana, o sorgo tem sido melhorado geneticamente ao longo dos anos. Os resultados obtidos com esse melhoramento originaram as diversas variedades de sorgo cultivados atualmente.

Um importante avanço na produção da cultura deve-se pelos maiores rendimentos de híbridos desenvolvidos nos Estados Unidos em meados da década de 1950. No Brasil, as pesquisas iniciaram-se em 1972, com o objetivo principal de desenvolver cultivares para as condições brasileiras.

Por aqui, o melhoramento do sorgo foi alavancado com a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e interação com as Universidades. Atualmente a Embrapa Milho e Sorgo vem desenvolvendo pesquisas com o objetivo de empregar, adaptar e favorecer o desenvolvimento de cultivares. Principalmente do sorgo forrageiro granífero e sacarino com alto rendimento e tolerância a condições de estresses climáticos. O sorgo forrageiro, por exemplo, tem apresentado excelentes resultados, mostrando-se uma cultura de fácil manuseio e elevada produtividade, produção de biomassa, alta qualidade nutricional e de baixo custo para a produção animal.

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Cultura do sorgo no Brasil

No Brasil, os tipos granífero e forrageiro de sorgo são os mais plantados. A maior parte (96%) destina-se à alimentação animal. Mais de 80% da área plantada é em sucessão à soja, no inverno.

A cultura apresenta alto valor nutricional, com potencial para substituição do milho em alimentos de suínos, aves e bovinos, principalmente. Além disso, o sorgo é reconhecido como uma cultura local. Ou seja, a maior parte da produção fica no próprio estado e seu uso é equilibrado entre os principais rebanhos de animais brasileiros.

O sorgo brasileiro também se destaca por sua utilização em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e plantio em áreas para recuperação de pasto degradado, em função do seu sistema radicular profundo.

Tanto o ILPF como a recuperação de pastagens degradadas são tecnologias incentivadas pelo Plano ABC. Trata-se de um programa que visa a mitigação e adaptação às mudanças climáticas para uma agricultura de baixo carbono.

Quanto à área plantada no Brasil, os estados do Goiás, Minas Gerais e São Paulo representam 63% dessa área. Em 2021/22, a produção brasileira de sorgo chegou a 5,54 milhões de toneladas um aumento de 43% nos últimos 10 anos.

O que explica o crescimento do cultivo do sorgo no Brasil?

O sorgo se apresenta como alternativa para o milho quando em condições adversas que incluem: maior custo de produção devido às condições climáticas, pressão de pragas e os desafios apresentados pela cadeia de insumos.

Além disso, com a expansão da produção de aves e suínos no Cerrado, principalmente em MT, MG, GO e MS, se faz necessário o fornecimento de alimentos mais acessíveis para os rebanhos, o que intensifica o cultivo do sorgo. Só nos últimos 40 anos, o rebanho de aves cresceu 430% no Brasil, sendo 570% no Cerrado. Já o crescimento do rebanho de suínos foi de 6% em 40 anos, mas 21% no Cerrado. Tudo isso reforça ainda mais a necessidade de fontes alternativas de alimentação animal nessa região.

Principais fontes:

BLINK. Sorgo tem espaço para crescer deixando se ser uma cultura oportunista? Relatório Bimestral – CropLife Brasil Novembro 2022. Disponível em: https://croplifebrasil.org/publicacoes/cenario-e-perspectivas-para-cadeia-produtiva-de-sorgo/

Melhoramento genético de sorgo / Cicero Beserra de Menezes, editor técnico. – Brasília, DF: Embrapa, 2021. PDF. 546 p. Disponível em: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/1138157 Acesso em: 06 abr. de 2023.

Silva, D.F. et al. (2021) Características morfológicas, melhoramento genético e densidade de plantio das culturas do sorgo e do milho: uma revisão. Research, Society and Development, v. 10, n. 3, e12310313172, 2021 (CC BY 4.0). ISSN 2525-3409. DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v10i3.13172.