Alimentos brasileiros são seguros, afirma Anvisa
Resíduos de pesticidas foram monitorados em 25 alimentos, de um total de 5.068 amostras, contando os ciclos de 2018/2019 e 2022, coletadas nos supermercados de todas as regiões do país
Relatório do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), divulgado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), indica que alimentos que fazem parte da dieta básica no Brasil são seguros quanto aos potenciais riscos de intoxicação aguda e crônica.
De acordo com o documento, que avaliou os ciclos de 2018/2019 e 2022, “foi baixa a ocorrência de situações de exposição dietética a resíduos de agrotóxicos em concentrações que pudessem levar a efeitos adversos à saúde, do ponto de vista agudo.” Em relação à avaliação da exposição crônica, o relatório, que apresentou dados de monitoramento do período de 2013 a 2022, “não identificou extrapolação da Ingestão Diária Aceitável (IDA) para nenhum dos agrotóxicos avaliados.”
O documento aponta ainda que 25% das 1.772 amostras analisadas em 2022 apresentaram inconformidade. Contudo, o diretor da CropLife Brasil, Roberto Araújo, esclarece que esse percentual não significa que os alimentos estejam contaminados, ou seja, com presença de resíduos em níveis que ofereçam risco de intoxicação.
Segundo ele, “um exemplo de inconformidade pode ser a detecção de resíduos de agrotóxicos em produtos orgânicos “uma prática enganosa, mas que não representa risco à saúde humana,” destaca Araújo.
Quais são os riscos à saúde avaliados pela Anvisa?
Em relação a saúde humana, a agência monitora riscos agudos e crônicos de intoxicação. Agudo é o risco de danos à saúde pelo consumo de uma grande porção do alimento contendo resíduo de um determinado agrotóxico em curto espaço de tempo. Já o risco crônico aborda a possibilidade de danos à saúde decorrentes do consumo por toda a vida de diversos alimentos com resíduos de um determinado agrotóxico.
De acordo com o documento da Anvisa, o risco agudo foi identificado em 0,55% e 0,17% das amostras analisadas nos anos de 2018/2019 e 2022. “São percentuais de risco à saúde humana bem menores que os relatados nos anos anteriores, o que demonstra evolução,” comenta o diretor da CLB.
Em nove anos de monitoramento, Anvisa não identificou risco crônico
Em relação ao risco crônico, nenhum dos agrotóxicos pesquisados apresentou exposição pelo consumo de alimentos maior que a ingestão diária aceitável (IDA), parâmetro de referência que representa o nível de segurança do consumo diário de um alimento com resíduo que não causa danos à saúde.
Quase 100% dos ingredientes ativos para os quais foi calculada a exposição crônica alcançou valores percentuais da Ingestão Diária Aceitável (IDA) inferiores a 10% do limite estabelecido pela Anvisa. A avaliação foi realizada considerando 342 tipos de agrotóxicos em 21.735 amostras de 36 alimentos, coletadas entre 2013 e 2022.
Resíduos acima do permitido representam risco à saúde?
Ainda em relação às 25% de amostras identificadas como inconformes, 4% são de alimentos com resíduos acima do Limite Máximo de Resíduo (LMR), dado que verifica se os produtores seguiram corretamente as instruções da bula. “As amostras com resíduos acima do LMR não necessariamente representam potencial de risco à saúde humana. É o que conclui o relatório da Anvisa ao constatar nas análises que os resíduos encontrados estão bem abaixo dos níveis de segurança toxicológicos (menores que 10%),” ressalta Araújo.
Por fim, 0,3%, ou menos de uma amostra, foram de produtos sem registro ou não autorizados no Brasil, 0,06% de produtos não permitidos ou proibidos, e 5,6% com mais de um tipo de inconformidade. “Ao analisar a trajetória do PARA, desde que foi criado pela Anvisa, em 2001, é possível constatar a melhoria dos resultados por meio de um conjunto de medidas de mitigação de riscos que vêm sendo adotadas pela agência e pelos diversos atores da cadeia produtiva de alimentos,” destaca o diretor da CLB.
“Outro bom exemplo é o Programa Nacional de Habilitação de Aplicadores de Agrotóxicos e Afins (Aplicador Legal), uma nova política pública que torna obrigatório o registro e a capacitação de agricultores e trabalhadores rurais no país,” avalia Araújo.
Tecnologia a favor da segurança alimentar
Para o presidente da CropLife Brasil (CLB), Eduardo Leão, os resultados apresentados demonstram uma evolução. “Percebemos uma melhoria ano a ano em relação a qualidade e a segurança dos alimentos de origem vegetal no Brasil. Isso valida a tecnologia dos produtos empregados nas lavouras e as boas práticas agrícolas utilizadas pela maioria dos produtores. Esse relatório atesta o trabalho que realizamos no campo para levar alimentos seguros, saudáveis e sustentáveis para os brasileiros e para mais de 180 países, pelos quais também somos monitorados,” destacou Leão.
Ciclo 2018/2019
- 296 amostras analisadas;
- 74,4% das amostras satisfatórias
- 33,2% das amostras não tinham resíduos;
- 41,2% das amostras com resíduos dentro do limite permitido;
- 25,6% das amostras com inconformidade, que pode ser a presença de agrotóxico não autorizado ou com resíduos acima do limite permitido;
- 0,55%, equivalente a 18 amostras, apresentaram risco agudo;
Ciclo 2022
- 772 amostras analisadas;
- 75% das amostras satisfatórias
- 41,1% das amostras não tinham resíduos;
- 33,9% das amostras com resíduos dentro do limite permitido;
- 25%* das amostras com inconformidade, que pode ser a presença de agrotóxico não autorizado ou com resíduos acima do limite permitido;
- 0,17%, equivalente a 3 amostras, apresentaram risco agudo;
Para saber mais sobre o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, clique aqui.
Confira a apresentação dos resultados e a íntegra do Relatório do Para nos ciclos 2018-2019 e 2022.
(Fotos: Divulgação/CropLife Brasil)