Especialistas avaliam o futuro dos produtos biológicos e apontam caminhos para o Brasil se tornar referência na produção e exportação de tecnologias sustentáveis
O Fórum Bioinsumos Brasil: Inovação para um Futuro Sustentável, promovido pela CropLife Brasil, reuniu especialistas dos setores públicos e privados, produtores rurais, pesquisadores e acadêmicos para discutir sobre o futuro dos bioinsumos no país. Com o objetivo de explorar o mercado desses produtos e identificar oportunidades para expansão nacional e internacional, o evento promoveu o painel “O Brasil como plataforma de produção, consumo e exportação de tecnologias agrícolas sustentáveis”. Os palestrantes trouxeram diferentes perspectivas e visões sobre os desafios que precisam ser superados para consolidar o papel do país no desenvolvimento de inovações de baixo impacto ambiental, além de destacar alternativas para impulsionar a competitividade do setor.
Tatiana Prazeres – Secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC)
O debate foi mediado pela jornalista Lana Canepa, que direcionou perguntas aos participantes. Tatiana Prazeres, Secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), abriu o painel ressaltando a dimensão internacional dos bioinsumos. Ela falou sobre a inserção dos produtos brasileiros no mercado exterior e como essa tecnologia é capaz de fortalecer a imagem do país como potência ambiental. “Os bioinsumos representam a interseção entre o Brasil potência agrícola e o Brasil potência ambiental”, afirmou.
Prazeres ressaltou a necessidade de uma estratégia conjunta entre o setor público e privado para garantir o reconhecimento da produção brasileira no mercado externo. “É crucial que a gente pense em questões regulatórias, infraestrutura e logística. Essas iniciativas precisam ser levadas em conta para que o Brasil seja, de fato, essa plataforma para exportação de bioinsumos e para que cada vez mais a produção agrícola brasileira seja reconhecida no exterior a partir dos seus atributos da sustentabilidade”, completou.
Bruno Lucchi – diretor técnico da CNA
As oportunidades do setor para o produtor rural foram abordadas por Bruno Lucchi, diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA). Ele ressaltou a importância da capacitação e assistência técnica para garantir o uso eficiente dos bioinsumos. “É uma tecnologia nova, e como toda tecnologia nova, precisamos saber utilizá-la de forma correta. A forma de manipulação e aplicação, a segurança para o armazenamento são fundamentais para um melhor aproveitamento. O lado positivo é que os bioinsumos têm uma aceitação muito boa do produtor então não tenho dúvida que vai prosperar”, adiantou. Lucchi também falou sobre a necessidade de crédito e financiamento para o desenvolvimento do setor, além da necessidade de investimentos em pesquisa e da aprovação de um marco legal que garanta segurança jurídica para produtores e empresas.
Ana Carolina Zimmerman – produtora rural
A produtora rural Ana Carolina Zimmerman também participou do painel e trouxe uma percepção do mercado externo sobre a agricultura brasileira. Zimmerman disse que os produtores enfrentam uma grande pressão em relação à reputação e defendeu a necessidade de contar as “boas histórias” do agro brasileiro, com foco na ciência e na sustentabilidade.”Temos o Código Florestal para nos proteger, mas precisamos valorizar mais nossa imagem e colocar os produtores rurais no centro da discussão”, complementou.
Bruno Fonseca – analista de bioinsumos do Rabobank
O analista de insumos do Rabobank, Bruno Fonseca, analisou as tendências de investimento sustentável no setor de bioinsumos e reforçou que a tecnologia representa uma transformação nas práticas agrícolas. No início de sua participação, ele reconheceu o momento desafiador para a agricultura, com a queda nos preços das commodities, mas destacou a robustez do mercado dos produtos biológicos. “O mercado brasileiro de bioinsumos é forte o suficiente para continuar expandindo, e temos uma grande oportunidade de exportar essas tecnologias”, adiantou. Ele destacou que muitos dos princípios da agricultura regenerativa, frequentemente promovidos globalmente, já fazem parte das práticas adotadas no Brasil há bastante tempo. “A sustentabilidade está profundamente integrada aos valores do banco, e quando combinamos essa visão com nossas operações no Brasil, oferecemos um incentivo significativo para que os produtores adotem práticas sustentáveis”, completou.
Rafael Falcioni – Just Climate
Para fechar as discussões, Rafael Falcioni, da Just Climate, empresa de investimentos focada em soluções climáticas, destacou o potencial do Brasil para liderar a produção de bioinsumos e tecnologias verdes. Para ele, as mudanças climáticas são uma das principais preocupações globais, mas que o bom uso da terra será fundamental para enfrentar esses desafios. “Desenhamos uma estratégia cujo principal objetivo é financiar empresas do setor de bioinsumos que promovam a transição para um uso mais sustentável da terra. O produtor é a peça central dessa transição. Diferentemente de outros países, o agricultor brasileiro opera sem subsídios ou seguro para a produção, o que torna ainda mais importante que ele entenda os benefícios dos bioinsumos em termos de eficiência, redução de custos e competitividade da agricultura nacional”, afirmou.
Nas considerações finais, os painelistas reforçaram a necessidade de uma aliança público-privada para fortalecer o setor de bioinsumos no Brasil e projetar o país como líder global.