Entidade encerra participação em seminário com reflexões sobre liderança feminina e inteligência artificial.

A participação da CropLife Brasil no último dia do Seminário Nacional de Defesa Agropecuária (SENAGRI) reforçou a importância de temas estratégicos para o futuro do agro brasileiro. A entidade integrou dois painéis de destaque na quinta-feira (12): um dedicado ao protagonismo feminino no setor e outro voltado aos desafios e oportunidades da comunicação rural em um cenário de transformações tecnológicas.
No painel “Mulheres no Agro”, a advogada da CLB, Maria Luiza da Silveira, destacou os avanços na ocupação de posições estratégicas por mulheres, sem deixar de apontar os obstáculos ainda presentes, como a desigualdade de oportunidades, a disparidade salarial e a baixa presença em cargos de liderança. “Temos potencial, só precisamos de oportunidade — e de políticas públicas e institucionais que incentivem meninas e mulheres a seguirem na ciência e no agro”, afirmou.

Durante as discussões, também foram apresentadas iniciativas que fortalecem redes femininas e reconhecem lideranças no setor produtivo. O debate se encerrou com um olhar sobre os desafios enfrenados por produtoras em áreas com reservas legais na Amazônia. “As mulheres sempre estiveram presentes no agro, mas por muito tempo foram invisibilizadas. Resgatar essa trajetória e reconhecer nosso protagonismo é essencial para construir um setor mais justo, diverso e representativo. Não se trata apenas de ocupar espaços, mas de permanecer neles com voz ativa e oportunidades iguais”, concluiu.
Já no painel “Comunicação Rural”, Renata Meliga, gerente de Comunicação e Clima da CropLife Brasil, apresentou uma análise sobre o paradoxo enfrentado pelo agro brasileiro: apesar da liderança mundial em produção sustentável, de promover inovações tecnológicas e garantir segurança alimentar, o setor ainda sofre com estigmas e narrativas negativas. Para ela, portanto, é fundamental investir em um trabalho de comunicação eficiente. “O desafio não é apenas comunicar o que fazemos, mas a forma que comunicamos”, destacou.

Renata defendeu o conceito de “comunicação íntegra”, que combina dados e ciência, análise contextual, transparência e credibilidade como base para a construção de reputação. Comparando a estrutura da comunicação ao manejo integrado de pragas, ela enfatizou a necessidade de fundações sólidas para que as mensagens ganhem força e confiança pública. Também abordou a crescente influência da inteligência artificial nos fluxos de informação e alertou sobre a urgência de o setor ocupar espaços estratégicos nos veículos de imprensa e plataformas digitais. “Se antes o Google era o principal meio de busca, hoje esse papel está sendo assumido pela IA, que já influencia como as pessoas descobrem e consomem conteúdo. Se não formos fonte, seremos ruídos. A reputação do agro está sendo digitalizada, e precisamos garantir que a verdade — com base técnica e científica — seja o que se propaga”, argumentou.
Renata encerrou o painel reforçando que confiança não se impõe, se constrói com dados acessíveis e auditáveis. “É essencial traduzir a ciência em mensagens claras e alinhar a comunicação institucional. As entidades do agro precisam falar de forma unificada, com um entendimento claro de onde querem chegar e como querem ser vistas. Estruturar uma bolha para sair dela é fundamental, pois a confiança não se impõe, ela é construída”, finalizou.