[Artigo] Uma oportunidade de diálogo sobre defensivos agrícolas

Os defensivos químicos utilizados no Brasil são rigorosamente analisados e aprovados por três órgãos federais

*Eduardo Leão

A história nos mostra que o diálogo é uma das ferramentas mais poderosas para o avanço das democracias. Recentemente, o Governo Federal anunciou a formalização de um plano para redução do uso de agrotóxicos, no bojo do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, lançado pelo presidente Lula. O objetivo é garantir “produção sustentável e alimentos mais saudáveis”, com a substituição de defensivos químicos por bioinsumos.

Garantir alimentos mais saudáveis é objetivo fundamental das empresas de tecnologias de insumos agrícolas, que têm alto compromisso em relação ao tema. Nesse sentido, é imprescindível que qualquer decisão ou política pública seja baseada em evidências científicas e implementada de forma técnica. Os defensivos químicos, utilizados no Brasil são, sem exceção, rigorosamente analisados e aprovados por três órgãos federais, antes de chegarem aos agricultores.

No mundo atual, não há mais espaço para uma única solução. Cada vez mais, caminhamos para a utilização de múltiplas tecnologias que se complementam e exploram o melhor resultado de cada uma delas. É assim no setor energético, onde coexistem as mais diversas fontes. É assim no campo. Precisamos avançar continuamente no fomento e no uso mais eficaz das tecnologias integradas, químicos e/ou biológicos, de acordo com as condições técnicas exigidas pelo ambiente agrícola.

Um plano que visa uma diminuição abrupta de defensivos, sem considerar critérios, a realidade da agricultura brasileira e necessidades específicas dos produtores, pode levar a uma queda significativa na produtividade, comprometendo o abastecimento de alimentos, fibras e energias renováveis, e a competitividade do Brasil no mercado global.

Acredito e defendo uma abordagem focada na promoção de boas práticas agrícolas, que gere efetiva transformação no campo. Por exemplo, o fomento a inovação por meio da aprovação célere de novas tecnologias permitiria o acesso a produtos mais eficientes e sustentáveis para os agricultores, já disponíveis em diversos outros países agrícolas. Essa também deveria ser uma prioridade do governo.

Lula já havia manifestado preocupação com o uso dos agrotóxicos na agricultura em recente reunião no Palácio do Planalto, para tratar da situação climática brasileira. Na época, ele sugeriu uma mesa de negociação, para a qual convidaria os setores envolvidos, a Embrapa, os agricultores e a indústria, para uma discussão ampla sobre o tema.

O convite é uma oportunidade de diálogo aberto e transparente sobre o setor, que vê a proposta com muito bons olhos. A indústria de pesquisa e desenvolvimento de defensivos e de outras tecnologias agrícolas está pronta para aportar novas informações ao presidente e demais representantes do governo, a fim de demonstrar o efetivo papel da ciência e da inovação para a agricultura brasileira, além do compromisso com a segurança alimentar e a sustentabilidade.

*Eduardo Leão de Sousa é presidente da CropLife Brasil.

Artigo publicado no portal Globo Rural.

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