COP26: o clima do mundo está mudando, e a nossa agricultura é parte da solução
Entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro, acontecerá na cidade de Glasgow, na Escócia, a maior conferência sobre mudanças climáticas – a COP26. Durante os dias de evento, representantes de todos os países irão debater, negociar e buscar ações para conter o aquecimento global.
Descomplicando a COP26
“COP” é a sigla para Conference of the Parties, em português: Conferência das Partes – em que “partes” são todos os países do planeta. As COPs acontecem ao final de cada ano, e neste ano acontecerá a de número 26.
Um dos feitos mais importantes da COP foi o Acordo de Paris – um tratado internacional aprovado, durante a COP21, por 194 países e pela União Europeia. O acordo traz uma reforma necessária no qual os países se comprometeram a implementar estratégias para a redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs). O principal objetivo é impedir que o aquecimento global chegue a 2,0 °C, com metas para estabilizá-lo em 1,5 °C.
O Brasil é signatário do acordo e tem como metas reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 37% até 2025, 43% até 2030, e a neutralidade de carbono até 2050.
Em 2021, o Acordo de Paris completa seis anos e as ações tomadas para mitigar as emissões de GEEs se mostraram insuficientes. Evidências científicas trazidas pelo novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC) mostram que se mantivermos esse ritmo o aumento de 1,5°C na temperatura do planeta pode ser antecipado. É nesse contexto que a COP26 irá acontecer.
Descomplicando o aquecimento global
Com base em modelos físicos – que inclusive renderam aos pesquisadores inventores o Prêmio Nobel de física 2021 –, cientistas correlacionaram a concentração de dióxido de carbono (CO2) com a elevação de temperatura no planeta. Desde então existe o alerta que o aumento na concentração de Gases do Efeito Estufa (GEEs), como o CO2 na atmosfera, fazem com que a retenção de calor no planeta aumente – literalmente como acontece em uma estufa – o resultado é o aquecimento global.
Para você ter uma ideia, nos últimos 650 000 milhões de anos a concentração de CO2 na atmosfera nunca ultrapassou as 300 partes por milhão (300 ppm). Em Eras glaciais esse valor chegava a 180 ppm. Em 1950, os 300 ppm de CO2 na atmosfera foi quebrado e sua concentração segue aumentando 250 vezes mais rápido do que em qualquer período de aquecimento do planeta. A causa é bastante clara: inúmeras atividades humanas emitem uma grande quantidade de GEEs.
A principal causa é a queima de combustíveis fósseis para geração de energia (derivados do petróleo, carvão mineral e gás natural). Além disso, o desmatamento, descarte de lixo e mau uso do solo emitem grandes quantidades de CO2 e outros GEEs.
Agricultura não deve ser vista como uma vilã
De fato, existe emissão de gases do efeito estufa durante toda a cadeia de produção de alimentos. No entanto, a agricultura é um dos setores que têm maior potencial de se transformar em protetora do clima. Para isso, é necessário promover o desenvolvimento e a difusão de tecnologias que sejam ambientalmente amigáveis.
No Brasil, isso vem acontecendo e uma das grandes “cases” de sucesso é o Plano ABC (agricultura de baixo carbono). Com esse plano a agricultura brasileira já conseguiu mitigar 170 milhões de toneladas de CO2 em uma área de 52 milhões de hectares, superando em 46,5% a meta estabelecida. Isso foi possível graças à adoção de tecnologias para recuperação de pastagens degradadas, de diferentes sistemas de produção como os de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), Sistemas Agroflorestais (SAFs) e estratégias conservacionistas como plantio direto e fixação biológica de nitrogênio.
O Plano ABC tem auxiliado o Brasil a atingir as metas propostas pelo país dentro do Acordo de Paris. Hoje, segue com sua segunda etapa, o Plano ABC+. Com ele foram definidas novas estratégias em todo o território brasileiro até o ano de 2030. A nova meta é expandir para 72,68 milhões de hectares a área com tecnologias de produção sustentáveis e realizar a mitigação de 1,1 bilhão de toneladas de carbono.
O Plano ABC ensina a juntar ideias e promover melhorias
Na COP26, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) vai representar o setor agropecuário brasileiro e levar o posicionamento dos produtores rurais para as negociações do Acordo de Paris. Você pode conferir o posicionamento completo clicando aqui!
Nele, é reforçado o compromisso que os produtores rurais brasileiros têm com a adaptação da agropecuária para a redução das emissões de gases de efeito estufa por meio da adoção de tecnologias de baixa emissão de carbono e boas práticas agrícolas. Além disso, ressalta o comprometimento em combater o desmatamento ilegal.
Desta forma, o Brasil tem tudo para mostrar ao mundo que possui condições de aumentar a área produtiva de forma sustentável, impulsionando a produção agrícola no âmbito econômico, social e ambiental.
Principais Fontes
FAO. Agriculture and climate change Challenges and opportunities at the global and local level – Collaboration on Climate-Smart Agriculture. Rome, 2019.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Coletânea dos fatores de emissão e remoção de gases de efeito estufa da agricultura brasileira, 2020.
Tesfahun W., Climate change mitigation and adaptation through biotechnology approaches: A review. Cogent Food and Agriculture, 2018.