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Dia Mundial do Meio Ambiente: combate à poluição plástica

Cientistas brasileiros se dedicam ao desenvolvimento de materiais que deverão substituir o plástico derivado do petróleo, preservando o meio ambiente.

Em 2023, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) adotou a hashtag #CombateAPoluiçãoPlástica para sensibilizar a todos sobre a importância de reduzirmos a produção e o consumo de plásticos no mundo, e assim conter a poluição ambiental causada por eles. Esses produtos fazem parte do nosso cotidiano, e apesar de existirem diversas campanhas sobre o uso consciente desses, ainda estamos muito longe do que devemos fazer.

Apenas para se ter uma ideia, a produção anual de plásticos excede 430 milhões de toneladas, sendo que quase metade desse volume é utilizado uma única vez. Essa má gestão dos resíduos plásticos pós-consumo pode acarretar em consequências negativas para a saúde humana e para a biodiversidade do planeta. É importante ressaltar que o plástico convencional leva aproximadamente de 400 a 500 anos para se decompor. Além disso, estima-se que de 19 a 23 milhões de toneladas sejam descartadas em rios, mares e lagos anualmente.

Como se o produto per se já não fosse prejudicial o suficiente para o meio ambiente, o uso de elementos fósseis na produção, como o petróleo, também contribui para a emissão de gases de efeito estufa (GEEE), corroborando com as mudanças climáticas. Por isso, é fundamental que existam iniciativas para a geração de plástico a partir de fontes renováveis, – que se degradem no meio ambiente em um curto espaço de tempo – mitigando a poluição.

Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, trouxemos dois exemplos de pesquisas desenvolvidas no Brasil visando à substituição da matéria-prima do plástico.

Solução para os plásticos vinda das frutas

A pesquisadora Henriette Azeredo, da Embrapa Instrumentação, dedica sua carreira a pesquisar fontes alternativas para produção de filmes e revestimentos a partir de compostos renováveis e biodegradáveis. Atualmente, trabalha com subprodutos integrais. São eles: resíduos da laranja – casca, bagaço e fragmentos de polpa –, e banana – cascas que resultam do processamento de banana passa, por exemplo.

A produção dos filmes requer um pré-tratamento na matéria-prima a fim de reduzir sua resistência. Em seguida, o subproduto é desintegrado e espalhado na superfície, formando o filme. Vale ressaltar que o filme produzido não é comestível e sua degradação é completa, mas o tempo necessário para esse processo depende das condições de descarte, como a presença de bactérias no solo, aeração e temperatura.

Um dos desafios é que esses materiais tenham um desempenho físico-mecânico comparável ao dos plásticos convencionais, derivados de petróleo.

 

“A vantagem de uso de subprodutos integrais são o maior rendimento; economia (de tempo e reagentes); vantagens ambientais (evitam-se etapas que usam compostos químicos agressivos, além de evitar perdas de material).  Por outro lado, usar o subproduto integral é um desafio, porque existe uma grande diversidade de compostos, com características diferentes de solubilidade, e que podem interagir entre si de forma a tornar difícil a formação de um material contínuo”, explica Henrietta.

 

Inovação para o meio ambiente: Solução para os plásticos vinda do mar

extração de produtos naturais marinhos

A startup Grisea foi criada por Felipe Teixeira. Biomédico de formação com doutorado em bioquímica, Teixeira sempre trabalhou com extração de produtos naturais marinhos, mas voltados para tratamento de algumas doenças. Na especialização, percebeu que algumas algas marinhas também produziam polímeros que serviriam de matéria-prima para a produção de plásticos. A ideia avançou após aprovação de um edital para empreender da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), em 2020.

A macroalga do gênero Kappaphycus alvarezii é a matéria-prima para a fabricação do bioplástico. A startup utiliza as algas produzidas em fazendas marinhas da costa brasileira, especialmente, do Rio de Janeiro. Atualmente, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a startup tem uma produção em escala semi-industrial e está em busca de parceiros para desenvolver o produto na indústria para determinada finalidade, como por exemplo, embalagens ou algum produto de uso único.

 

“Hoje temos a utilização de diferentes biomassas para a produção de bioplástico, como cana-de-açúcar e milho. O que elas têm em comum é que são de uso alimentício. Por outro lado, as algas não são utilizadas para a produção de alimentos. Então, a ideia era ter uma produção que não competisse com a de alimentos, pois há a necessidade de prover alimentos pra muita gente”, destacou Felipe.

 

Felipe apontou também outras vantagens para o uso de algas. “Elas não precisam de áreas desmatadas, de água doce, de fertilizantes pois absorvem nutrientes dos oceanos, além de fazerem fotossíntese. E o bioplástico gerado é totalmente degradável, não gerando poluição ambiental”, salientou.

Mudanças de hábitos são tão importantes quanto as novas soluções da ciência

Além da ciência, essencial na busca de tecnologias, nós também podemos adquirir e mudar hábitos para reduzir o impacto dos plásticos e auxiliar na preservação do meio ambiente.

Segundo o PNUMA, é possível reduzir a poluição plástica em até 80% até 2024 por meio da adoção de tecnologias já existentes, juntamente com alterações nas políticas públicas e na dinâmica do mercado. Um dos caminhos se dá pela economia circular, como destacado pelo programa, por meio de  três ações principais:

 

 

 

Principais fontes:

Fechando a torneira: como o mundo pode acabar com a poluição plástica e criar uma economia circular. Disponível em: https://www.unep.org/pt-br/resources/turning-off-tap-end-plastic-pollution-create-circular-economy

Relatório da ONU aponta soluções para reduzir a poluição plástica. Disponível em: https://www.unep.org/pt-br/noticias-e-reportagens/comunicado-de-imprensa/relatorio-da-onu-aponta-solucoes-para-reduzir

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