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A qualidade das sementes é um assunto sério

Para saber se as sementes atendem aos parâmetros de qualidade, elas passam por várias análises laboratoriais

Quando compreendemos a diferença entre sementes e grãos, é possível entender por que a produção de sementes é muito mais complexa do que a de grãos. Enquanto os grãos são produtos da lavoura com foco no consumo e indústria, as sementes deverão permanecer capazes de gerar novas plantas.

Sementes possuem etapas de produção mais rigorosas, pois seguem uma legislação específica que determinará se elas poderão ou não terem comercialização como sementes. Mesmo após a colheita, as sementes passam por análise para verificar se atendem aos padrões específicos de qualidade para sua comercialização. Esses parâmetros envolvem fatores genéticos, físicos, fisiológicos e sanitários.

As análises das sementes estão entre as fases finais do processo de produção. Realizadas antes do seu beneficiamento e seguem as Regras para Análises de Sementes (RAS) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Quer conhecer mais sobre o processo de produção de sementes? Continue lendo este texto e entenda como se realizam as análises para saber se as sementes atendem aos padrões de qualidade.

 

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Como as sementes são analisadas?

Antes de mais nada, precisamos entender que a semente corresponde ao órgão da planta que é responsável pela dispersão e perpetuação da espécie. Composta por basicamente duas partes, o tegumento e o embrião. E, em algumas delas, essas partes vêm acompanhadas pelo endosperma ou pelo perisperma.

Ao analisarmos as sementes por diferentes meios, é possível verificar suas estruturas externas e internas para determinar sua qualidade. Desse modo, após a colheita, realizam-se amostragens com toda a precaução, seguindo as regras específicas do MAPA. Em seguida, amostras representativas são remetidas aos laboratórios para as análises.

Realizam-se as análises de pureza, verificação de presença de outras cultivares, determinação de sementes por número, testes fisiológicos, sanitários, entre outros.

 

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Pureza das sementes e verificação de outras cultivares

As sementes produzidas de acordo com a legislação devem ser livres de outros tipos de sementes e de materiais inertes como torrões, pedras, insetos etc. Elas também não devem apresentar danos mecânicos, pois ferimentos podem se tornar porta de entrada para patógenos, além de comprometerem sua estrutura.

Além disso, sementes de qualidade devem ser livres de mistura com outras variedades, e isso significa que elas devem apresentar pureza varietal. A homogeneidade garante que as plantas apresentem maior uniformidade no campo, sem sofrer influência de outras cultivares com características diferentes. Assim, consideram-se puras todas as sementes pertencentes à espécie que está sob análise, como sendo a predominante na amostra.

 

Qualidade fisiológica das sementes e a capacidade de sobrevivência no campo

Para avaliar a qualidade fisiológica das sementes, realizam-se principalmente testes de germinação e de vigor. A alta porcentagem de germinação expressa a capacidade da semente formar plântulas normais nas condições adequadas. Portanto, as análises buscam determinar o potencial máximo de germinação de um lote de sementes. Esse potencial pode ser usado para comparar a qualidade de diferentes lotes, além de estimar o valor para semeadura em campo.

São determinadas a quantidade de sementes que germina e origina plântulas e sementes não germinadas. Quando originadas as plântulas, verifica-se se são plântulas normais ou plântulas anormais. São vários os possíveis testes que constam nas RAS capazes de gerar essas determinações.

Em condições de campo, esses testes não são geralmente satisfatórios. Pois, dada a variação das condições ambientais, os resultados nem sempre podem ser fielmente reproduzidos. Nas análises em laboratório é possível controlar os fatores externos, permitindo uma germinação mais regular, rápida e completa das amostras de sementes. Estas condições, consideradas ótimas, são padronizadas para que os resultados dos testes de germinação possam ser reproduzidos e comparados.

Na RAS ainda não possui os testes utilizados para análise de vigor. Porém esses testes estão presentes nas regras da Associação Internacional de Testes de Sementes (ISTA, sigla do inglês International Seed Testing Association). O alto vigor reflete na capacidade das sementes gerarem plântulas com bom desempenho e estabelecimento no campo, mesmo em condições desfavoráveis. Essas condições desfavoráveis acontecem devido as condições de falta de água, de nutrientes ou ocorrência de temperaturas extremas.

 

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A sanidade das sementes tem impacto na produção de alimentos

As sementes consideradas sadias se apresentam livres de patógenos, como fungos, vírus, nematoides e bactérias, assim como propágulos de plantas daninhas. Patógenos associados às sementes constituírem-se na maneira mais eficiente de disseminação de doenças à longas distâncias. Eles podem viabilizar a ocorrência de doenças e provocar perdas severas na lavoura. Já a presença de propágulos de plantas daninhas junto às sementes gera competição de espécies no campo, reduzindo a produtividade da cultura.

Sementes saudáveis, livres de patógenos, são um pré-requisito para a produção sustentável de alimentos. A contaminação das sementes pode ser um meio de sobrevivência e introdução de patógenos em áreas que eles ainda não ocorrem. Portanto, utilizam-se rotineiramente inspeção e testes para prevenir surtos de doenças e introdução de patógenos em novos territórios. Eles são utilizados como um requisito fitossanitário pelas Organizações Nacionais de Proteção Fitossanitária (NPPOs).

Quando utilizadas medidas sanitárias adequadas, é possível garantir o fornecimento constante de sementes saudáveis e de alta qualidade aos agricultores em todo o mundo. Portanto, independentemente do sistema de produção e da espécie vegetal, é fundamental determinar a qualidade sanitária das sementes.

 

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Principais fontes:
Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. – Brasília : Mapa/ACS, 2009. 399 p.
International Seed Testing Association (ISTA). Disponível em: https://www.seedtest.org/en/home.html Acesso em 28 ago. 2023.

Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Legislação Específica de Sementes e Mudas e Normas Relacionadas à Área. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/insumos-agropecuarios/insumos-agricolas/sementes-e-mudas/legislacao Acesso em 24 ago. 2023.

Seed Health Testing: Doing Things Right. Gerrit A. Hiddink, Roland Willmann, Joyce H. C. Woudenberg, and Rose Souza-Richards. PhytoFrontiers™ 2023 3:1, 71-74.

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