Micro, mas poderosos: defensivos microbiológicos

No momento em que um único vírus faz o mundo parar, fica mais fácil compreender como alguns microrganismos, mesmo invisíveis e silenciosos, são poderosos. Para o mal e para o bem. Os chamados defensivos microbiológicos, formulados à base de fungos, bactérias e vírus são aliados eficientes no controle de pragas e doenças das lavouras. Por isso, seu uso vem crescendo significativamente no mundo todo.  Aqui no Brasil não é diferente. 

Citação Andrey Bueno - defensivos microbiológicos

O portifólio de produtos biológicos deve aumentar nos próximos anos. “Mais recentemente, novos baculovírus estão sendo aprovados e registrados para o controle de outras espécies de lagartas como a Spodoptera e a falsa-medideira, por exemplo.  Inclusive com a mistura de diferentes baculovírus, em um único produto, para controlar mais de uma espécie de lagarta ao mesmo tempo”, explica Bueno. 

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Biológico e químicos são aliados no manejo de pragas e doenças 

Com a adoção do MIP (Manejo Integrado de Pragas) e do MID (Manejo Integrado de Doenças), defensivos biológicos e químicos passaram a ser usados nas mesmas áreas sem qualquer prejuízo. Ao contrário, respeitando o que determina a tecnologia, é possível aumentar a eficiência do controle.

“O uso conjunto de produtos biológicos e químicos pode ser feito desde que o defensivo químico seja seletivo fisiológica ou ecologicamente ao agente de controle presente no produto biológico. A seletividade de agrotóxicos em relação aos agentes de controle biológico varia de produto para produto, de dose para dose e, até mesmo, de espécie para espécie de controle biológico. Por isso é sempre importante que qualquer produto, químico ou biológico, seja utilizado apenas quando for realmente necessário, baseado em amostragens realizados a campo. respeitando-se as recomendações do Manejo Integrado”, afirma Bueno.

Para que funcionem corretamente, MIP e MID exigem vigilância constante das lavouras. É preciso percorrer os talhões regularmente e contar as pragas presentes em alguns pontos de amostragem. O que determina a necessidade de controle, é o número de indivíduos e a possibilidade de dano econômico. O número limite varia de acordo com cada espécie.  

O gráfico elaborado pela Embrapa Soja, mostra como o MIP e o MID vem reduzindo o número de aplicações de defensivos e os custos para os agricultores do Paraná: 

Gráfico da Evolução MIP e MID

Assim como os defensivos químicos, os biológicos também têm que ser aplicados na hora certa.

”Produtos à base de Bt ou baculovírus, demoram aproximadamente 7 dias para matar as lagartas. Os inseticidas químicos variam de 2 a 4 dias. Sendo assim, é necessário que os produtos à base de Bt ou baculovírus sejam aplicados quando a maioria das lagartas têm menos de 1,5 cm. Os inseticidas químicos podem ser usados mesmo quando a população de lagartas for composta, majoritariamente, por indivíduos maiores que 1,5 cm.  Por causa dessa diferença no tempo de ação, se a lavoura já tiver muitas lagartas grandes, pode ocorrer uma desfolha significativa antes que elas morram. E, vale lembrar que cada lagarta, individualmente, consome entre 90 a 120 cm2 de área foliar para completar sua fase larval. Por isso, lagartas grandes precisam ser controladas por produtos com ação mais rápida enquanto lagartas pequenas, que praticamente não causam danos, devem ser controladas com produtos biológicos”, alerta Adeney Bueno.

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Juntos e Misturados 

A Embrapa soja vem desenvolvendo pesquisas para avaliar a possibilidade e a eficiência da mistura em tanque de produtos biológicos e químicos.

“Na cultura da soja é comum, no início da lavoura, a ocorrência de plantas daninhas junto com lagartas. Com agrotóxicos, nessas situações, o produtor geralmente aplica o inseticida químico misturado com o herbicida químico no mesmo tanque de pulverização. Até o momento, não existem produtos biológicos disponíveis para plantas daninhas, mas há vários para o controle de lagartas.  Então, é importante avaliar se o agricultor pode misturar o produto biológico para lagartas e o herbicida químico no mesmo tanque de pulverização. Assim, é possível resolver ambos os problemas numa única operação agrícola, reduzindo os custos de aplicação”, explica o pesquisador. 

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