Painel conduzido pela CropLife Brasil reúne atores para mostrar papel das tecnologias agrícolas na adaptação as mudanças climáticas

O fomento a inovação na agricultura tropical brasileira como modelo de resiliência climática foi pauta durante a 30ª Conferência das Partes da ONU, a COP30. A discussão foi trazida pelo painel “Adaptação e Resiliência Climática na Agricultura Tropical: Inovação como Pilar da Sustentabilidade” conduzida nesta quinta-feira (20), na AgriZone, pela CropLife Brasil. O evento reuniu diferentes atores para mostrar o papel das tecnologias agrícolas no fortalecimento da produção sustentável concomitante a mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Na mesa, o diálogo trouxe a diretora de Relações Governamentais da Bayer, Francila Calica, e o diretor presidente da CLB, Eduardo Leão, com mediação do sócio-diretor da Agroicone, Rodrigo Lima. Com base em dados, experiências concretas e estudos de caso, o debate destacou soluções para enfrentar os eventos climáticos extremos e o protagonismo do Brasil na pesquisa e desenvolvimento de inovações agroclimáticas.
“Reconheço a Agrizone, esse espaço construído pela Embrapa e todos os parceiros, para discutir soluções da agricultura para o enfrentamento das mudanças climáticas. Precisamos entender os sistemas produtivos, do maior ao menor produtor, e como trazer recursos para o financiamento no campo, diante da necessidade de pesquisa e inovação contínua para desenvolver novas tecnologias e evoluir nessa agenda, sobretudo para orientar os países na implementação dos seus planos internacionais de adaptação”, abriu o debate, Rodrigo Icone.

“Gostaria de trazer aqui a importância da complementariedade das tecnologias e do uso do manejo aplicado – entre o plantio direto e a integração lavoura-pecuária-floresta – como mecanismos para atender as demandas de alimentação e de bionergias, no debate climático. Uma tecnologia altamente relevante que temos é o próprio melhoramento genético, incluindo a edição gênica e a biotecnologia, e o seu papel para a agricultura. Celebramos 25 anos do primeiro produto aprovado no Brasil de biotecnologia, e resolvemos fazer um grande estudo para identificar os benefícios econômicos e ambientais que ela trouxe. Hoje, mais de 90% das principais culturas brasileiras se utilizam de forma de biotecnologia como soja, milho, algodão”, mostrou Eduardo Leão, presidente da CLB, exemplificando soluções para a lavoura.
“Há mais ou menos 5 anos, essa discussão em torno de marco regulatório da Lei de Carbono começou a se intensificar no Brasil e a discussão de qual seria o papel da agricultura em todo esse ambiente de combate às mudanças climáticas. Contudo, todas as métricas e protocolos que temos para mensurar foram construídos e idealizados para uma agricultura temperada”, considerou em sua introdução, Francila. A diretora da Bayer, como representante da indústria, apresentou o projeto “Pro Carbono”, desenvolvido em parceria com a Embrapa, com protocolos e metodologias que levam recomendações de práticas agrícolas que estimulam a captação de carbono no solo de agriculturas tropicais. Nele, há uma calculadora para medir solos produtivos em culturas relevantes do Brasil, considerando a captação de carbono presente. “Hoje, solo saudável significa solo mais resiliente”, concluiu ela evidenciando o exemplo brasileiro.