Fórum Bioinsumos Brasil debate inovação e políticas para agricultura de baixo impacto

Especialistas analisam desafios e estratégias para consolidar o país como referência em desenvolvimento de bioinsumos 

O segundo painel do Fórum Bioinsumos Brasil: Inovação para um Futuro Sustentável, promovido pela CropLife Brasil no dia 6 de novembro em Brasília, reuniu especialistas para debater sobre como inovação, pesquisa científica, indústria e políticas públicas estão transformando o setor de bioinsumos. O tema Inovação em Bioinsumos: Como a pesquisa, a indústria e as políticas públicas estão pavimentando o caminho rumo a uma agricultura de baixo impacto no Brasil endereçou as discussões, que destacaram a importância do investimento em novas tecnologias no campo para atender aos desafios globais de segurança alimentar e sustentabilidade.

Carlos Goulart, Secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária

Para abrir o painel, Carlos Goulart, Secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária, trouxe a perspectiva do setor público e o papel central da regulamentação para impulsionar os bioinsumos no Brasil. Ele reforçou a importância de atualizar e adaptar a legislação que trata sobre o tema. “O Brasil tem a oportunidade de ser o primeiro país do mundo a customizar uma legislação moderna e eficiente para bioinsumos. A proposta de regulamentação que está em análise tem o potencial de criar um ambiente mais favorável à inovação, oferecendo segurança jurídica e eficácia às tecnologias que estão sendo desenvolvidas”, afirmou.

Mariângela Hungria, pesquisadora da Embrapa 

O protagonismo do Brasil no desenvolvimento e uso de bioinsumos foi destaque da apresentação da pesquisadora da Embrapa, Mariângela Hungria. Ela pontuou que o país é líder mundial no tema há 40 anos, mas que o desenvolvimento desses produtos começou há 70 anos, com produção de inoculantes no Rio Grande do Sul. “Nosso desafio atual é acelerar a pesquisa com as novas fronteiras do conhecimento, como nanotecnologia e genomas, e transformar isso em soluções práticas para o campo. Temos que continuar inovando para garantir que essa tecnologia seja acessível e regulamentada de forma segura, preservando nosso papel como protagonistas globais na agricultura sustentável”,complementou. 

A pesquisadora ressaltou os resultados das pesquisas e que é urgente o investimento em comunicação para divulgar os avanços. “ “No Brasil, nós não fazemos pesquisa, fazemos milagre. Com os recursos limitados e a falta de continuidade, entregamos resultados extraordinários para a agricultura e a sustentabilidade. Ainda assim, enfrentamos o desafio de comunicar a importância da ciência, tanto para a sociedade quanto para os legisladores. Enquanto buscamos avanços na segurança e produtividade dos bioinsumos, é frustrante ver a desinformação ganhar mais atenção que dados científicos robustos. A comunicação é nossa fronteira mais urgente”, argumentou. 

Alexandre Dantas, diretor de Patentes, Programas de Computador e Topografias de Circuitos Integrados do INPI 

Já Alexandre Dantas, diretor de Patentes, Programas de Computador e Topografias de Circuitos Integrados do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual, falou sobre a importância da disseminação e do fomento à cultura de PI no país, que apesar de ser referência quando o assunto é desenvolvimento de tecnologias, isso não está refletido em depósitos de pedidos de patente. “Embora o Brasil seja uma referência em pesquisa, ainda enfrentamos barreiras no depósito de patentes. É urgente fomentar uma cultura de propriedade industrial que valorize e incentive a inovação”, explicou. Ele também destacou a ferramenta de trâmite prioritário para patentes na agricultura sustentável, que reduz o tempo de análise para menos de um ano.

Diogo de Souza Nalle, representante da Tereos Brasil

Representando o setor privado, Diogo de Souza Nalle, representante da Tereos Brasil, compartilhou as práticas da empresa na adoção de bioinsumos. “Nos últimos cinco anos, aceleramos o uso de bioinsumos com excelentes resultados, como aumento de produtividade e custos competitivos. No entanto, como trabalhamos com organismos vivos, é necessário investir em mudanças no manejo e na estrutura, além de promover uma mudança cultural em todos os níveis da empresa, para que todos, desde a liderança até a linha de frente, compreendam os benefícios dos biológicos como aliados aos insumos convencionais”. Diogo também reforçou a parceria com a CropLife Brasil, na neutralização das emissões do evento. 

Aldo Rebelo, ex-ministro, jornalista e escritor 

Para fechar o debate, o ex-ministro, jornalista e escritor Aldo Rebelo ressaltou o protagonismo do Brasil quando o assunto é bioinsumos. “Esses produtos representam para o Brasil uma oportunidade de protagonismo geopolítico. Liderar a pesquisa, produção e comercialização de bioinsumos pode trazer grande vantagem comercial, aumentando a produtividade, a qualidade e a aceitação dos nossos produtos no mercado internacional, além de fortalecer a segurança alimentar”, argumentou. Para ele, há a necessidade de cooperação ainda maior do Estado com o setor privado para viabilizar a transformação da agricultura e esse movimento deve se basear nas virtudes de cada um  para que o Brasil possa avançar mais rapidamente.”. “Sem a pesquisa e o conhecimento, os recursos naturais e o agricultor não têm como alcançar todo o seu potencial. O conhecimento é a ferramenta decisiva para transformar a vocação agrícola do Brasil em produtividade sustentável e protagonismo global. Esse esforço conjunto é o único caminho para ampliarmos o espectro da pesquisa, intensificarmos os recursos e estabelecermos uma direção clara para o futuro dos bioinsumos”, concluiu.  

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