COP30: Painel debate papel da academia no futuro da agricultura tropical

Especialistas destacaram evidências científicas e diretrizes para inovação, produtividade e sustentabilidade no campo.

Marcos Botton, Gabriela Vieira, Marcelo Picanço e Pedro Yamamoto participaram do primeiro painel do evento. Foto: Joey Daminello
Marcos Botton, Gabriela Vieira, Marcelo Picanço e Pedro Yamamoto participaram do primeiro painel do evento. Foto: Joey Daminello

O papel da pesquisa e da academia na criação de tecnologias agrícolas para os desafios da agricultura tropical foi o foco do primeiro painel do “Workshop Técnico: Complementariedade de Tecnologias no Campo – Academia e Produção Agrícola”. O evento, promovido pela CropLife Brasil (CLB) em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), no último dia 25, em Campinas, teve como tema “Academia e Pesquisa: Evidências e Diretrizes” e reuniu pesquisadores e representantes do setor para discutir, no contexto da agenda agrícola rumo à COP30, a importância de soluções inovadoras e adaptadas à realidade tropical.

A moderação do painel ficou a cargo de Gabriela Vieira, engenheira agrônoma, bióloga, doutora em fitossanidade e é especialista em Manejo Integrado de Pragas (MIP), que conduziu o debate entre os especialistas convidados e ressaltou a importância de aproximar a produção científica das necessidades do campo.

“Já avançamos muito em práticas de manejo integrado de pragas no Brasil, mas ainda temos grandes desafios pela frente. O mercado avança com novas ferramentas, como inteligência artificial e produtos biológicos, mas não podemos esquecer que o ativo humano continua sendo central nesse processo”, reforçou.

Um dos debatedores do painel, o entomologista Pedro Yamamoto, professor associado da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), destacou a importância de levar as soluções da academia para o campo. “Esse debate é muito importante porque temos que levar as soluções da academia para o campo, temos que realmente parar de falar e começar a fazer. Eu acredito que a complementariedade das tecnologias seja o caminho para, no final, a gente chegar em uma agricultura mais sustentável”, comentou. 

O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Marcos Botton, falou sobre a complexidade das tecnologias e insumos agrícolas. Segundo ele, cada produção agrícola tem uma especificidade, o que exige insumos e defensivos diferentes. “As grandes cultivares já têm muitas tecnologias próprias, mas ainda precisamos desenvolver insumos para as culturas menores, como frutas e hortaliças”, disse.

Segundo o professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Marcelo Picanço, o aumento da produtividade agrícola exige tecnologias cada vez mais eficientes, para garantir a sustentabilidade da colheita. “Sustentabilidade econômica está ligada ao aumento da produtividade. Sem alta produtividade, não temos sustentabilidade econômica. Quanto maior a produtividade, maiores são os problemas com pragas, doenças e plantas daninhas, então esse é um dilema. Nesse sentido, precisamos trabalhar com o manejo integrado de pragas e ações conjuntas de diferentes tecnologias que já se provaram capazes de colaborar para os desafios da agricultura tropical”, finalizou.

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