Pragas urbanas são espécies de insetos, animais e plantas que invadem casas e edifícios em busca de comida, água e abrigo. Podem picar, morder, danificar alimentos, objetos e estruturas. Elas também podem provocar danos à saúde humana sendo vetores de doenças.
Algumas pragas urbanas poluem os alimentos, outras danificam as madeiras, outros mastigam tecidos ou infestam produtos secos armazenados. Muitas vezes causam grandes perdas econômicas, outras transmitem doenças, representam riscos de incêndio e algumas são apenas desagradáveis.
Controle de pragas urbanas é um assunto sério
Se você pensa que os defensivos químicos são utilizados apenas na produção agrícola ou pecuária, está enganado. Esses produtos também são utilizados para controlar pragas nas nossas casas.
O Brasil tem segurança e tecnologia na regulamentação dos defensivos
Matos nas calçadas, baratas, formigas, ratos, cupins, moscas, traças, carrapatos e piolhos são seres vivos que podem nos causar grande perturbação.
Mas, não existe uma solução “tamanho único” que controle todas as pragas. Sabemos que o controle dessas pragas é feito por meio da melhoria do saneamento e do manejo de resíduos, modificando o habitat e utilizando repelentes, reguladores de crescimento, armadilhas, iscas e defensivos químicos.
Quem nunca usou um spray inseticida em uma barata, e iscas para controlar as formigas que vivem infestando os alimentos? Ou usou um repelente em uma viagem para se proteger dos insetos? E é importante haver o controle desses organismos, que podem causar doenças na população, ou no caso dos cupins, por exemplo, acabar com móveis e estruturas de edifícios e casas.
Para sanar esses problemas são usados produtos químicos, que controlam a população das pragas, amenizando o impacto que elas causam.
Os defensivos químicos, agrícolas ou domésticos, são produtos desenvolvidos para controlar ou atrasar o desenvolvimento das pragas específicas. Eles incluem inseticidas usados para controle de insetos, herbicidas usados para o controle de plantas daninhas, fungicidas usados para acabar com fungos e mofo e raticidas usados para controle de roedores, entre outros.
É importante salientar que os defensivos para o controle de pragas urbanas podem ser comprados em supermercados ou lojas especializadas e são projetados para serem usados pelas pessoas em sua casa ou jardim.
Existem também produtos desenvolvidos para o uso de profissionais do controle de pragas urbanas, como as empresas dedetizadoras. Esses produtos, precisam de autorização e controle para serem adquiridos pelas empresas.
O que pode mudar em relação a esses dois tipos de produtos são os diferentes princípios ativos e a concentração deles dentro do produto. Normalmente, os produtos vendidos nos supermercados têm uma baixa concentração do ativo. Mas isso não os torna menos eficiente.
Quais são esses produtos utilizados?
Sem dúvida, os inseticidas são os produtos mais utilizados nos ambientes urbanos, e os piretroides e as piretrinas são os grupos químicos que estão mais presentes para controlar essas pragas urbanas. Os piretroides são os derivados sintéticos das piretrinas, ésteres tóxicos isolados das flores da espécie Chrysanthemum cinerariaefolium e espécies relacionadas.
Já as piretrinas foram utilizadas como inseticidas durante muitos anos, em função de sua ação sob uma vasta variedade de insetos e à baixa toxicidade em mamíferos, quando em circunstâncias de uso adequado.
Quando falamos em repelentes de insetos, os princípios ativos que mais estão presentes nos produtos, são a icaridina e o DEET, compostos que bloqueiam os receptores olfativos do inseto, impedindo-os de reconhecerem as pessoas pelo cheiro.
Também usamos defensivos para controlar as plantas daninhas que nascem nos muros e calçadas – popularmente conhecidos como “mata mato”. Eles têm como princípio ativo o glifosato, herbicida mais utilizado nas lavouras agrícolas. Já produtos raticidas, que controlam os roedores, tem como principais ativos o difenacum, flocoumafen e hidroxicumarina.
Assim como para os defensivos agrícolas, o controle de pragas urbanas também passa por aprimoramento constante no desenvolvimento de produtos cada vez mais específicos e de menor impacto residual.
Desenvolvimento de defensivos químicos tem muito investimento e inovação
Grande parte dos princípios ativos dos defensivos tiveram uma origem biológica, ou seja, foram encontrados em algumas plantas ou microrganismos. A partir daí foram identificados, isolados, sintetizados e produzidos em larga escala.
No produto que chega à sua residência, o ingrediente ativo é misturado a outros elementos, resultando no formulado. Dessa maneira, podem controlar as pragas sem causar danos, quando usados corretamente e seguindo as recomendações do fabricante.
E como é feita a regulamentação desses produtos?
Para o controle de vetores e pragas urbanas somente podem ser utilizados os produtos de venda restrita a empresas especializadas, ou de venda livre, devidamente registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Assim como para os agrotóxicos, os órgãos do governo fazem testes de eficiência e segurança desses produtos.
Especificamente para os defensivos de uso urbano, que na legislação são classificados como produtos saneantes desinfetantes, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é quem concede o registro de uso. A agência avalia a toxicidade dos produtos e sua dosagem, para que não causem nenhum dano às pessoas e animais.
Saiba mais sobre a regulamentação dos agrotóxicos
Além disso, a regulamentação também atinge as empresas prestadoras de serviço no controle de pragas urbanas. Junto da legislação nacional, as empresas também ficam sujeitas às normas da vigilância sanitária do município onde a empresa está instalada.
Também tem manejo integrado para pragas urbanas (MIPU)
Assim como o MIP (Manejo Integrado de Pragas), muito usado na agricultura para diminuir os problemas de resistência de insetos aos produtos, também é feita a integração de diferentes métodos de controle para as pragas urbanas.
O manejo integrado de pragas urbanas (MIPU) depende do monitoramento frequente e do diagnóstico preciso das pragas, de modo que as estratégias de controle são usadas apenas quando e onde necessário. Ou seja, o defensivo químico é utilizado apenas quando a população de pragas estiver no nível de causar danos.
Praticar o MIPU exige um pensamento um pouco diferente. Você precisa se questionar se convive bem com um gramado com ervas daninhas; se as variedades que escolheu para o seu jardim são menos propensas a pragas e se convive bem com plantas danificadas pelas pragas.
Em outras palavras, você precisa de um entendimento claro de dois princípios básicos, a biologia da praga ou da planta hospedeira e sua tolerância às infestações de pragas.
E como controlar as pragas usando MIPU?
Uma variedade de métodos de controle – cultural, mecânico, biológico e químico – pode ser empregada. O MIPU examina todo o sistema e, portanto, monitora amplamente, não destacando apenas um problema pontual.
Usadas como estratégia integrada, o MIP e o MIPU têm o monitoramento e a identificação correta de pragas como cruciais. Essa metodologia parte da premissa que você precisa conhecer as pragas e entender sua biologia, para fazer o controle nos estágios adequados.
O monitoramento pode incluir observações visuais ou armadilhas, como armadilhas de queda, de feromônio, coloridas ou pegajosas.
O controle integrado de pragas urbanas, não consiste na reação a um problema, mas na organização de atividades de longo prazo para manter as pragas sob controle. Essas atividades são realizadas em coordenação entre a empresa de controle de pragas e o cliente, que deve cooperar para atingir os objetivos estabelecidos.
Dentro desse contexto de integração, produtos biológicos também podem ser introduzidos como outras formas de controle. Já são descritos muitos microrganismos que infectam insetos e outras pragas urbanas. A partir disso, seria possível o desenvolvimento de novos produtos biológicos para o controle dessas pragas.
Saiba como é feita a produção de biodefensivos
Além dos defensivos químicos, estão sendo desenvolvidos inseticidas naturais e extratos de plantas que poderão contribuir no MIPU.
Principais fontes:
Kassiri H, et al., Insecticide resistance in urban pests with emphasis on urban pests resistance in Iran: a review. Entomology and Applied Science Letters, 2020.
Milner R. J. e Pereira R. M, Microbial Control of Urban Pests — Cockroaches, Ants and Termites. Field manual of microbial control of insects, 2006.