Trabalhador rural: um dia especial em sua homenagem
25 de maio é o dia de quem semeia, maneja e colhe nossos alimentos
Todos os dias os alimentos chegam às nossas casas. Mas, poucas vezes pensamos no caminho que eles percorreram e quantas pessoas estiveram envolvidas com sua produção e entrega. Dentre tantos profissionais e etapas, o plantio, o manejo e a colheita são atribuições dos trabalhadores rurais – agricultores e/ou peões que lidam no campo.
Se temos acesso nas prateleiras dos empórios, supermercados, quitandas ou nas nossas casas a alimentos que se desenvolveram na terra é porque o trabalhador rural está ali dedicado a essa entrega. Afinal, alguém deve capinar o terreno, preparar a terra, plantar as sementes, regar, proteger as lavouras contra pragas e doenças, fazer a colheita de forma manual ou automatizada. Depois, o produto segue para ser ou não beneficiado, transportado e, estar lá, disponível para o consumidor.
Se mesmo olhando para a comida que chega até você não for o suficiente para pensar nessa jornada, que tal um minuto de reflexão no dia 25 de maio? Nessa data celebramos o Dia do Trabalhador Rural, homenagem instituída pela Lei nª4.338, em 1ª de junho de 1964.
Aproveitando a ocasião conversamos com a economista e pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP (CEPEA), Nicole Rennó sobre a última pesquisa conduzida por eles sobre quem trabalha com o agro no Brasil. Quer saber mais? Segue lendo esse texto.
Quantas pessoas trabalham no campo no Brasil?
De acordo com o último levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP (CEPEA), de março de 2023, a população ocupada no agronegócio no Brasil em 2022 fechou com 18,97 milhões de pessoas (19,35% do total de ocupados no Brasil) atuando nas áreas de insumos, agropecuária, agroindústria e agrosserviços. Esse montante é o maior contingente dos últimos seis anos.
Para o Cepea, esse resultado mostrou que as ocupações perdidas em 2020 devido a pandemia de Covid-19 foram recuperadas, superando até mesmo o montante de antes da crise sanitária. “Em 2022 tivemos um bom resultado. Observamos o crescimento da população ocupada desde 2021. Ou seja, 2 anos de bons resultados.”, explicou a pesquisadora Nicole Rennó, integrante da equipe técnica do Cepea.
Rennó completa: “Até o ano passado, ainda havia um fator de recuperação no mercado de trabalho no pós-pandemia. Principalmente na agroindústria e nos agrosserviços, pois na agropecuária essa recuperação aconteceu em 2020 mesmo”.
Trabalhadores rurais: protagonistas da inovação no campo
Como anda a empregabilidade no agro?
O avanço do número de trabalhadores no agro teve um impulso do aumento de número de empregados, com e sem carteira assinada, e de empregadores. “Quando olhamos para um panorama mais longo, essa era uma tendência no trabalho do agro, um movimento de formalização. Mas a pandemia bagunçou esses movimentos, pois, em um primeiro momento, os trabalhadores sem carteira sentiram o impacto. Porém, em um momento de recuperação esses trabalhadores voltaram também para o mercado de trabalho”, disse Nicole.
O Cepea registrou queda daqueles que trabalham por conta própria. O segmento de agrosserviços foi o que mais contribuiu para o aumento dos empregados com e sem carteira assinada. O primeiro, com 237 mil pessoas, e o segundo com 160 mil trabalhadores informais.
Informação e conhecimento aprimoram as práticas no campo
Perspectivas
O Cepea ainda não possui uma estimativa de como será mercado de trabalho em 2023. Para a pesquisadora Nicole Rennó, “Esperamos estabilização do comportamento seja pelo efeito de recuperação pós pandemia, seja porque 2023 deverá ser um ano um pouco mais desafiador para o setor. Especialmente dentro da porteira, quando falamos de rentabilidade”.
Com a evolução das tecnologias utilizadas no campo e fora dele, a realidade dos produtos e a forma de trabalhar foi se modificando ao longo do tempo. Atualmente, os trabalhadores rurais têm acesso a cultivos suspensos para melhorar as suas condições de postura. Sem deixar de mencionar, a oferta de sementes certificadas para não gerar perdas; uso de insumos de forma manual ou automatizada para auxiliar o desenvolvimento das plantas; softwares que detalham cada talhão. Enfim, uma grande variedade de inovações está cada vez mais acessível e chegando ao campo. Mas, tudo isso, não tem nenhuma utilidade, se não trouxer benefícios diretos aos trabalhadores rurais.
Principal fonte:
Mercado de Trabalho do Agronegócio Brasileiro, 2023. Acesso em: https://cepea.esalq.usp.br/upload/kceditor/files/Planilha_Mercado_Trabalho_SITE(12).xlsx