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Inovação na semente: tão presente que até esquecemos

Como as ferramentas inovadoras da ciência vem transformando as sementes e a realidade do campo?

Você já parou para pensar na importância da semente para a produção de plantas? Já se perguntou quanto de inovação existe dentro de uma semente? Se você nunca pensou nisso, saiba que as sementes passam por constantes inovações para que as culturas possam vencer os desafios do campo. Assim como melhorar o rendimento da lavoura, otimizar o uso da terra e, consequentemente, promover maior sustentabilidade da produção agrícola.

Não é para menos que devemos dar tanto valor para esse insumo. Afinal, é a partir da semente que começa a vida no campo. É a semente que dá origem a uma nova planta e inicia o ciclo da cultura. E assim, nessa fase de desenvolvimento, que a planta precisa garantir todo o seu potencial de enfrentar as condições adversas e atingir alta produtividade.

A semente carrega em si o embrião por ela protegido, que, a partir dela, recebe todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento inicial (que ocorre durante a fase de germinação). Dessa forma, quando um produtor deseja uma lavoura robusta, com alta capacidade produtiva, nada mais importante do que se utilizar sementes inovadoras.

Sementes inovadoras são aquelas que resultam de anos de pesquisa para o desenvolvimento de cultivares com características desejáveis, de altíssima qualidade, para melhorar a produção agrícola.

Quer saber mais sobre o processo de inovação e desenvolvimento de sementes? Continue aqui com a gente.

 

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Desde cedo a humanidade foi buscando melhorias nas sementes

O melhoramento vegetal ocorre desde os primórdios da agricultura, provavelmente junto às primeiras domesticações dos grãos de cereais. Nessa época nossos ancestrais começaram a reconhecer graus de excelência entre plantas cultivadas e guardavam as sementes das melhores lavouras para o plantio de novas safras. Esses métodos de seleção, por certo, foram os precursores das primeiras melhorias no cultivo de plantas.

Com a Revolução Verde, no início na segunda metade do século XX, houve maior difusão das inovações tecnológicas na agricultura. Áreas como a genética, a bioquímica e a biologia molecular avançaram consideravelmente. E o domínio das técnicas de sequenciamento do DNA, por exemplo, levou a um melhor entendimento da função dos genes nos organismos.

A partir do desenvolvimento e do domínio da tecnologia do DNA recombinante também foi possível a manipulação de genes, resultando na biotecnologia empregada nos dias de hoje.

 

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A biotecnologia trouxe grandes avanços na área de sementes

“Inovação no melhoramento de plantas” é o termo que descreve as ideias e práticas em evolução que aprimoram o campo do melhoramento de plantas. As inovações atuais, por exemplo, desenvolvidas usando ciência e técnicas, incluem: o mapeamento de genes e melhoramento assistido por marcadores. Sendo assim, por meio dessas tecnologias, podemos selecionar caraterísticas desejáveis para as espécies vegetais com fins de produção. Além de desenvolver novas variedades, testá-las e reproduzi-las para fins de comercialização.

As técnicas avançadas da biotecnologia proporcionam ao processo de inovação da semente maiores possibilidades de obtenção de materiais de propagação capazes de resistir às adversidades encontradas no campo. Como exemplo, temos as sementes transgênicas de soja, milho e algodão que contém a tecnologia Bt, (genes resistentes a insetos que atacam as lavouras causando prejuízos).

Ou ainda plantas capazes de resistir a doenças, como o feijão carioca resistente ao vírus do mosaico dourado (ou Bean Golden Mosaic Virus -BGMV) e tem sua semente identificada como BRS FC401 RMD. Também, plantas capazes de tolerar a seca e herbicidas, como é o caso do trigo transgênico HB4.

 

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Além de contribuir na melhoria das características agronômicas das sementes, a biotecnologia também pode adicionar qualidade nutricional aos alimentos. É o caso do arroz dourado, ou golden rice, capaz de produzir altos níveis de betacaroteno, precursor da vitamina A. Este, desenvolvido com o objetivo de combater a deficiência dessa substância, um problema grave em países asiáticos. Embora não seja uma variedade disponível no Brasil, o desenvolvimento de alimentos biofortificados está entre inovações apontadas pela biotecnologia para combater a fome e a desnutrição.

Assim é possível desenvolver variedades em resposta aos desafios ambientais, agrícolas e sociais de nosso tempo. As inovações no melhoramento de plantas não substituem as práticas tradicionais, mas aumentam a gama de ferramentas disponíveis para os cientistas que se dedicam a essa área de conhecimento.

Com o uso da biotecnologia para a inovação de sementes é possível desenvolver, por exemplo, uma semente de milho que seja apenas resistente a insetos, outra que demonstre tanto resistência a insetos e quanto tolerância a herbicidas, e ainda uma terceira que exiba tolerância a estresses causados pela seca. Dessa forma, temos no Brasil várias características introduzidas em sementes de plantas transgênicas que são aprovadas.

Como a inovação inserida nas sementes nos beneficia?

As inovações tecnológicas no desenvolvimento de sementes podem trazer vários benefícios para a agricultura e para a humanidade. Por meio da inovação, podemos produzir variedades melhoradas que sustentam, aumentam os rendimentos e são mais bem adaptadas para resistir às pragas, às doenças e aos efeitos das mudanças climáticas, como secas ou inundações, apoiando a agricultura sustentável e a segurança alimentar.

Com sementes mais bem adaptadas a diferentes ambientes e condições de cultivo é possível produzir mais em uma mesma área, havendo menor necessidade de se expandir terras produtivas.

Além disso, graças às inovações no melhoramento de plantas, os agricultores podem cultivar variedades de culturas com alto teor de proteína. Afinal, a proteína insuficiente na dieta é um fator que contribui significativamente para a subnutrição. Sem contar que por meio dessas tecnologias é possível aumentar o tempo de prateleira de muitos alimentos, que permanecem frescos por mais tempo. Muitos tipos de frutas e vegetais podem ser transportados e armazenados com mais facilidade, prolongando sua vida útil e reduzindo o desperdício de alimentos.

 

Sementes certificadas: garantia de inovação no campo

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As sementes provenientes de técnicas da biotecnologia, como as sementes transgênicas, são altamente reguladas. Sendo que todas elas precisam ser analisadas quanto à biossegurança antes de serem aprovadas para uso. No Brasil, por exemplo, o órgão que realiza a avaliação e aprovação é a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), sempre seguindo as regras estabelecidas pela Lei de biossegurança (Lei 11.105/05).

Após seu desenvolvimento por meio de um processo inovador, e aprovação pela CTNBio, para serem comercializadas, as sementes devem ser multiplicadas em conformidade com a regulamentação de cada país. No Brasil, são submetidas ao Registro Nacional de Sementes e Mudas (RENASEM) e são chamadas de sementes certificadas.

A multiplicação e comercialização de sementes também é uma atividade regulamentada e muito criteriosa. Para se obter sementes de qualidade é preciso atender a Lei n° 10.711, de 05 de agosto de 2003 que dispõe sobre o Sistema Nacional de Sementes e Mudas e possui seu regulamento estabelecido pelo Decreto n° 10.586, de 18 de dezembro de 2020. Além disso, é preciso seguir a Instrução Normativa n° 9, de 2 de junho de 2005, que estabelece as normas gerais para produção, comercialização e utilização de sementes.

 

Qual é a diferença entre semente e grão?

Antes de mais nada, é importante saber que tanto o grão quanto a semente correspondem à mesma parte da planta. Compostos pelo embrião, que resulta de um processo de fecundação entre gametas masculinos e femininos de uma planta e, estruturas que servem de proteção e manutenção desse embrião. A parte externa é formada por uma camada rígida (tegumento) e pelo endosperma que serve de fonte energética para que o embrião se desenvolva no processo de germinação e cresça para dar origem à nova planta.

Mas essa estrutura tem sua utilização não apenas como material de propagação, mas também serve para a alimentação humana, animal ou para dar origem a outros bens de consumo. Por isso, quando falamos em tecnologia e inovação na agricultura, diferenciamos os grãos das sementes.

Embora grãos e sementes correspondam à mesma estrutura da planta, existem algumas diferenças entre eles que devem ser rigorosamente levadas em consideração para evitar prejuízos e obter sucesso na produção agrícola.

 

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Uma diferença básica entre eles é que a semente precisa estar viva, sendo capaz de germinar e produzir uma nova planta quando proporcionadas condições favoráveis. Já o grão se destina ao consumo como alimento, ou como matéria prima para a indústria, ração, biocombustíveis etc.

Assim, utilizada como material de propagação, a qualidade da semente se mede por seu estado fisiológico, enquanto a qualidade do grão se afere por sua aparência e pelas propriedades físico-químicas que determinam sua aptidão para consumo de mesa ou transformação industrial.

A semente é a principal matéria-prima da produção agrícola. Uma boa semente garante uniformidade e rapidez na germinação, conferindo alto desempenho das plantas na lavoura. Nesse sentido, quando a semente é de qualidade, viabiliza um sistema radicular mais robusto, que cresce rapidamente e com profundidade, além de melhor desenvolvimento da parte aérea, com capacidade de realizar fotossíntese, o que faz com que a planta produza muitos grãos.

É preciso reconhecer e valorizar a inovação que as sementes carregam

Sementes de qualidade proporcionam o estabelecimento inicial da lavoura com plantas vigorosas que serão base para uma produção de alto rendimento. A EMBRAPA revelou em seus estudos que, quando bem conduzidas durante o plantio, boas sementes podem assegurar ganhos na produtividade entre 10 e 15%.

Seguir todas as normas e processos de produção de sementes são essenciais para garantir a qualidade e manutenção das características obtidas durante seu desenvolvimento. Afinal, a sustentabilidade da produção agrícola depende muito da nossa capacidade de valorização da semente como um produto inovador. Pois, ela resulta de um longo caminho de avanços científicos e tecnológicos percorrido pela humanidade.

 

 

Principais fontes:

FAO. Producing quality seeds means quality yields. Disponível em: http://www.fao.org/in-action/producing-quality-seeds-means-quality-yields/en/. Acesso em: 06 jul. 2023.

International Seed Federation (ISF). Technological advances drive innovation in plant breeding to create new varieties. Disponível em: https://worldseed.org/our-work/plant-breeding/plant-breeding-innovation/ Acesso em: 07 jul. 2023.

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