Inovação coloca agricultura brasileira no caminho dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
Descubra por que a inovação na agricultura ajuda o Brasil a alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Para enfrentar os desafios globais a Organização das Nações Unidas (ONU) define de tempos em tempos metas para guiar os países em seu caminho de desenvolvimento. O conjunto de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – teve início em 2015 e sua missão é entregar um futuro melhor e sustentável para todos até o ano de 2030.
São dezessete os ODS que devem ser atingidos pelos países e, de alguma forma, todos podem se conectar com os sistemas alimentares. Afinal, para que qualquer pessoa cresça, estude e trabalhe de forma saudável – a segurança alimentar deve ser garantida.
A inovação é a principal ferramenta para o alcance dos ODS, é o caminho para transformar produtos, processos e serviços que causam impacto ambiental e social em outros de menor impacto, que gerem lucro e sejam bons para o desenvolvimento de um setor, meio ambiente e sociedade a longo prazo.
Em outras palavras, a inovação sustentável é aquela que promove uma economia que tenha como base energia renovável, produtos de base biológica e que atenda às necessidades das gerações presentes sem comprometer as necessidades das gerações futuras.
A agricultura também está em processo de transformação
A agricultura também se conecta aos objetivos de desenvolvimento sustentáveis, e com inovação, entrega mais sustentabilidade na produção de alimentos.
Se na década de 1960 a expansão das terras agrícolas e maior aplicação de insumos químicos estavam diretamente relacionados a maior quantidade de comida na mesa, atualmente temos uma agricultura mais conectada, que toma decisões a partir da coleta de dados (monitoramento), que possui uma diversidade de ferramentas para proteção e nutrição das plantas e diferentes opções de manejo das culturas.
Dentro dos ODSs, três temáticas estão intimamente ligadas à agricultura.
- ODS 2: acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável”.
- ODS 12: assegurar padrões de produção e de consumo responsável.
- ODS 13: tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos.
Esses ODSs precisam ser alcançados dentro de um contexto de mudanças climáticas, crescimento da população global e aumento da desnutrição. Os alimentos seguros e nutritivos precisam ser produzidos com sustentabilidade e entregue para todos – assegurando benefícios econômicos, sociais e ambientais.
Inovar na agricultura é essencial para o alcance dos ODS
Em qualquer setor a capacidade de inovar é definitiva para o sucesso, na agricultura não tem por que ser diferente. É com a combinação das melhores tecnologias que o agronegócio brasileiro vem reduzindo emissões de gases de efeito estufa, economizando água, diminuindo aplicação de insumos e produzindo cada vez mais alimento por área, o que é denominado produtividade.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) a fome crônica pode chegar em 5% até 2030. Por meio do aumento da produtividade agrícola e da redução da perda e do desperdício de alimentos será possível reduzir esse valor, entregando uma dieta saudável para 568 milhões de pessoas a mais do que em 2019.
O ganho de produtividade já vem acontecendo. Por exemplo, no ano 2000 a produtividade do arroz no Brasil era de 3,1 toneladas por hectare (t/ha) – para contextualizar, um hectare é cerca de 1,5 vezes o tamanho de um campo de futebol – na última safra (2021/2022) a produtividade do arroz brasileiro chegou a 6,6 t/ha, ou seja, mais do que dobrou.
Por isso, quando falamos em produtividade também destacamos a diminuição nas mudanças de uso da terra (desmatamento), otimização no uso de recursos hídricos e, consequentemente, maior disponibilidade de alimentos.
A inovação da agricultura brasileira está no caminho dos ODS
A inovação na agricultura deve ser contínua, para isso é preciso seguir aumentando os investimentos em pesquisa – infraestrutura, insumos, sementes e práticas de manejo – assim como a conservação da diversidade genética de microrganismos, animais e plantas em bancos de germoplasma
A digitalização agrícola traz benefícios como o uso racional de água, energia elétrica e insumos agrícolas e evita desperdícios. É uma inovação que assegura padrões de produção mais responsáveis – assim como pede a ODS12.
A biotecnologia tem acelerado o melhoramento genético de plantas e resultado em sementes e mudas (tecnologias) mais adaptadas a regiões mais impactadas pelas mudanças climáticas como aquelas que sofrem com maior escassez de água e ondas de calor e frio – caso de uma soja geneticamente editada para apresentar tolerância à seca e considerada um não-OGM pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), uma tecnologia essencial para combater as mudanças climáticas e seus impactos (ODS13).
Plantas tolerantes à seca otimizam o uso de água
Para acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável (ODS2), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) segue desempenhando importante papel no fornecimento de tecnologias para agricultura alcançar os ODS. Atualmente estão em andamento 47 projetos de pesquisa relacionados ao ODS2, desses 37 também estão relacionados ao ODS12 e 6 projetos ao ODS 13.
Por exemplo, a aplicação da biotecnologia no estudo genético de plantas, animais e microrganismos tem resultado em organismos mais resilientes, de qualidade nutricional melhorada, resistentes a doenças e pragas, capazes de produzir material vegetal ideal para produção de biocombustíveis, assim como microrganismos mais adequados para essa aplicação. Além de pesquisas para aplicação de recursos de base biológica para geração de bioprodutos, bioinsumos e outros tipos de energia renovável, como o biogás.
Com isso, o Brasil se encontra em um processo de transição de uma economia dependente de produtos químicos e combustíveis derivados de fontes fósseis para uma economia sustentável e renovável, de base biológica. Uma agricultura que tem inovado para integrar tecnologias e práticas sustentáveis.
Ciência e sustentabilidade caminham juntas
De forma geral, as soluções tecnológicas buscam promover a sustentabilidade e a competitividade do agronegócio. Promovem agregação de valor aos produtos, processos e serviços oriundos da produção de alimentos – seja no campo ou na indústria. Resultam em novas práticas e otimizam os sistemas produtivos agropecuários e agroindustriais por meio da automação de processos e da agricultura de precisão e digital.
Essa característica da agricultura brasileira é resultado de um longo processo de pesquisa e inovação focado em boas práticas agrícolas que valorizam ferramentas como a rotação de culturas, o manejo integrado de pragas, o sistema plantio direto, dentre outras, de forma a promover a redução do uso de combustíveis fósseis e a manutenção ou ampliação da biodiversidade.
Com isso, a agricultura tropical brasileira é um exemplo quando se fala em rápida adoção de tecnologias modernas e ganho sustentável de produtividade.
Principais fontes:
Conab. Portal de informações agropecuárias. Disponível em: https://portaldeinformacoes.conab.gov.br/safra-serie-historica-graos.html. Acesso em: 12/09/2022.
Embrapa. Conheça as contribuições da Embrapa para a Agenda 2030 e para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: https://www.embrapa.br/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-ods. Acesso em 12/09/2022.
Governo brasileiro. Indicadores Brasileiros para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: https://odsbrasil.gov.br/. Acesso em: 12/09/2022.