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Culturas geneticamente modificadas contribuem com a mitigação dos gases de efeito estufa nos países europeus

Estudo revela que as culturas geneticamente modificadas podem reduzir as emissões dos gases de efeito estufa na União Europeia.

Estudo realizado por pesquisadores da Alemanha e Estados Unidos mostra, que aumento na adoção de culturas geneticamente modificadas (GM) em países da União Europeia (UE) poderia reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) em 33 milhões de toneladas de gás carbono equivalente (CO2eq) por ano. Essa quantidade representa 7,5% das emissões agrícolas de GEE da EU em 2017.

Gases de efeito estufa, culturas geneticamente modificadas e União Europeia

A emissão de GEE tem aumentado e a principal causa são as atividades humanas, entre elas, o desmatamento é um dos principais fatores. Isso porque, as florestas são capazes de capturar o gás carbônico (CO2) da atmosfera e armazená-lo no solo. Quando o desmatamento acontece, o CO2 é liberado e aquelas árvores já não existem mais para fazer a retirada do gás da atmosfera. Por isso, combater o desmatamento é uma das principais estratégias para impedir o aquecimento global.

gráfico de emissões de gases de efeito estufa no mundo

Esse conhecimento sobre os GEE alerta a população mundial para a importância das florestas em pé e mostra a necessidade de alternativas que possibilitem a manutenção das matas frente ao aumento da demanda global por espaço, minerais e alimentos.

Na agricultura, as ferramentas de biotecnologia tem acelerado o processo de melhoramento genético das plantas e desenvolvido sementes e mudas adaptadas às novas condições climáticas. Mas não é só isso, as culturas geneticamente modificadas – entre elas as plantas transgênicas –  têm sido adotadas por mais de duas décadas e demonstrado ganhos no rendimento (produtividade). A depender da região e variedade adotadas, a lavoura pode ter um rendimento aumentado em até 22%.

culturas geneticamente modificadas na mitigação dos gases de efeito estufa

No entanto, na União Europeia (UE), em virtude da morosidade do seu sistema regulatório, a adoção das culturas GM ainda é muito baixa. Nesse sentido, o estudo liderado pela pesquisadora Emma Kovak, do Instituto Breakthrough, traz um olhar científico de como essas tecnologias podem atuar na mitigação de GEE.

33 milhões de toneladas de CO2eq poderiam ser mitigados ao ano na União Europeia

O estudo levou em consideração três fatores principais para chegar nos resultados:

Ao analisar e conectar esses dados, os pesquisadores chegaram à conclusão de que a substituição das sementes convencionais pelas sementes GM reduziria as emissões de GEE em 33 milhões de toneladas de CO2eq ao ano. O que equivale a 7,5% do total de emissões agrícolas de GEE da UE em 2017.

Nesse cenário, a mitigação de GEE é impulsionada pela conservação do CO2 armazenado no solo e nas florestas e pela disponibilidade de uma grande variedade de sementes geneticamente modificadas de milho com característica de resistência a insetos e tolerância a herbicidas combinadas. São as sementes GM que aumentam a produtividade e diminuem a necessidade de realizar mudanças no uso da terra para a agricultura.

Além disso, o aumento da produtividade agrícola na UE levaria a maiores exportações, menores importações e, portanto, reduções na produção e mudanças no uso da terra, também, em outros lugares. O que poderia impactar em menores emissões globais de GEE.

A baixa adoção da biotecnologia agrícola se opõe às metas climáticas da própria UE

Por muitos anos a UE tem discutido questões sobre a segurança de produtos desenvolvidos por ferramentas biotecnológicas, onde sociedade e políticos se posicionam em lados opostos ao dos cientistas. A maior adoção da biotecnologia agrícola pela União Europeia poderia, inclusive, favorecer o plantio de culturas GM também em outros países (aqueles que são desencorajados pelo posicionamento da UE).

Em dezembro de 2019, a UE apresentou sua nova estratégia política para alcançar a neutralidade em emissões de carbono até 2050, o European Green Deal (EGD). A implementação da EGD deve acontecer de forma progressiva conforme a revisão de regulamentos e normas existentes, assim como novas leis e diretrizes serão desenvolvidas e implementadas. Existem oito áreas-chave que compõem o Green Deal:

Com isso, é importante que cientistas continuem a apresentar trabalhos como o da pesquisadora Emma Kovak e evitar que a biotecnologia seja excluída das práticas agrícolas da UE. À medida que a pesquisa em biotecnologia agrícola avança, uma variedade maior de sementes GM se tornará disponível. Cada uma com diferentes impactos no rendimento e podendo promover ainda mais a redução nas emissões de GEE.

Além disso, a biotecnologia também tem sido aplicada no melhoramento genético de animais e microrganismos, tecnologias disruptivas e que igualmente promovem a redução de GEE. Por isso, é tão importante que a regulamentação associada à produção de alimentos seja baseada em ciência, avaliando produtos caso a caso.

culturas geneticamente modificadas na mitigação das mudanças climáticas

Principais fontes:

Fetting, C. The European Green Deal, ESDN Report, December 2020, ESDN Office, Vienna.

Kovak, E., Blaustein-Rejto, D. e Qaim, M. Genetically modified crops support climate change mitigation. Trends in Plant Science. 2022.

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