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CRISPR, técnica para editar genes, é a vencedora do Nobel de Química

Se você escreve num computador, sabe exatamente o que é editar um texto. Basta selecionar o trecho errado, apagar e colocar a informação correta no lugar, certo? As cientistas Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna receberam o Prêmio Nobel de Química pela descoberta do CRISPR, técnica que permite fazer algo semelhante com os genes dos seres vivos. Sigla em inglês para “Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats” ou em português, “Conjunto de Repetições Palindrômicas Curtas Regularmente Espaçadas”, o CRISPR possibilita remover genes defeituosos ou desinteressantes e substitui-los por outros de uma mesma espécie. 

Tudo começou no início dos anos 2000, na Universidade da Califórnia, em Berkeley, EUA, quando as pesquisadoras estudavam como as bactérias se defendiam do ataque de vírus. Ao detalharem o sistema imunológico das bactérias infectadas, Charpentier e Doudna descobriram algumas sequências de DNA que eram pedaços dos vírus armazenados, como se fossem uma memória. Com essa memória, quando a bactéria era atacada novamente pelo invasor, ela o reconhecia e o removia, evitando a infecção. A região onde esse

 material fica guardado é o CRISPR. Com a descoberta veio a grande inovação: trocar a informação que era do vírus e colocar no lugar uma sequência de DNA de qualquer gene que se queira expressar dentro do genoma.

Imagina quantas possibilidades essa tecnologia traz para a agricultura por exemplo? Poder retirar de uma planta genes que a deixam vulnerável a uma doença e colocar no lugar outros genes que a tornem resistente? Criar novas cultivares tolerantes a questões climáticas, como seca e calor, para produzir alimentos em regiões onde antes não se podia plantar?

O trabalho das cientistas americanas abriu as portas para uma nova revolução. 

Já tem produto brasileiro editado geneticamente

O Brasil obteve o primeiro produto agrícola resultado da tecnologia CRISPR em 2018: um milho editado que contém maior concentração de amilopectina. O grão tem basicamente dois tipos de amido: amilose (cerca de 25%) e amilopectina (cerca de 75%). Este último é bastante interessante para a indústria de alimentos. Então, ao alterar a produção de amido para quase 100% de amilopectina, os cientistas desenvolveram um milho com características que melhoram a textura dos alimentos, além de ser usado também para fazer papel e cola. Em 2019, a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) analisou uma tilápia com maior rendimento de filé.

Pelo mundo não faltam exemplos de alimentos editados geneticamente. Já tem cogumelo paris, maçã e batata que não escurecem após o corte; trigo com maior teor de fibras; tomate que solta mais fácil do pé e facilita a colheita; e linhaça mais ômega 3.

Em resumo, a tecnologia desenvolvida por Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna pode contribuir para aumentar a produtividade das lavouras e a qualidade dos alimentos. Imagine o que ainda pode vir no futuro. Chuchu com gosto? Quiabo sem baba? Bem-vindo ao mundo do CRISPR. 

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