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Agricultura 4.0: AgTechs mudam o cenário do agro

A cada dia recebemos uma avalanche de novidades tecnológicas. E, no setor agro, a agricultura digital ou 4.0 é uma importante aliada para melhorar o trabalho do produtor.

O Brasil é um dos principais produtores e exportadores de alimentos do mundo. A estimativa da safra 19/20 é de 246 milhões de toneladas de grãos.

A agricultura 4.0 está transformando o setor com soluções ligadas à informática, as quais vão desde o planejamento da lavoura até a chegada do produto ao consumidor. As chamadas AgTechs são as empresas que promovem essas inovações com tecnologias aplicadas no campo. 

Hubs de inovação: parcerias estimulam ideias e soluções

De acordo com o relatório Radar AgTech Brasil 2019, 1.125 startups foram identificadas no país. A maioria delas, cerca de 90%, está nas regiões Sul e Sudeste, principalmente nas cidades de São Paulo, Piracicaba e Campinas. Porém, a transformação no agro tem um enorme campo a ser explorado devido à crescente demanda por produzir mais com sustentabilidade.

Em algumas regiões do Brasil existem hubs de inovação exclusivamente destinados ao agronegócio: espaços destinados para o trabalho de startups, médias e grandes empresas e instituições de ensino e pesquisa, com o objetivo de buscar o desenvolvimento em toda a cadeia agrícola. Os principais hubs estão em regiões estratégicas: AgTech Garage, em Piracicaba (São Paulo); Agrihub, em Cuiabá (Mato Grosso) e Agrovalley, em Londrina (Paraná). Juntos são, pelo menos, 500 startups e milhares de profissionais na comunidade virtual.

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A utilização da agricultura 4.0 está presente nos processos anteriores, internos e posteriores à fazenda. Para entender melhor, o fornecimento de insumos como produtos para controle biológico, fertilizantes, análise laboratorial, genômica, biotecnologia e economia compartilhada pode ser incluído no processo de desenvolvimento antes do campo. 

Um movimento que vem conquistando espaço são as fazendas urbanas. E, é nesse segmento que atua a startup C4 Biotecnologia, de Lençóis Paulista (São Paulo), alinhando o conhecimento que já possuía em iluminação para horticultura em grandes lavouras e laboratórios ao mercado da agricultura urbana. “Desenvolvemos estruturas para que a produção de alimentos seja indoor (interno), em apartamento, casa, condomínio, clube, qualquer ambiente que eu possa ajustar para que vegetais possam ser produzidos de uma forma indoor com uma condição que beneficie o consumidor”, destaca o CEO Carlos Conte. Desde 2016, já são mais de 200 projetos no Brasil e na América Latina.

A agricultura digital com tecnologia da informação, internet das coisas (IoT), sensoriamento remoto, drones, técnicas de monitoramento, oferecimento de conteúdo e informação on-line pode ser classificada como projetos dentro da fazenda. 

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Observando a demanda do setor, a startup Grandeo, de Ponta Grossa (Paraná), aprimorou o uso de uma tecnologia de espectroscopia no infravermelho próximo, chamada NIR (Near Infrared), que existe há mais de 20 anos. Com um equipamento portátil, parecido com uma máquina de cartão e pesando cerca de 300 gramas, o produtor analisa, em menos de um minuto, várias características do solo como matéria orgânica, umidade e níveis de minerais. Nas culturas é possível saber teores de amido, açúcares, fibras e umidade. O aparelho é conectado ao celular por sinal de bluetooth ou de wi-fi e tem um aplicativo que gerencia o funcionamento e armazena os dados localmente.

Luciano Paitch

Essa verificação complementa a análise tradicional feita em laboratório. “A análise com equipamento portátil permite um número maior de amostragem, além de ter o resultado em tempo real. A ideia é que possa justamente ser utilizado em regiões sem ou com péssimo sinal de cobertura de telefonia móvel. E quando o celular tiver conexão com a internet, os dados podem ser sincronizados com um servidor na nuvem”, explica o diretor Luciano Paitch. 

A agricultura familiar também é beneficiada com o uso da tecnologia. A startup Manejebem, de Biguaçu (Santa Catarina), presta assistência técnica de forma rápida e simples. Com um aplicativo, o produtor envia dúvidas com fotos, textos ou vídeos e recebe as respostas pelo celular. “O aplicativo manejechat é extremamente simples permitindo que o usuário, mesmo que tenha baixa escolaridade, entenda e possa usar as informações. Funciona da mesma maneira que o whatsapp, a grande diferença é que ele é captador de dados”, diz Caroline Luiz Pimenta, engenheira agrônoma e co-fundadora da startup. Caso o agricultor possua uma assistência técnica, ele pode adquirir apenas o software para concentrar os dados. Desde 2016, a plataforma já atingiu mais de 250 mil produtores no Brasil.

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Fora do campo: confiança na hora de consumir

A agricultura 4.0 também é importante para o consumidor e, no mercado, existem diversas ferramentas que o ajudam a saber exatamente o que está sendo levado à mesa. As tecnologias de pós-produção englobam desde logística e rastreabilidade até plataformas de alimentação e empórios. Este é um dos setores com grande número de startups: 532, segundo o Radar Agtech 2019.

A Agrolocal, de Pelotas, no Rio Grande do Sul, começou quando o engenheiro agrícola Telmo Lena fazia auditorias em propriedades rurais. Ele percebeu a necessidade desses agricultores em controlar os processos de produção. A exigência do mercado em saber a origem e o cultivo dos alimentos fez com que, em 2017, desenvolvesse um sistema de rastreabilidade. Atualmente, para aprimorar a tecnologia, Lena é parceiro de uma empresa de TI. “O trabalho, por enquanto, é regional. A gente lança os dados, o QR Code vai na embalagem e o consumidor pode ter acesso às informações. É preciso encurtar a distância do campo à mesa”. 

Um dos grandes benefícios da agricultura 4.0 é que as diversas tecnologias podem ser desenvolvidas e utilizadas por pequenos e grandes produtores, em regiões mais ricas ou mais pobres. Não há limite. O produtor conectado, seja com poucos ou muitos recursos, otimiza tempo e assegura melhoria no campo. 

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