Feijão transgênico, a tecnologia que melhora a produção no Brasil

Após anos de pesquisa, desenvolvimento e avaliações de segurança, o feijão transgênico chega na mesa dos brasileiros. 

O feijão faz parte da alimentação diária de mais de 400 milhões de pessoas que vivem nos países tropicais. É uma leguminosa de alto valor nutricional, que fornece proteínas, fibras, carboidratos complexos, vitaminas e micronutrientes.  Com o objetivo de conscientizar sobre a importância do consumo desse superalimento, a FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – declarou o dia 10 de fevereiro como o Dia Mundial do Feijão. 

Vamos aproveitar a ocasião para apresentar a você o feijão transgênico, que é uma tecnologia que foi desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para auxiliar os produtores da leguminosa a lidarem de forma mais sustentável com uma doença causada por vírus. 

Identificado como Bean golden mosaic virus (BGMV), o vírus do mosaico dourado é encontrado em muitas plantas, no entanto é no plantio de feijão que esse vírus impacta agricultores e pode reduzir a oferta do alimento no nosso prato. Quem carrega o vírus na natureza e leva para os feijoeiros são as moscas brancas (Bemisia tabaci), por isso a principal forma de proteger as plantações de feijão é com a aplicação de inseticidas que controlam as moscas e protegem as plantas. 

O BGMV pode causar perdas de produção que variam de 40% a 100% e a presença da doença já inviabilizou o cultivo de feijão em mais de 200 mil hectares. Agora os produtores têm à sua disposição a tecnologia RMD (Resistência ao Mosaico Dourado) aplicada em uma variedade de feijão carioca e identificada como semente BRS FC401 RMD – nome técnico do feijão transgênico. 

Feijão Trangênico RMD

É como se fosse uma vacina! O feijão transgênico é capaz de identificar a presença do vírus, que causa o mosaico dourado, e eliminá-lo. É uma planta imune a essa doença.  

O feijão transgênico é seguro? 

O feijão transgênico é idêntico ao feijão que conhecemos, a aparência da planta, o formato dos grãos, a composição nutricional e o sabor, por exemplo, são os mesmos. Assim como, a alteração genética também não possui potencial de afetar o metabolismo ou causar reações alérgicas. Aliás, todos os testes de segurança foram realizados e mostraram que o alimento transgênico não oferece riscos ao meio ambiente e à saúde humana e animal. A conclusão é da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) que analisou todos os estudos e atestou a segurança desse tipo de feijão geneticamente modificado. 

Nem todo feijão no mercado vai ser transgênico 

Realiza-se o cultivo do feijão em mais de 2,8 milhões de hectares ao longo de todo o Brasil. Como resultado, a estimativa é de que as sementes transgênicas ocupem cerca de 1% dessa área no ano de lançamento aos produtores – safra de 2020/2021.  

Assim como qualquer cultivar, o feijão transgênico também tem indicação de épocas e regiões específicas. Portanto, a Embrapa recomenda o seu cultivo em oito estados (BA, ES, GO, MA, MG, MT, RJ e TO) e no Distrito Federal em duas safras – as que acontecem entre maio/julho (inverno) e setembro/novembro (época das águas).  

Contudo, o aumento na adoção da nova tecnologia irá depender do custo de produção e aceitabilidade do produto pelo consumidor.  

Por que incentivar o cultivo do feijão transgênico?  

O mosaico dourado é a grande ameaça aos produtores de feijão. Com efeito, a doença traz incertezas sobre a quantidade de grão que será produzido ao final de cada safra. Dessa forma, deixa instável o preço desse alimento no mercado.  

No entanto, quando o feijão transgênico é plantado, a doença deixa de ser uma ameaça. Assim fica mais fácil prever a produção no campo – estabilizando a oferta e preços no mercado. Além disso, o produtor não precisará se preocupar tanto com a mosca branca – inseto responsável por infectar plantas com o vírus do mosaico dourado – havendo uma redução expressiva na aplicação de inseticidas.  

Além disso, o feijão transgênico é uma tecnologia nacional, desenvolvida por empresa pública e acessível para agricultores de todos os tamanhos. 

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Principais fontes: 

Aragão, F. J. L., et al. Molecular characterization of the first commercial transgenic common bean immune to the Bean golden mosaic virus. Journal of Biotechnology, 2013. 

Barbosa, F. R., et al. Feijão resistente ao mosaico-dourado. Circular técnica, Embrapa. 2021. 

Faria, J., Aragao, F. J. L., Souza, T. L. P. O., Quintela, E. D., Kitajima, E. W., & Ribeiro, S. G. Golden mosaic of common beans in Brazil: Management with a transgenic approach. APS Features, 2016. 

Silva, R. S., et al. Transgenic Elite Lines of Carioca Seeded Common Bean (Phaseolus Vulgaris L.) With Multiple Resistance to Viruses Reduce Cowpea Mild Mottle Virus Transmission. Euphytica (Preprint). 2022. 

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