O que são Defensivos Agrícolas Químicos?

Defensivos agrícolas químicos são substâncias utilizadas na agricultura para proteger as plantas contra as infestações de pragas, doenças e plantas daninhas. Também são conhecidos por agrotóxicos - termo utilizado pela legislação brasileira -, pesticidas, praguicidas ou produtos fitossanitários. A classificação do defensivo agrícola é feita de acordo com o alvo biológico que ele controla ou com a sua finalidade de uso. Quando não controladas, as pragas podem interferir na produção, processamento, armazenamento, transporte ou comercialização de alimentos, produtos agrícolas, madeira, rações, fibras e energia.

O termo “agrotóxicos e afins" inclui substâncias destinadas ao uso como regulador de crescimento de plantas, desfolhante, dessecante ou agente para desbaste de frutas ou prevenção da queda prematura de frutas. Essas substâncias possuem pelo menos um ingrediente ativo e outros ingredientes inertes em sua formulação.

Ao longo das últimas décadas, os defensivos agrícolas químicos exerceram um papel essencial no aumento da produção de alimentos por área plantada e no aumento da produtividade, ou seja, reduzindo o impacto ambiental com novos desmatamentos e aumentando a segurança alimentar, tornando os preços dos alimentos mais acessíveis para a população.

DEFENSIVOS QUÍMICOS

DE ACORDO COM A PRAGA ALVO

Defensivos Químicos

A partir da expansão das áreas de cultivo e do aumento da tecnologia nas lavouras, os defensivos acompanharam os avanços da ciência, tornando-se menos tóxicos e menos persistentes no meio ambiente. Os insumos também são utilizados em quantidade cada vez menores, devido ao aumento de sua eficiência e precisão.

A CropLife Brasil trabalha para regulamentar o setor e estimular o uso correto dos insumos para o país continuar avançando no setor agrícola.

Em 2022 a CLB representou 71% do faturamento da indústria de defensivos químicos no Brasil.

Sumérios usavam enxofre bruto para proteger colheitas de insetos invasores; Período medieval: produtos químicos como arsênico e chumbo eram comuns em culturas;

5.000 A.C

Chineses usavam formigas para combater pragas nos pomares;

Há 3.000 anos

Descobriram que o fungo Beauveria bassiana causava a morte do bicho-da-seda e passou a ser utilizado para fazer o controle biológico de insetos na agricultura;

1835

Revolução Verde. Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo passou por profundas transformações e as inovações no campo melhoraram a produtividade agrícola e aumentaram a produção de alimentos para erradicar a fome.

1950

Estima-se que o trabalho do Agrônomo Norman Borlaug tenha salvo da inanição entre 245 milhões e 1 bilhão de vidas em todo o mundo a partir do desenvolvimento de técnicas que aumentam a produtividade de culturas agrícolas. Em reconhecimento à sua contribuição para a paz mundial através do aumento do fornecimento de alimentos, Borlaug foi premiado com o Nobel da Paz em 1970.

Norman Borlaug

TAXA DE APLICAÇÃO - Nos anos 1950, a taxa média de aplicação de fungicidas, inseticidas e herbicidas, em todo o mundo, era respectivamente de 1.200, 1.700 e 2.300 gramas do ingrediente ativo por hectare. Em 2010, esses números caíram para 100, 40 e 75 gramas.

USO DE DEFENSIVOS QUÍMICOS NO BRASIL

DOSE MÉDIA (g/ha)

USO DE DEFENSIVOS QUÍMICOS NO BRASIL

Fonte: Ray Nishimoto, 2019

O uso dos defensivos é fundamental para garantir o rendimento das culturas e melhorar a qualidade dos produtos. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), cerca de 40% da produção agrícola do mundo pode ser perdida todos os anos pelo ataque de pragas. Estima-se que a perda mundial causada por doenças de plantas chega a US$$ 220 bilhões e as pragas invasoras custam aproximadamente US$S 70 bilhões. Um valor altamente considerável quando pensamos na quantidade de alimentos perdidos, o que afeta principalmente as populações mais vulneráveis.

Em contrapartida, o setor precisa atender a essa demanda crescente por alimentos. Ainda de acordo com a FAO, será necessário um aumento da produção global de alimentos de pelo menos 70% para uma população estimada em 10 bilhões de pessoas até 2050.

De acordo com a Embrapa¹, nos últimos 40 anos, o Brasil saiu da condição de importador de alimentos para se tornar um grande provedor para o mundo e atende 800 milhões² de pessoas. Foram conquistados aumentos significativos na produção e na produtividade agropecuária. O país exporta seus excedentes para mais de 180 países. O preço da cesta básica, no Brasil, reduziu consideravelmente e o país se tornou um dos principais players do agronegócio mundial, pois é o 4º no ranking de países em volume de produção agrícola, sendo líder ou vice-líder na exportação de, ao menos, nove dentre as principais commodities agrícolas do mundo (soja, milho, carne bovina, frango, suco de laranja, café, açúcar, etanol e algodão).

Hoje, se produz mais em cada hectare de terra, aspecto importantíssimo para a preservação dos recursos naturais. O consumo de insumos modernos, como os pesticidas e os fertilizantes, cresceu proporcionalmente ao aumento da produção agrícola, que ocupa uma área correspondente a apenas 8% do território brasileiro. Se considerarmos os grandes países produtores agrícolas competitivos (EUA, União Europeia, Argentina, Canadá, Rússia e Brasil), o Brasil é o único país com características de clima tropical e subtropical, apresentando uma biodiversidade muito mais rica. O calor e a umidade típicos dessas regiões propiciam uma incidência de pragas e doenças significativamente maior em comparação aos países de clima temperado, que se beneficiam do clima frio e da neve, que quebram o ciclo das pragas e doenças, matando grande parte da população durante a entressafra. Por ser um dos maiores mercados para produção e exportação agrícola do mundo, seria estranho se o Brasil não fosse um dos maiores consumidores de insumos agrícolas em quantidade absoluta - valor total (A). No entanto, ao analisar o valor dos pesticidas consumidos em diferentes países normalizados pela área cultivada (B) e pela produção agrícola (C), constata-se que o Brasil está próximo a média mundial e, portanto, “NÃO É O MAIOR CONSUMIDOR DE AGROTÓXICOS DO MUNDO”.

1 Fonte: Embrapa

2 Fonte: Embrapa

USO TOTAL DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS EM 2017

(US$-MILHÕES)

A

USO TOTAL DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS EM 2017

USO TOTAL DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS EM 2017

(US$-HA)

B

USO TOTAL DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS EM 2017

USO TOTAL DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS EM 2017

(US$-t de produtos agrícolas)

C

USO TOTAL DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS EM 2017

Fonte: Valores comercializados - Phillips McDougall – Agriservice (2018) e Áreas e produção agrícolas dos diferentes países - FAOSTAT (2017) e Carbonari e Velini (2021).

O crescimento na produção agrícola de grãos nos últimos 40 anos cresceu 360%, enquanto o uso de suas terras para esse fim aumentou apenas 56%

Produção de grãos x área cultivada no Brasil

Produção de grãos x área cultivada no Brasil

Fonte: IBGE, 2008; CONAB, 2017

A tecnologia e a inovação no campo foram as principais responsáveis por essa expansão e os defensivos agrícolas exercem um papel decisivo nesse contexto. Esses produtos se tornaram menos tóxicos e mais eficientes e, com isso, houve uma redução significativa na dose utilizada nas lavouras entre a década de 1970 e os anos 2000.

Para se ter uma ideia da importância do uso de defensivos químicos para garantir não só o protagonismo do Brasil na produção agrícola, mas também atender à demanda por alimentos do mercado nacional e internacional, destaca-se os efeitos do não controle das pragas e doenças. A média de perdas nas lavouras chegaria a 37,5% antes da colheita. Ou seja, a produção de alimentos estaria seriamente comprometida sem os defensivos.

A média de perda por pragas e doenças na lavoura fica em torno de 37,5% antes da colheita. Ou seja: a produção de alimentos se deterioraria sem os defensivos agrícolas

AUSÊNCIA DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS:

POSSÍVEIS EFEITOS

AUSÊNCIA DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

Perdas agrícolas causadas pelo não tratamento de pragas e doenças nas lavouras também trariam impactos relevantes nos aumentos dos preços dos produtos que chegam aos consumidores. Dessa forma, o desempenho das safras agrícolas impacta toda a sociedade.

Cabe ressaltar que 81% dos defensivos químicos utilizados no Brasil são destinados basicamente para quatro culturas – soja, milho, cana-de-açúcar e algodão, utilizadas majoritariamente como matéria-prima para produtos industrializados, para a produção de energia (álcool), para confecção de roupas (algodão) ou para a alimentação de animais (soja e milho).

Adicionalmente, a maior parte (49%) dos defensivos químicos empregados são herbicidas. Isso quer dizer que são usados para controlar plantas daninhas que competem com os cultivos agrícolas por água, luz e nutrientes do solo. Esses produtos nem sempre são usados diretamente nas culturas, mas antes de seus plantios. Se empregados desta maneira, não deixam resíduos nas plantas ou nos alimentos.

VOLUME DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS APLICADOS NO BRASIL: 2022

(MIL TON.)

VOLUME DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS APLICADOS NO BRASIL: 2022

Fonte: BNDES

A preocupação mundial com o uso dos pesticidas se reflete em regulamentações cada vez mais exigentes sobre os níveis de resíduos nos produtos agrícolas e no meio ambiente.

Quando o assunto é alimento, o Brasil é referência e segue os acordos internacionais que estabelecem limites seguros para o consumo e é membro do Codex Alimentarius, programa da ONU/FAO e Organização Mundial do Comércio, que estabelece uma biblioteca de normas para a segurança alimentar.

O limite máximo de resíduos em alimentos (LMR) contempla uma grande margem de segurança em relação a doses que possam causar problemas toxicológicos. Vale destacar que o LMR é um valor gerado com base em prática agrícola de cada país para verificar se a utilização de um agrotóxico está de acordo com a recomendação da bula. Valores acima do LMR são ilegais e estão sujeitos à ação da fiscalização, mas não necessariamente representam risco dietético. O levantamento da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa), o Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) - é um dos maiores programas de análise de resíduos de pesticidas em alimentos do mundo. A divulgação do relatório do PARA 2022 em 06/12/2023 pela Anvisa, revelou que os resultados de monitoramento e avaliação do risco compilados, correspondentes às análises de diversos alimentos que fazem parte da dieta básica do brasileiro, indicam que são seguros quanto aos potenciais riscos de intoxicação aguda e crônica advindos da exposição dietética a resíduos de agrotóxicos. Apenas 0,17% (3 de 1.772 amostras analisadas) foram detectadas potenciais situações de risco dietético agudo, que são pontuais e de origem conhecida, de modo que a Anvisa vem adotando providências com vistas à mitigação dos riscos identificados.

Em relação à avaliação da exposição crônica, o relatório da Anvisa, que apresentou dados de monitoramento de 342 tipos de agrotóxicos em 21.735 amostras de 36 alimentos coletadas no período de 2013 a 2022, “não identificou extrapolação da Ingestão Diária Aceitável (IDA) para nenhum dos agrotóxicos avaliados”.

Em resumo, em 9 anos de monitoramento a Anvisa não identificou risco crônico para os consumidores