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Inseticidas são insumos essenciais para a sanidade da lavoura

Quem nunca usou um spray para matar uma mosca ou uma barata que estava importunando? Ou, não usou um xampu que acaba com os piolhos em uma única lavagem? Aí temos exemplos claros dos usos corriqueiros de inseticidas no nosso ambiente de casa e trabalho.

Na agricultura não é diferente. É preciso controlar os insetos que causam sérios danos aos cultivos. Os inseticidas e os bioinseticidas são os produtos desenvolvidos para essa finalidade.

Inseticidas, necessários para altas produtividades

Organismos que causam danos às culturas agrícolas são chamados de pragas, porém, nem todo inseto é uma praga. Existem insetos benéficos que ajudam na sustentabilidade do cultivo, podendo ser importantes na polinização, por exemplo, ou até no controle de outros organismos prejudiciais à lavoura.

As pragas são uma peça importante em todo o manejo agrícola, quando em alta população, causam sérios prejuízos na lavoura, pois podem se alimentar das plantas e até transmitir doenças. A nuvem de gafanhotos em junho de 2020 é um exemplo, esses insetos trouxeram muita preocupação e muitas perdas em lavouras da América do Sul.

No entanto, não é preciso um evento esporádico como esse para nos trazer preocupação. Afinal, dezenas, ou até centenas de espécies de insetos-praga podem prejudicar as mais diferentes culturas em todo o mundo. Aqui no Brasil, podemos citar alguns exemplos de insetos-praga importantes:

Alguns insetos podem atacar mais de uma cultura, e se não houver um controle efetivo os prejuízos podem ser enormes. Segundo o Cepea/Esalq-USP, os danos das pragas nas culturas podem variar de 9,5% a 40%, de acordo com o tipo de praga sem o controle adequado. A lagarta Helicoverpa, por exemplo, que ataca diversas culturas pode chegar a reduzir a produtividade de lavouras como soja e algodão em até 40%. 

Como agem os inseticidas?

 

Os inseticidas podem ser classificados de várias maneiras, com base em sua química, ação toxicológica ou modo de ação no inseto. Existem três principais maneiras do inseto adquirir o ingrediente ativo e o controle ser efetivo.

Os inseticidas de ingestão são tóxicos apenas se ingeridos pela boca dos insetos e são mais úteis contra os que mordem ou mastigam, como lagartas, besouros e gafanhotos. Eles são aplicados como sprays nas folhas e caules das plantas que podem ser ingeridas pelos insetos-alvo. 

Eles incluem produtos químicos como cianeto de hidrogênio, naftaleno, nicotina e brometo de metila, e são usados principalmente para controlar insetos de produtos armazenados ou para fumigação de viveiros.

Além dos sintéticos, existem os inseticidas orgânicos que são compostos produzidos naturalmente pelas plantas e os inorgânicos que são substâncias como arsênico e o enxofre. Alguns desses compostos são formulados em produtos biológicos (bioinseticidas) e são permitidos, inclusive na agricultura orgânica.

Para que os inseticidas sejam realmente eficientes, faz-se a pulverização desse produto sobre plantas e outras superfícies em que os insetos terão contato ou se alimentarão. Por isso, é importante conhecer a praga que se está controlando, seu ciclo de vida e seus hábitos de reprodução. Esse conhecimento faz com que as aplicações sejam mais precisas e eficientes. Saber o momento certo de controlar evita o desperdício de produtos e ajuda na maior sustentabilidade da lavoura. 

Dentre os bioinseticidas, cabe mencionar, aqueles que utilizam como ingrediente ativo, microrganismos que controlam insetos. O mais famoso deles é o derivado da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt). A Bt contém proteínas que, quando ingeridas pelo inseto, levam à sua morte. Trata-se de um produto biológico bastante eficiente e que ajudou a controlar lagartas, incluindo a Helicoverpa armígera, em culturas como às da soja, milho e algodão. 

A eficiência do Bt levou os inseticidas para a biotecnologia. Em outras palavras, o conhecimento dos genes que resultam nas proteínas Bt propiciou o desenvolvimento de plantas transgênicas que expressam proteínas Bt. Com isso, as lagartas-alvo de diferentes culturas não podem desenvolver ao ingerirem folhas das plantas modificadas. Até o presente, essa característica já foi analisada e aprovada para uso comercial no milho, algodão, soja e cana-de-açúcar aqui no Brasil. 

Inseticidas naturais

 

Pelo que falamos, existem diferentes formas de controlar os insetos. Nas nossas casas, os inseticidas mais comuns são os de contato, ou seja, só de estar em contato com o inseto já consegue controlá-lo. 

Os inseticidas de contato penetram na pele da praga e são usados contra os artrópodes, como os pulgões e cochonilhas. Esses inseticidas originalmente foram encontrados em plantas, e por isso passaram a ser denominados, inseticidas naturais.

Os inseticidas de contato naturais incluem a nicotina – desenvolvida a partir do tabaco – e o piretróide, obtido de flores de Chrysanthemum cinerariaefolium e Tanacetum coccineum. Outro inseticida agrícola derivado de uma planta é o rotenona, que foi extraído a partir das raízes das espécies Derris spp. e plantas relacionadas.

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Embora esses compostos tenham sido originalmente derivados de extratos vegetais, os ingredientes ativos de alguns deles já foram sintetizados. 

Os inseticidas naturais geralmente têm vida curta nas plantas e não podem fornecer proteção contra invasões prolongadas. Isso fez com que fossem amplamente substituídos por novos inseticidas sintéticos.

A classificação dos inseticidas

Os inseticidas sintéticos são os principais agentes de controle de insetos. Em geral, eles penetram facilmente nos insetos e são tóxicos para uma ampla variedade de espécies. Os principais grupos sintéticos podem ser classificados em: organofosforados, piretróides e piretrinas e, carbamatos.

Organofosforados

 

Os organofosfatos são a maior e mais versátil classe de inseticidas. Dois compostos amplamente usados nessa classe são paration e malathion. Eles são especialmente eficazes contra insetos sugadores, que se alimentam de sucos de plantas. 

A absorção dos produtos químicos na planta é obtida pulverizando as folhas ou aplicando soluções impregnadas com os produtos químicos no solo, para que a ingestão ocorra pelas raízes. 

Os organofosfatos geralmente têm pouca ação residual e são importantes, portanto, onde as tolerâncias residuais limitam a escolha de inseticidas. Eles geralmente são muito mais tóxicos que os hidrocarbonetos clorados. Controlam os insetos inibindo a enzima colinesterase, essencial no funcionamento do sistema nervoso.

Piretróides e piretrinas

 

São originários de modificações das piretrinas naturais, compostos que foram extraídos das flores do crisântemo. Os piretróides possuem alta eficiência de controle, sendo necessárias doses menores do ingrediente ativo para sua eficiência. 

Devido a isso, sua toxicidade é baixa, tanto para os mamíferos, quanto para o ambiente. Seu modo de ação também se dá pela paralisação de nervos e músculos, bloqueando os canais de sódio nos insetos.

Carbamatos

 

Os carbamatos são um grupo de inseticidas que inclui compostos como carbamil, metomil e carbofurano. Eles são rapidamente desintoxicados e eliminados dos tecidos animais. Tem um baixo residual devido à instabilidade química da molécula. 

Os carbamatos conseguem paralisar os nervos e músculos dos insetos-praga, inibindo a enzima acetilcolinesterase. Sua atividade inseticida é considerada alta e com baixa toxicidade a longo prazo.

Além desses, muitos outros tipos de inseticidas são desenvolvidos e testados. Segundo o Comitê de Ação a Resistência aos Inseticidas (IRAC, sigla em inglês), são mais de 30 categorias de classificação com 5 tipos de modo de ação nos insetos.

A imagem apresenta o modo de ação de diversos tipos de inseticidas.

A forma como os produtos podem controlar os insetos, são:

O conhecimento sobre o modo de ação dos inseticidas é essencial para aumentarmos a eficiência de uso dos produtos e para diminuirmos a resistência de insetos, alternando mecanismos de ação. 

Desenvolvimento e segurança dos inseticidas

Atuando no controle dos insetos nos mais diferentes modos de ação, o desenvolvimento dos inseticidas passa por muitos processos. Da pesquisa inicial até chegar ao consumidor, são necessários muitos testes e comprovações científicas da sua eficiência de controle. Além disso, os inseticidas também precisam ser seguros para o meio ambiente e à saúde humana.

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No Brasil, o inseticida precisa ser aprovado por três órgãos governamentais reguladores. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -IBAMA, e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA.

Esses órgãos avaliam as características químicas do produto, sua ação no controle de pragas, seu impacto no meio ambiente, incluindo a ação em outros insetos, que não sejam alvo. Na saúde humana, os inseticidas são avaliados por sua toxicologia, ou seja, a capacidade do produto provocar intoxicação e problemas para as pessoas.

A regulamentação dos inseticidas segue padrões internacionais rigorosos. Além disso, o uso consciente e adequado desses produtos não causa prejuízos e garantem a segurança alimentar e a produção mais sustentável.

Em linha com a produção cada vez mais sustentável no campo, as instituições de pesquisa e empresas de defensivos buscam desenvolver produtos sempre mais modernos e que não agridam o meio ambiente. Por isso, encontramos uma diversidade química cada vez mais seletiva e integrada aos produtos biológicos e biotecnologia. 

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Aliado a essa diversidade de produtos, formulações e princípios, a nanotecnologia desponta como uma estratégia de maior biodisponibilidade de ingredientes ativos, permitindo a entrega direcionada, liberação controlada, proteção contra a degradação e maior eficácia. 

Em suma, estamos acompanhando uma revolução tecnológica no campo voltada à precisão e produção com elevada sustentabilidade até mesmo no controle de insetos indesejáveis. 

 

Principal fonte:

Phillips, M W A, Agrochemical industry development, trends in R&D and the impact of regulation. Pest Management Science, 2019.

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