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As abelhas e a segurança alimentar

Entenda a importância desses polinizadores para a produção de alimentos e preservação da diversidade biológica do planeta

As abelhas costumam ser conhecidas pela sua capacidade de produzir mel, mas, seu papel é muito maior. Elas fazem parte de um grupo de polinizadores com função fundamental na produção de alimentos e na preservação da biodiversidade. Por isso, as abelhas têm grande importância para a segurança alimentar global. Você sabe por quê?

Estima-se que os polinizadores em geral, como insetos, pássaros e morcegos, sejam responsáveis por polinizar até 90% das plantas cultivadas globalmente. No entanto, aproximadamente metade daqueles que polinizam plantas tropicais são abelhas. Levando em conta que um terço dos alimentos produzidos no mundo dependem de polinização, podemos dimensionar o quão relevantes são esses pequenos animais na manutenção da biodiversidade e da produção agrícola.

 

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Além do aspecto alimentar e dos serviços ecossistêmicos, a polinização corresponde a cerca de 10% do PIB agrícola do planeta, representando um valor superior a U$ 200 bilhões/ ano no mundo.

A fim de promover a conscientização das populações sobre o papel essencial das abelhas e outros polinizadores, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 20 de maio como Dia Mundial das Abelhas.

Então, continue lendo e entenda a importância de preservarmos esses insetos para a sustentabilidade da produção agrícola e, consequentemente, o bem-estar das gerações futuras.

As abelhas são grandes responsáveis pelo início de vida de muitas plantas

A polinização é a transferência dos grãos de pólen das estruturas masculinas das flores (estames) para a parte feminina, conhecida como estigma. Essas estruturas podem estar na mesma flor ou em flores diferentes na mesma planta ou até de outra planta de uma mesma espécie vegetal.

Quando ocorre essa transferência do pólen, ocorre sua germinação no estigma que fertiliza os óvulos localizados no ovário da flor. Esse processo é conhecido como fertilização, onde cada óvulo forma um embrião, as sementes e os frutos. Assim nasce uma nova planta.

 

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Com raras exceções (apomoxia e partenorcarpia), a polinização é essencial para a produção de sementes e frutos. Na apomoxia as sementes são formadas sem haver fertilização, ex. algumas forrageiras como Brachiaria decumbens, Panicum maximun, e na partenocarpia os frutos são formados sem a fertilização dos óvulos, ex. banana, abacaxi, uvas sem sementes etc).

Contudo, dentre todas a espécies de plantas conhecidas que dependem da polinização, algumas possuem a capacidade de se autopolinizar, enquanto outras dependem de agentes de polinização que podem ser abióticos como o vento, a água ou a gravidade ou agentes bióticos (seres vivos), como os polinizadores. E de todos os seres vivos que se enquadram nesse grupo, as abelhas correspondem à metade, sendo consideradas as principais responsáveis pela polinização, tanto de plantas nativas como das espécies cultivadas.

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O declínio das abelhas e a preservação da biodiversidade

Nos últimos anos, alguns apicultores e pesquisadores têm expressado preocupação com a redução da população de abelhas ao redor do planeta. Segundo pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Cristiano Menezes, PhD em Entomologia, vários fatores contribuem para o declínio das abelhas no mundo. Sem ordem de grandeza, porque o impacto varia de acordo com a intensidade das criações, o continente e a localização dos países, ele destaca entre os principais fatores a disseminação global de doenças; o comércio Ilegal entre países de colmeias e rainhas; a destruição do habitat natural; o aquecimento global e o uso incorreto de defensivos agrícolas.

 

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Cristiano Menezes também destacou que culturas como maracujá, melão e maçã dependem 100% das abelhas. E, se não tivesse a polinização, a produção de maracujá, melão e maçã cairiam para praticamente zero ou, pelo menos, torna-se economicamente inviável. Diante disso, o trabalho de governos e agricultores é de suma importância para preservar a vida e a saúde das abelhas.

Práticas e iniciativas contribuem com a preservação das colmeias

Segundo a ONU, a apicultura é uma atividade capaz de promover um impacto ambiental positivo, pois estimula a polinização e, consequentemente, a produtividade dos ecossistemas florestais (e agrícolas) circundantes.

A boa notícia, quando falamos de abelhas, é que o Brasil é referência mundial em pesquisa e geração de tecnologia para apicultura e meliponicultura. Nossos pesquisadores fazem algumas recomendações que também podem trazer impactos positivos para a manutenção da população de abelhas do país. Dentre elas:  formação de pastos apícolas, que são áreas destinadas ao cultivo de plantas que forneçam alimento para as abelhas; uso de plantas nativas que beneficiem as abelhas, na recuperação de reservas legais (RL) e áreas de preservação permanente (APPs) e; avaliação de produtos químicos que possam matar abelhas ou prejudicar a dinâmica das colmeias, estabelecendo normas claras para a forma e o período permitido para o uso.

Em muitos países, já é uma prática comum agricultores contratarem apicultores para trabalhos em parceria. O apicultor leva suas colmeias até as áreas de cultivo para que as abelhas melhorem a polinização de fruteiras e algumas hortaliças, a exemplo do tomate, aumentando sua produção. Em contrapartida, o apicultor ganha pasto (floradas) para alimentar suas colônias que também vão produzir mais mel. No Brasil, esta prática é adotada em pomares de laranja e maçã, entre outros.

Outro exemplo de preservação no Brasil é uma prática que acontece no Paraná, onde parques urbanos recebem colmeias para reintroduzir polinizadores nativos em seu local de origem. Faz parte de um programa lançado em janeiro do ano passado para incentivar a instalação de colmeias de abelhas nativas sem ferrão nos parques urbanos do estado. Os municípios interessados recebem recursos, e, em troca, as prefeituras ficam responsáveis pela manutenção, com a limpeza e conservação das caixas.

 

 

Principais fontes:

Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). A importância das abelhas na biodiversidade e sua contribuição para a segurança alimentar e nutricional. Disponível em: https://www.fao.org/sao-tome-e-principe/noticias/detail-events/pt/c/1133316/ Acesso em: 12 maio de 2023.

BARBOSA, D. B., CRUPINSKI, E. F., SILVEIRA, R. N., & LIMBERGER, D. C. H. (2017). As abelhas e seu serviço ecossistêmico de polinização. Revista Eletrônica Científica Da UERGS, 3(4), 694-703. https://doi.org/10.21674/2448-0479.34.694-703

 

 

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