Edição genética, uma versão 5.0 do melhoramento genético
Novas ferramentas de edição genética serão essenciais para enfrentarmos as consequências do aquecimento global
A edição genética reúne ferramentas de biologia molecular que possibilitam o aumento da diversidade genética dos organismos vivos. Sejam eles microrganismos, plantas ou até mesmo animais. Com isso, organismos utilizados na produção de alimentos podem ser geneticamente melhorados para, por exemplo, produzir mais, mesmo em situações de grandes adversidades ambientais – como as decorrentes do aquecimento global que resultam em seca, inundações e desequilíbrios nas populações de pragas que atingem as culturas.
Melhoramento genético 5.0
O aquecimento global tem modificado constantemente a temperatura, intensidade de chuvas, ventos, e outros fatores que afetam o desenvolvimento dos organismos vivos, colocando em risco a produção de alimentos. A fim de enfrentar esses problemas é preciso expandir a diversidade genética dos organismos vivos, promovendo o melhoramento genético de algumas espécies – a essas novas condições climáticas, pragas e doenças que possam surgir.
Em outras palavras, se o melhoramento genético fosse um celular, a edição de genomas seria o mais novo processador – rápido, eficiente e de ótima resolução. Celulares com processadores mais antigos são capazes de realizar praticamente todas as atividades de um novo, no entanto, de forma mais lenta, com maiores chances de travar e de cometer erros.
Edição genética já entrega soluções
Acelerando o processo de desenvolvimento de plantas tolerantes à seca, o melhoramento genético 5.0 já mostra que é possível enfrentar, a curto prazo, o aumento da temperatura e a escassez de chuvas (causados pelo aquecimento global). Em outras palavras, o que levaria cerca de 20 anos para ocorrer pelos métodos mais convencionais já pode ser realizado em cerca de 5 anos.
A tolerância à seca, por exemplo, é uma característica genética já presente em algumas plantas. Com a edição genética, alguns pesquisadores já introduziram ou resgataram essa característica em variedades de arroz, batata, milho, soja e tomate. Ao propósito de ampliar a diversidade genética dessas plantas.
Com isso, as novas variedades mantêm alta produtividade, inclusive em situações de baixa disponibilidade de água. A soja tolerante à seca, desenvolvida por edição genética, já foi inclusive avaliada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) do Brasil. A expectativa é que sementes dessa variedade logo estejam disponíveis aos agricultores brasileiros.
Um upgrade necessário
Desde tolerar à seca até combater pragas e viabilizar dietas mais saudáveis, a nova versão do melhoramento genético vai continuar aumentando a diversidade genética das culturas. No entanto, atualmente, pode fazer isso de forma mais rápida, acessível e buscando a resiliência climática e o atendimento às necessidades nutricionais em muitos contextos agrícolas diferentes – desde o cultivo de subsistência até a produção industrial de monoculturas.
Assim, o melhoramento genético reúne ferramentas diversas e representa uma estratégia essencial para garantir a segurança alimentar da população global nos próximos anos.
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Principais fontes:
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio): http://ctnbio.mctic.gov.br/inicio. Acesso em 25/11/2022.
Garland, S., e Curry, H. A. Turning promise into practice: Crop biotechnology for increasing genetic diversity and climate resilience. Plos Biology, 2022.
Shelake1, R. M., et al. Engineering drought and salinity tolerance traits in crops through CRISPR-mediated genome editing: Targets, tools, challenges, and perspectives. Plant Communications, 2022.