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Inovação em defensivos agrícolas traz mais eficiência e segurança

O Brasil é um dos principais produtores de alimentos, fibras e energia do mundo. Mas o desafio de atender a demanda mundial, em constante crescimento, vai além da quantidade. Hoje, qualidade e sustentabilidade são fatores essenciais para a conquista e a manutenção de espaço no mercado global.

 Os consumidores estão preocupados com questões como mudanças climáticas e esgotamento dos recursos naturais do planeta. Por isso, as áreas de Pesquisa e Desenvolvimento de empresas de insumos trabalham para encontrar novas tecnologias que resultem em maior produtividade e, ao mesmo tempo, reduzam os possíveis riscos e impactos sobre a saúde da população e dos recursos naturais. 

A indústria de defensivos agrícolas investe na inovação e no conhecimento científico para entregar aos agricultores produtos cada vez mais eficientes e seguros. 

Para entender melhor como os defensivos agrícolas vem evoluindo, a CropLife Brasil conversou com um dos maiores especialistas neste tema, o Doutor Caio Carbonari, professor do Departamento de Proteção Vegetal, da UNESP, a Universidade Estadual Paulista. 

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CLB – Do ponto de vista do modo de ação dos defensivos agrícolas, quais foram as principais mudanças?

CC – Houve uma grande revolução no desenvolvimento dos defensivos agrícolas, é um setor que inova continuamente. Com os avanços científicos, dentre outros aspectos, é possível compreender melhor os sítios de ação dos defensivos e desenvolver compostos cada vez mais específicos, seletivos e seguros.

A evolução na redução das doses ao longo do tempo evidencia claramente isso. A dose média dos defensivos agrícolas lançados a partir do ano de 2000 é 12% da dose média dos produtos desenvolvidos até a década de 1970. Se olharmos a dose média dos produtos prioritários aguardando aprovação no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), essa tendência se mantém: a dose média é 9% (redução de mais de 90%). 

Isso é resultado de ciência e inovação e reflete os avanços obtidos na eficiência e na redução do risco, pois reduz exposição. Em outras palavras, os produtos de aprovação recente no Brasil são mais seguros para o agricultor, consumidor e meio ambiente e são aplicados em doses 8 vezes menores do que os produtos desenvolvidos até década de 70.

CLB – Os defensivos atuais são menos tóxicos?

 

CC – A redução das doses expressa o quanto os produtos se tornaram mais eficazes. Isso por si só já reduz o risco de exposição. Do ponto de vista toxicológico também houve grandes avanços. O processo de desenvolvimento progrediu muito, tem ficado cada vez mais rigoroso e os fabricantes eliminam ingredientes ativos problemáticos já no início do processo de pesquisa.

De maneira geral, analisando o risco, temos indicadores que mostram isso. Uma das ferramentas já consolidadas e com grande aceitação por agências reguladoras e instituições de pesquisa no mundo todo é o EIQ (Environmental Impact Quotient of Pesticides), o quociente de impacto ambiental, desenvolvido em 1992 por pesquisadores do New York State Integrated Pest Management. 

O EIQ permite quantificar e estabelecer comparações quanto ao risco do consumo de defensivos agrícolas, levando em consideração uma série de fatores como a dose de ingrediente ativo aplicada, características físico-químicas e toxicológicas e, a dinâmica ambiental de cada composto. Essa ferramenta permite ainda avaliar o risco associado a diferentes componentes, sendo eles o consumidor dos produtos agrícolas, o trabalhador envolvido na manipulação e aplicação e o ambiente.

Quando olhamos para o EIQ ao longo do tempo, observamos uma drástica redução para os três componentes: meio ambiente, trabalhador e consumidor. 

Apesar desses avanços ao longo do tempo, a questão central não é se o defensivo agrícola é antigo ou novo e sim o baixo risco. E existe a tendência clara dos produtos mais modernos apresentarem menor risco em relação aos mais antigos.

Além disso, os defensivos agrícolas passam, por revisões nas agências reguladoras dos diversos países. Isso é realizado para garantir que os dados estejam atualizados com os mais recentes avanços no conhecimento científico e em conformidade com os mais recentes padrões de segurança do ponto de vista de saúde, trabalho e meio ambiente. A reavaliação garante a permanência no mercado dos produtos seguros.

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CLB – Como agem os defensivos atuais?

CC – Os defensivos têm se tornado cada vez mais específicos.  É possível escolher sítios de ação para os diferentes organismos alvos, o que confere cada vez mais segurança e seletividade, além da maior eficácia.

Além disso, há que se considerar que também evoluímos muito no desenvolvimento de formulações mais eficientes e seguras, assim como temos evoluído, continuamente, nas tecnologias de aplicação desses produtos. Todo esse conjunto das ciências envolvidas no desenvolvimento e uso dos defensivos agrícolas se somam para garantir segurança no emprego desses produtos. 

CLB – Atualmente, como estes produtos se comportam no que se refere ao tempo de persistência nas plantas e no ambiente?

CC – Não é possível generalizar, mas há uma tendência de queda na persistência, especialmente, a partir do final da década de 1990. No entanto, mais importante do que a redução na persistência é o uso correto, considerando essa característica.  

Quando olhamos o levantamento do EIQ, que considera a persistência nas plantas (culturas) e no solo (meio ambiente), temos um bom indicador das reduções de risco. Analisando os EIQs para o uso de todas as classes de defensivos agrícolas no país, nas culturas mais importantes, quanto a área plantada e consumo de defensivos agrícolas, no período de 2002 a 2015, os resultados evidenciam o uso racional de defensivos agrícolas no Brasil. 

Além disso, demonstram uma tendência muito significativa de queda nos riscos, com reduções de 51%, 37% e 34% nos valores de EIQs, respectivamente para o trabalhador, consumidor e ambiente.

De modo bem objetivo, ser mais ou menos persistente não é a questão. A questão é ser mais ou menos persistente do que o necessário levando, respectivamente, a contaminações ou à necessidade de reaplicações. 

O fundamental é respeitar as recomendações dos fabricantes, que foram aprovadas pelos órgãos reguladores, em termos de intervalos necessários para que se possa trabalhar na área, colher os produtos ou semear a próxima cultura. Esses intervalos são sempre determinados com grande margem de segurança para o meio ambiente, agricultores e consumidores.

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