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Canola transgênica: opção de óleo saudável para o consumo

A canola transgênica, assim como sua variedade não transgênica, é cultivada, principalmente, pelas suas sementes ricas em óleo muito saudável de elevada quantidade de ômega-3, vitamina E e baixa concentração de gordura saturada. Antes de falarmos sobre a importância do transgênico para os produtores de canola, vamos conhecer um pouco mais sobre essa cultura.

Canola muito mais do que uma planta

Apesar de ser um nome comum a canola é, na verdade, um termo genérico internacional utilizado para definir cultivares de colza que possuem 2%, ou menos, de ácido erúcico no óleo e valores de glucosinolatos na matéria seca da semente que não ultrapassem 30 micromoles por grama. 

Ácido erúcico é um ácido graxo de cadeia longa, óleos com alta concentração desse ácido graxo são utilizados para fabricação de lubrificantes, vernizes e detergentes.

A partir do melhoramento genético das espécies Brassica napus L. e Brassica rapa L. (ambas pertencentes à família crucífera, assim como repolho e as couves) foram desenvolvidas, no Canadá, as primeiras cultivares de canola. Por apresentarem baixos níveis de ácido erúcico e de glucosinolatos receberam o nome de canola, sigla em inglês de canadian oil, low acid.

A primeira cultivar de canola foi desenvolvida no Canadá e lançada em 1974.

A canola é uma planta herbácea de flores amarelas que pode chegar a 1,8 metros de altura e apresentar coloração que varia em tons de verde a depender da cultivar adotada. A maturação das sementes acontece entre 40 e 60 dias depois do início do florescimento.

O cultivo de canola tem recebido cada vez mais espaço justamente pela qualidade nutricional do óleo de canola (constituído por 11% de ácidos graxos essenciais como o ácido alfa-linoléico: ômega-3) e elevado teor proteico, que pode chegar a 27%. Além disso, o conteúdo de óleo em seus grãos pode chegar a 48%.

Cultivo da canola no mundo

A canola se destaca como importante planta para a produção de óleo vegetal. Cultivada em aproximadamente 35 milhões de hectares, entrega 69 milhões de toneladas de sementes para o mundo. A partir dessas sementes são produzidas quase 28 mil toneladas de óleo de canola e 39 mil toneladas de farinha. 

Nos últimos 10 anos, Canadá, China e Índia foram os responsáveis pela produção de mais de 50% das sementes de canola no mundo. 

No Brasil, a canola ainda é uma cultura pouco conhecida, atualmente sua produção ocorre apenas nos estados do Rio Grande do Sul e Paraná. A expectativa de produção para o Brasil na safra de 2020 é 48,6 mil toneladas, sendo o RS responsável por 95% da produção.

Pode-se observar na imagem abaixo estes dados do cultivo da Canola no Mundo.
Infográfico mostrando o cultivo de canola e canola transgênica no mundo, utilizada para produzir o saudável óleo de canola

Canola transgênica

Desde 1996, diferentes variedades de canola transgênica foram desenvolvidas e disponibilizadas aos agricultores. É a quinta planta com mais eventos transgênicos (38) aprovados no mundo, ficando logo atrás do milho, algodão, batata e soja. Entre as características introduzidas na canola estão:

Uma das tecnologias mais recentes, aprovada em 2018 na Austrália, é uma canola tolerante a herbicida e com qualidade de óleo de canola melhorada.

Para que essas características fossem alcançadas, foram introduzidos na planta oito genes. Um deles está relacionado a tolerância ao glufosinato e os outros sete genes são direcionados a produção do ácido docosahexaenóico (DHA) que é um tipo de ômega-3.

Em 2019, as sementes transgênicas dessa cultura foram plantadas em 10,1 milhões de hectares, o que equivale a quase 30% de toda a canola cultivada no mundo. Os países que colhem os benefícios dessa tecnologia são: Canadá, EUA, Austrália e Chile. Além disso, a canola transgênica também está aprovada para consumo em outros onze países. 

Além de entregar tipos de óleos mais saudáveis aos consumidores, as sementes de canola transgênicas beneficiaram os agricultores que tiveram um aumento na renda. De 1996 a 2016 o lucro total pela adoção dessa tecnologia foi de US$ 6 bilhões.

Expectativa por novas tecnologias

A montagem do genoma (que envolve o sequenciamento e identificação de todos os genes) da canola foi anunciada em 2020. Nesse trabalho, foram utilizadas mais de 10 variedades de canola cultivadas nos principais países produtores. Essa abrangência aumenta a qualidade e confiabilidade dos resultados da análise genética da planta. 

Quando um genoma é montado, os pesquisadores conseguem isolar e avaliar genes específicos. 

A análise completa envolveu pesquisadores do Canadá, Europa, Estados Unidos e Israel que fazem parte do Global Institute for Food Security (GIFS). Com os achados desse trabalho, os melhoristas receberam informações que serão úteis no desenvolvimento de cultivares de canola mais produtivas e com óleo ainda de melhor qualidade. A expectativa imediata desses melhoramentos é de que se possa fazer a substituição dos óleos de qualidade inferior em novas variedades de canola. Ou seja, um produto que já é considerado bastante saudável, sendo aprimorado e ficando cada vez mais rico nutricionalmente. 

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Também em 2020, foi autorizado nos Estados Unidos uma planta de canola geneticamente modificada para obter melhor qualidade no óleo. A planta foi editada por CRISPR e não é considerada um transgênico, uma vez que nenhum gene de outra espécie foi introduzida na planta.  A tecnologia deve agregar um valor econômico significativo para a comercialização de sementes oleaginosas especiais com identidade preservada.

No entanto, a planta ainda irá passar por algumas avaliações a campo durante a safra de 2021 e deve ser comercializada apenas nos próximos anos. Nesse mesmo caminho outras plantas de canola, editadas geneticamente, estão em fase de testes laboratoriais. As novas cultivares apresentam vagens mais difíceis de serem quebradas, plantas resistentes a doenças fúngicas e plantas com melhor capacidade de competição com as ervas daninhas.  

Canola e alimentação

A canola é reconhecida como a segunda oleaginosa mais produzida no mundo e responsável por cerca de 12% da produção de óleo vegetal comestível. Esse óleo apresenta qualidade superior quando comparado às demais oleaginosas. Além disso, o óleo de canola pode ser utilizado para produção de alimentos industrializados e em diversas aplicações industriais, incluindo biocombustíveis. 

Outro produto derivado das sementes de canola é a farinha. Em 2019 foram produzidas 39 mil toneladas de farinha a partir de canola, esse produto é destinado à produção de ração para animais.

 

Principais fontes:

ABRASCANOLA. Definição e histórico de Canola. Disponível em: https://abrascanola.com.br/?menu=tecnologias&id=64. Acesso em: 22/12/2020.

Angelotti-Mendonça, J., et al. Canola (Brassica napus L.). Série Produtor Rural – nº 61. Piracicaba: ESALQ, 2016.

CONAB. SÉRIE HISTÓRICA DAS SAFRAS. Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/serie-historica-das-safras. Acesso em: 23/12/2020.

Nrgene. Publication of rapeseed genome assemblies could inform breeding of better-performing, more sustainable varieties. Disponível em: https://www.nrgene.com/press-releases/publication-of-rapeseed-genome-assemblies/. Acesso em: 23/12/2020.

Perumal, S., et al. A high-contiguity Brassica nigra genome localizes active centromeres and defines the ancestral Brassica Genome. Nature plants, 2020.

 USDA. Oilseeds: World markets and trade. Disponível em: https://apps.fas.usda.gov/psdonline/circulars/oilseeds.pdf. Acesso em: 22/12/2020.

 Wu, D., et al. Whole-Genome Resequencing of a Worldwide Collection of Rapeseed Accessions Reveals the Genetic Basis of Ecotype Divergence. Cell Press, 2019.

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