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Agricultura é o motor do desenvolvimento humano e social global

Chamamos de agricultura o processo organizado de cultivo de plantas, seja para a produção de alimentos, fibras, combustível, ornamentação e outros produtos derivados de vegetais. Os produtos agrícolas têm sido o principal elemento da dieta humana por muitos milhares de anos. 

Agri vem do latim ager – “um campo” – e cultura vem do latim cultura, que significa “cultivo” no sentido estrito de “preparo do solo”. Uma leitura literal da palavra produz: “preparo do solo de um campo”.

O termo agricultura também pode se referir ao estudo da prática de cultivo no campo, mais formalmente conhecida como ciência agrícola. A história da agricultura está intimamente ligada à história humana e à formação e ao desenvolvimento da sociedade.

Saiba como a agricultura foi transformadora na formação da sociedade

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A agricultura e a formação da humanidade

Achados arqueológicos indicam que a agricultura vem ocorrendo há 12.000 anos, e se estabelecido nos últimos 7.000 anos, quando áreas maiores começaram a ser cultivadas e comunidades foram se fixando e formando povoados.

Quando as pessoas começaram a cultivar, também iniciaram o pastoreio e a criação de animais selvagens. Essa adaptação de plantas e animais selvagens para o aproveitamento humano é chamada de domesticação.

A primeira planta domesticada foi provavelmente o arroz ou milho. Os agricultores chineses cultivavam arroz já em 7500 a.C. E o milho ancestral já estava sendo cultivado há 9 mil anos no México.

A agricultura foi então sendo aperfeiçoada durante os anos. Por volta de 5.500 a.C., agricultores na Mesopotâmia desenvolveram os primeiros sistemas simples de irrigação. Esses povos canalizaram a água de riachos para seus campos, e puderam se estabelecer em áreas antes consideradas inadequadas para a agricultura.

Na Mesopotâmia e, mais tarde, no Egito e na China, as pessoas se organizaram e passaram a trabalhar juntas para construir e manter melhores sistemas de irrigação.

Até mesmo um tipo de melhoramento genético de plantas já era realizado, feito pelos primeiros agricultores. Por exemplo, por volta de 6.000 a.C., uma nova variedade de trigo surgiu no sul da Ásia e no Egito.

Era mais forte do que os grãos de cereais anteriores; suas cascas eram mais fáceis de remover e podia ser transformado em pão. Conforme os produtores plantavam e utilizavam os grãos, percebiam os que eram melhores e assim os selecionavam para novos plantios.

Saiba como o melhoramento genético de plantas transformou a agricultura global

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Agricultura é entendida como ciência desde os tempos passados

A agricultura foi vista como Ciência pelos líderes da Idade de Ouro Islâmica (que atingiu seu auge por volta dos anos 1000). Como há cerca de 2.000 anos grande parte da população da Terra se tornou dependente da agricultura, os agricultores islâmicos no norte da África e no Oriente Médio precisaram se aperfeiçoar e aprenderam a rotação de culturas.

Rotação de culturas: alternar, de forma ordenada, diferentes espécies vegetais em determinado espaço de tempo, na mesma área e na mesma estação do ano. As espécies escolhidas devem ter, ao mesmo tempo, propósito comercial e de recuperação do solo.

Dessa forma, evita-se também o desenvolvimento de pragas e doenças devido à alternância de espécies de plantas hospedeiras.

Os estudiosos não sabem ao certo por que essa mudança para a agricultura-ciência ocorreu, mas pode ter ocorrido como consequência de mudanças climáticas.

Já nos séculos 15 e 16, os exploradores introduziram novas variedades de plantas e produtos agrícolas na Europa e levavam plantas de seus países de origem para as terras que começavam a ser exploradas. O intercâmbio de plantas nativas das colônias com os países colonizadores fez com que inúmeras espécies vegetais se difundissem por todo o mundo.

Da Ásia, eles transportaram cana-de-açúcar, café, chá e índigo- uma planta usada para fazer corante azul. Das Américas, eles levaram plantas como batata, tomate, milho, feijão, amendoim e tabaco. Alguns deles se tornaram básicos e expandiram a dieta das pessoas.

Desde então, a agricultura tem sido um dos pilares do desenvolvimento humano e transformado radicalmente nossas sociedades e entregue alimentos e outros insumos para uma população   que cresceu de 4 milhões para 7 bilhões desde 10.000 a.C., e ainda está crescendo.

Solo, a fonte de vida da agricultura

Uma vez que os solos mais saudáveis produzem mais alimentos, eles também estiveram associados às regiões de maior desenvolvimento da história. Os antigos egípcios recebiam novos nutrientes em seus campos todos os anos pela enchente do rio Nilo. Isso permitiu que os agricultores usassem os mesmos solos por muito tempo.

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Algumas outras civilizações antigas viviam em solo pobre em nutrientes, ou de baixa retenção de água. Nessas regiões, a queda da saúde do solo, levava à migração das populações para outras regiões em busca de solo fértil. As civilizações mais bem-sucedidas se importavam e se dedicavam com cuidados com o solo para que a produção de alimentos fosse sustentável.

Ou seja, a agricultura é sustentada pelo solo, que deve ser reconhecido como um dos recursos naturais chave da produção agrícola. Por esse motivo, é fundamental que o seu uso seja realizado de forma racional, adotando cada vez mais técnicas modernas de cultivo que promovam a fertilidade do solo, e sua conservação.

Diferentes formas de se produzir

Embora a agricultura não seja uniforme em todo o mundo, é a atividade mais difundida e pode ser classificada com base no tipo de cultura, escala, intensidade do cultivo, nível de mecanização, sistemas integrados de produção, entre outros. A seguir estão três principais tipos de agricultura que são praticados no Brasil: 

Infográfico mostrando características das diferentes formas de produzir na agricultura familiar, orgânica ou moderna

A agricultura moderna se estende muito além da produção tradicional de alimentos para humanos e animais. Além disso, a agricultura moderna visa melhorar o desenvolvimento de plantas cultivadas, reduzindo o uso de recursos naturais.

Em todo o mundo, os desenvolvimentos agrícolas dependem muito de climas, culturas e tecnologias. Ao longo dos anos, os avanços no campo da química, física e botânica levaram à rápida mecanização das atividades agrícolas. Resultando assim, em aumento da produção agrícola e garantia da segurança alimentar. Isso é possível com a ajuda de práticas modernas e precisas na agricultura.

Conheça como a agricultura moderna vem mudando a cara do campo

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São inúmeros os bens de produção agrícola disponíveis para a sociedade, incluindo madeira, fertilizantes, peles de animais, couro, produtos químicos industriais (amido, açúcar, álcoois e resinas), fibras (algodão, lã, cânhamo, seda e linho), combustíveis (metano de biomassa, etanol, biodiesel), flores de corte, plantas ornamentais e de viveiro, peixes tropicais e aves para o comércio de animais de estimação.

O século 20 presenciou grandes mudanças na prática agrícola, particularmente na química agrícola. A química agrícola inclui a aplicação de fertilizantes químicos, inseticidas, herbicidas e fungicidas químicos e biológicos, fertilidade e conservação do solo, análise de produtos agrícolas e necessidades nutricionais de animais de fazenda.

Brasil, o país da agricultura

A importância do agronegócio para o Brasil é inquestionável. O setor responde por um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) do país, sendo que 1 em cada 3 trabalhadores brasileiros está empregado em lavouras, criações, agroindústria e na produção de insumos.

Com isso, o Brasil ocupa uma posição de destaque no mundo como produtor de alimentos, fibras e biocombustíveis. Somos reconhecidos no comércio mundial de café, soja, milho, algodão, carne bovina, carne de frango, carne suína, açúcar, suco de laranja e celulose. Mas, não foi sempre assim.

Nos últimos 40 anos, o Brasil saiu da condição de importador de alimentos para se tornar um grande exportador. Para isso, foi preciso conquistar aumentos significativos na produção e na produtividade agropecuárias.

Para você ter uma ideia, nas últimas três décadas o Brasil teve crescimento de 360% na produção agrícola de grãos, enquanto o uso de suas terras para esse fim cresceu em apenas 56%. Com o desenvolvimento de novas cultivares, uso de defensivos agrícolas modernos e a adoção de muitas tecnologias pelos produtores, a agricultura se transformou e se modernizou.

Por exemplo, em 1980 eram produzidas 52,21 milhões de toneladas de grãos em 40,38 milhões de hectares, já em 2018 a safra atingiu 242,12 milhões de toneladas em apenas 63,22 milhões de hectares. O último levantamento da CONAB aponta que a safra em 2020 será de 252 milhões de toneladas, ficando 4,4% acima da colheita de 2019.

Outros países, como os Estados Unidos e China, seguiram o mesmo caminho do Brasil e hoje são grandes potências agrícolas. Começando pelos Estados Unidos, o país tem como principais culturas, a soja, o milho, frutos secos e o algodão. Somente em 2018, a agricultura dos EUA exportou a soma de U$ 139,5 bilhões. No mesmo ano, a produção de cereais estadunidenses chegou perto de 468 milhões de toneladas.

E nesse mesmo cenário, a China também aparece como um grande produtor agrícola. Em 2019, o valor da produção agrícola na China totalizou cerca de 6,6 trilhões de yuans (cerca de 1 trilhão de dólares). 

A China também está produzindo quase três quartos das toranjas, peras e tangerinas do mundo, além de cultivar 69% da oferta global de pêssegos e nectarinas, 54% de todas as maçãs e 46% de todas as uvas de mesa. A produção de soja da China representa apenas 5% do total mundial, já que os EUA, Brasil e Argentina são produtores muito maiores.

A agricultura está presente em todos os países do mundo. Seja como importadores de produtos, grandes exportadores e países que produzem para seu próprio consumo interno. O desenvolvimento agrícola é uma das ferramentas mais poderosas para erradicar a pobreza extrema, impulsionar a prosperidade compartilhada e alimentar a população mundial.

Segundo o Banco Mundial, o crescimento no setor agrícola é duas a quatro vezes mais eficaz no aumento da renda dos mais pobres, em comparação com outros setores. A agricultura também é crucial para o crescimento econômico: em 2018, ela respondeu por 4% do produto interno bruto (PIB) global e, em alguns países em desenvolvimento, pode representar mais de 25% do PIB.

Agricultura: o motor para acabar com a fome

A agricultura é uma das atividades humanas de maior potencial de alcance dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU). 

Afinal, estamos falando de um setor que se conecta diretamente com alimentos, energia, meio ambiente e muito trabalho humano. Iniciada de forma rudimentar por nossos ancestrais foi passando por diversas transformações até chegar no caminho que estamos trilhando hoje.

Os dados mostram que o efeito positivo causado pela maior produtividade no campo resulta em ganho aos agricultores e estimula o comércio no interior dos países. Estudo do Banco Mundial aponta que, com um aumento de 1% na produção de alimentos, pode-se diminuir a pobreza em 0,48% no Sul da Ásia e em 0,72% na África Subsaariana.

Além do mais, a disponibilidade de alimentos é um fator essencial na promoção de saúde e bem-estar para todos.  Sem dúvida, a maior oferta de alimentos contribuiu de forma expressiva com o aumento de expectativa de vida que observamos nos últimos anos.

A maior oferta de alimentos é fortemente conectada à segurança alimentar e erradicação da fome. Com a adoção de tecnologias no campo, aumentamos a produtividade por área plantada – quesito essencial para uma agricultura sustentável.

Para saber mais sobre o problema da fome e como a segurança alimentar e a agricultura estão interligadas recomendamos:

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Todas essas entregas na produção de alimentos, acontecem sem deixarmos de gerar energia limpa e renovável, que é mais um dos produtos que a agricultura proporciona. A transferência de tecnologias, diversificação de insumos e profissionalização dos agricultores permitem que a produção agrícola alcance níveis cada vez mais altos de profissionalismo e produtividade econômica. E tudo isso se reflete em vários setores da economia.

A agricultura moderna e sustentável que vem sendo adotada nos últimos anos promove a inovação agrícola emprega diferentes ferramentas tecnológicas que incluem fertilizantes, plantas melhoradas geneticamente, moléculas químicas e compostos biológicos para proteção de cultivos, irrigação por gotejamento, adoção do plantio direto e rotação de culturas.

O uso de moléculas cada vez mais seletivas para o tratamento das doenças no campo e controle de pragas propicia redução de impactos no meio ambiente. Além disso, a adoção de plantas transgênicas nas lavouras dos países que adotam a tecnologia reduziu as emissões de gases do efeito estufa numa proporção equivalente à retirada de mais de 40 milhões de carros das ruas no período de 1996 – 2017.

 

Principais fontes:

Lauret R. et al., Sustainable Development in Agriculture and its Antecedents, Barriers and Consequences – An Exploratory Study. Sustainable Production and Consumption, 2021.

Pawlak K. e Kołodziejczak M., The Role of Agriculture in Ensuring Food Security in Developing Countries: Considerations in the Context of the Problem of Sustainable Food Production. Sustainability, 2020.

Qaim M., Role of New Plant Breeding Technologies for Food Security and Sustainable Agricultural Development. Applied Economic Perspectives and Policy, 2020.

Reganold J. P. e Wachter J. M., Organic agriculture in the twenty-first century. Nature Plants, 2016.

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